POV GIZELLY-Oi tio, o que aconteceu? – Abri a porta dando passagem para o meio tio que estava extremamente nervoso.
-Teve uma rebelião no presídio e o Talles é um dos fugitivos. – As palavras do meu tio entraram no meu ouvido me deixando atordoada. – A polícia reagiu.
-Explica melhor, Márcio. – Rafa desceu as escadas parando ao meu lado.
-Meu filho está morto. – Meu tio disse aquelas palavras com lágrimas nos olhos. – Ele não resistiu, Gi. Foi alvejado pela polícia.
Fiquei sem reação, apenas me aproximei e o abracei deixando que ele chorasse em meu ombro. Não posso imaginar a dor que ele deve estar sentindo, perder um filho não era algo que um pai imaginaria, por mais que esse filho fosse o Talles.
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O velório do meu primo foi algo triste de presenciar, só havia meu tio e eu, ninguém mais, ele não tinha amigos, nem mesmo a mãe dele apareceu, não sabíamos por onde andava a ex esposa do meu tio, não sabíamos nem mesmo se ela sabia da morte do filho.
Não sai momento algum do lado dele, dei todo apoio, assim como ele fez quando meus pais se foram. Deixei que ele chorasse em meu ombro, apenas o abracei tentando confortá-lo.
Eu não estava feliz com a morte do meu primo, pelo contrário, era algo triste demais, nunca esperei vê-lo ali. Mas infelizmente o Talles seguiu pelo caminho errado e seu fim chegou e apesar de estar triste eu senti algo parecido com o sentimento de alívio, um sentimento de que agora eu posso respirar.
-Vamos pra casa? – Chamei meu tio assim que o agente funerário colocou a primeira pá de terra sobre o caixão.
-O meu filho se foi, Gi!– Meu tio dizia com a voz embargada. – Nunca mais eu vou poder ver o meu filho.
-Eu sinto muito, tio. – Beijei sua testa e ficamos ali mais uns minutos.
Consegui levar ele pra minha casa, meu tio ainda estava muito abalado e eu não o deixaria sozinho, talvez se ele passasse um tempo com os meus filhos ele se distraísse um pouco.
-Oi amor. – Rafa estava com o Theo no no colo e Sofia cochilava no carrinho, ela se aproximou assim que entramos. – Oi Márcio.
-Oi Rafa. – Meu tio respondeu o cumprimento. – Vou subir pra tomar um banho se vocês não se importarem.
-Fica a vontade tio, se precisar de algo me grita, tá? – O beijei na bochecha e ele subiu.
Soltei um suspiro pesado e Rafa se aproximou mais.
-Devia ter ido com vocês, ele tá arrasado.
-Não era lugar pra você amor, foi melhor você ficar aqui com as crianças. – Respondi retirando meu blazer. – Vou tomar um banho e desço para comer com vocês.
-Amor, como você está? – Rafa segurou minha mão antes que eu subisse as escadas.
-Não sei. – Soltei um longo suspiro e segui para o andar de cima.
Entrei no banheiro, tirei toda minha roupa e entrei na banheira, precisava de um banho longo e relaxante. Eu não sei bem o que estava sentindo, só sei que a vida é algo louco e passa muito rápido.
Flash back on:
-Eu não quero ir. – Cruzei os braços irritada.
-Gi, já conversamos sobre isso. – Minha mãe colocava meus livros na mochila. – Hoje é o seu segundo dia de aula e você já quer faltar?