O Julgamento

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Eu dormi tanto que não vi quando Sasuke saiu da cama. O cansaço físico e mental do dia anterior realmente me derrubou essa noite. O espaço vazio foi a primeira coisa que eu percebi, junto com o pouco de claridade que entrava do outro lado do quarto. Eu me sentei na cama.

– Sasuke? – Eu chamei seu nome enquanto esfregava os olhos, ainda sem saber se ele realmente estava ali.

– Estou aqui. – Ele respondeu.

Eu olhei para a direção de onde sua voz veio, ele estava sentado em sua mesa, lendo alguns papéis. Ele já não estava mais com sua roupa de dormir, usava uma calça preta e uma camiseta social.

– Achei que já tivesse saído. – Eu ajeitei meu cabelo bagunçado com as pontas dos dedos, tentando deixar minha aparência mais agradável.

– Não iria te deixar sozinha. – Seus olhos alternaram entre mim e os papéis. – Estou esperando sua criada aparecer.

Então ele ficou aqui esse tempo todo só para não me deixar sozinha? Não posso negar que isso foi muito gentil da parte dele, apesar de eu achar um pouco exagerado já que estávamos no seu próprio quarto.

– Sasuke, eu não queria atrapalhar seus compromissos... – Mordi levemente meu lábio inferior, me arrependendo logo em seguida, pois ainda estava dolorido. – Pode ir, eu vou ficar bem até Saori chegar. – Eu dei um sorriso, não queria que ele achasse que eu o estava expulsando do seu próprio quarto, mas ele tinha seus próprios deveres para cumprir, certo? E eu não queria ser um estorvo.

Ele olhou novamente nos meus olhos, se levantando logo em seguida. Eu fiquei apenas observando seus movimentos, enquanto ele se aproximava de mim na beira da cama. Com seus dedos, afastou a minha franja e depositou um beijo em minha testa logo em seguida. Eu fiquei sem reações com aquele gesto sutil, só conseguia piscar e olhar fixamente para seu rosto.

– É só para garantir. – Ele respondeu, com um singelo sorriso. Eu mal tinha acordado e Sasuke já estava influenciando meus sentimentos novamente, e seu sorriso era algo muito belo.

Mas garantir o que? Ninguém teria a audácia de vir logo aqui, ele não está sendo protetor demais?

Antes que eu pudesse protestar, alguém bateu na porta do quarto e Sasuke autorizou a entrada. Era Saori.

– Com licença, Alteza. – Ela o reverenciou.

– Saori, acredito que Shizune tenha compartilhado com você sobre o acidente da Sakura, certo? – Ele perguntou.

– Sim, Alteza. Ela me explicou em detalhes, inclusive a parte sobre não comentar com ninguém.

– Ótimo, então cuide dela por mim até eu voltar. – Ele foi até o closet, saindo com um de seus mantos em mãos e o ajeitando em suas costas.

– Certamente, Alteza. – Saori fez outra breve referência, enquanto nós duas assistíamos Sasuke saindo do quarto tão rápido que eu nem consegui dizer uma palavra.

Mas o que foi isso?

– Saori, o que ele quis dizer com isso? – Eu olhei para ela, confusa.

– O príncipe deu ordens para que eu e Shizune nos revezássemos em seus cuidados, ele não quer que a senhorita fique sozinha de jeito nenhum.

– É sério?

– Era isso ou ele iria designar alguém da Guarda Real para ficar na sua porta e te seguir para todo canto.

Fiquei imaginando se isso era realmente necessário. Eu não vou ter nenhum minuto de paz sozinha? Suspirei, se eu fosse reclamar disso com Sasuke, ele certamente iria me convencer com mil e um motivos de que essa é uma ótima ideia. Mas, felizmente, ter Shizune e Saori era bem melhor do que um desconhecido na minha porta vinte e quatro horas por dia.

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