Capítulo 3

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Boa Leitura!

Heitor

13 anos atrás

Tédio, muito tédio é o que sinto. Meus olhos rodeiam dentro do espaço da limosine luxuosa, o assento preto de couro confortável e o espelho que me mostra a visão das pessoas na rua que não conseguem me ver pela capacidade do vidro refletivo, o porta doces e sucos na minha mesinha da frente. Diante dos meus olhos que circulam todo o espaço não faço questão de prestar atenção nos três seguranças sentado no outro lado do banco e também o motorista na frente, todos silenciosos e com a guarda alta, como foram treinados pra fazer. Não os conheço e nem tenho interesse.

O único interesse que tenho é treinar, a primeira vez que fui conhecer o local de treinamento dos soldados senti um sentimento de adrenalina e euforia, o primeiro sentimento tão bom que senti porém papa não permite meu treinamento ainda, diz que sou muito jovem. Fiquei puto mas não pude fazer nada só me contentar em assistir o treino escondido.

Hoje mesmo acabei de sair do treino dos soldados claramente sem que meu papa soubesse, já que não deixa eu assistir devido a minha mama que não me quer dentro ainda nessa vida. Não entendo, como posso entrar se já nasci nessa vida? Reparo por fim nos segurança e motorista que ficam tenso pelo meu olhar, estou conseguindo ir nos treino simplesmente porque os ameacei a me levarem se não eu mandaria matá-los.

Simples e fácil

Os humanos são tão previsíveis. Tão patéticos pela vida e tão sonhadores, sempre se apegando a algo. Papa é um exemplo disso, tão apegado a mama que morreria e mataria sem pensar, tudo por ela. O que o torna patético e tão fraco.
Será que devo matar os humanos patéticos? Não que eu queira matar meu papa e mama, eles me fazem sentir bem, um pouco porém bem. Mas eu mataria outro humanos como esses soldados tão patéticos pela vida, sempre se agarrando por algo mesmo sendo humilhados e até desesperados.

Não sei porque ainda vivo, não sinto nenhum gosto de querer viver.

É tão...tão...vazio.

Perante meus pensamentos e o motorista parando devido o trânsito, miro a paisagem da janela e reparo em uma cena, uma pequena criatura de cabelos de fogo, tão miúda e sozinha em um parque vasto de gramas e flores. Seria uma fada? Franzo o cenho e curioso abro a porta do carro, os seguranças tentam me impedir mas com um único olhar meu é possível para-los.

Caminho até a pequena criatura de costas e quando mais faço isso mais tenho certeza que não é uma miragem ou coisa de minha cabeça. Meus passos contínuos e visão apenas naquele ser, eu não enchergava mais nada e muito menos conseguia me parar de andar.

Tudo foi tão rápido como um raio, paro instantaneamente perto dela assim que ouço um choro, seu choro acompanhado de seus movimentos ao se virar, ao se virar para mim. Aprecio tudo, todos os detalhes, seu rostinho bochechudo avermelhado pelas lágrimas grossas caindo. Não pude raciocinar, muito menos acreditar no que via. Como eu disse, foi como um raio tão rápido que atravessou minha alma e então tudo fez sentido, finalmente entendi porque eu existia, o vazio e o pouco sentimento que eu tinha, tudo isso...era pra encontrá-la? Foi quando lembrei das palavras de meu papa.

- Meu filho, um dia você vai encontrar uma pessoa que vai despertar algo em você. Um sentimento tão forte que não adianta escapar. Você vai querer essas pessoa e vai gritar para tê-la por perto. Como eu e sua mama.

Na época eu não entendi e pensava "o que esse velho está falando?" contudo percebi agora, eu finalmente percebi. Sinto algo tão forte quanto o sentimento de eufórica durante o treino, não! É muito mais forte e voraz. Dou um sorriso para ela que fica confusa.

Os olhinhos verdes como esmeraldas e atraídos pelas flores, me afundei nessa imensidão esverdeados. Senti-me sugado, feliz e satisfeito, ela é como uma pequena fada. Minha pequena fada. Analisando sua beleza ansiei por um momento sua voz, como seria? E seu sorriso, como é? Como seria ser amado por ela? Ah, eu a quero.
Uma emoção selvagem e avassaladora me dominou, um desejo de protegê-la e quebra-la para que apenas saiba ficar ao meu lado, pra sempre.

- Olá - digo e a mesma abaixa a cabeça, deixando cair uma última lágrima na grama. - Qual é seu nome? - pergunto me agachando de frente a ela mas a mesma se afasta assustada. Fecho a cara, não gostei disso. Quero ela junta a mim. Nunca ansiei tanto por algo como agora.

- Safira - disse tão doce. Sua voz suave e doce, gostosa de se ouvir, mas como foi tão baixo poderia ser coisas da minha cabeça.

- Safira? - pergunto confirmando e ela assente devagar. - Um nome diferente para uma garota de olhos verdes - comento e me olha, não estava preparado para o que ela acabou de dizer.

- Safiras também são verdes, é uma das mais raras. - dito isso seus olhos brilharam e não foi pelas lágrimas. Sua voz doce foi confirmada junto com os batimentos acelerados do meu coração, senti meu corpo tremer e meu rosto esquentar.

Ah, eu realmente quero ela.

- É verdade, existe mesmo safiras verdes. Prazer em te conhecer Safira, meu nome é Heitor. Por que está chorando? - pergunto e ela fica quieta, me deixando bravo. Não gosto quando não me respondem.

- Mamãe disse pra não falar com estranhos - fala baixinho.

- Mas não somos mais estranhos. Você sabe meu nome e eu o seu - explico e ela me olha, pensando no que eu disse.

- Não consigo fazer uma coroa - decide falar e eu gostei de sua escolha. Direciono meu olhar no seu triste que se move pousando no que parece ser uma tiara de flores.

- Estava tentando fazer uma tiara de flores? - pergunto e ela me olhava brava.

- Não é tiara, é coroa - suas bochechas ficam vermelhas ao quase gritar tentando me corrigir. A poucos minutos ela falava tão baixinho e agora quase gritou, eu adorei isso, explorar suas expressões viraria um novo hobby.

- Sabe, Safira - digo me sentando perto dela que em nenhum momento tira os olhos de meus movimentos - Quer ser minha? - pergunto sem rodeios.

- Sua? Amigos? - pergunta confusa.

- Tire suas próprias conclusões. - digo e ela franze o cenho, fazendo biquinho que me deu vontade de morder.

- Heitor bonzinho?

- Sim, sou bonzinho. - "se você se comportar" finalizei na minha mente.

- Tá bom, Heitor bonzinho, Safira quer. - sorriu pra mim e se levantou me abraçando.

Sem reação acabo por deixar sair um suspiro surpreso. Seu corpo pequeno em pé fica na minha altura sentado no gramado, e seus braços gordinhos envolta do meu pescoço. Involuntariamente afundei minha cabeça em seu pescoço sentindo o seu cheirinho de amora mistura com de bebê, gostei demais da sensação do calor de seu corpo colado ao meu. Nunca gostei muito de abraços mas o seu eu estimei e prezei por mais, ter Safira com a sua própria vontade de me abraçar e seu corpo quentinho e cheiroso perto de mim gerou um sentimento adormecido que ativou e o vazio por fim foi preenchido. Meu olhos ganharam um brilho, um brilho que eu sabia que seria sua perdição.

Mas eu não deixaria ela escapar, Safira é minha!

OBEDEÇA-ME, SAFIRA! - Romance DarkOnde histórias criam vida. Descubra agora