Capítulo 39

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Boa Leitura

Safira

Ao abrir os olhos percebo que estou em um ambiente escuro em que a única luz é onde estou. Não tem nada aqui, é apenas uma vasta sala escura e sombria. Tento fechar os olhos para que eu acorde, é um sonho, sei que é um sonho mas porque não consigo acordar? Meu coração começa a bater freneticamente quando ouço passos atrás de mim.

- Você me matou, me matou. - a voz masculina que conheço ecoa e me atinge como uma faca. Meus olhos verdes vazios brilham pelas lágrimas de pavor.

Tento me virar, mas meu corpo está paralisado, completamente congelado. Me obrigo a acordar e repetidamente tento gritar, me mexer e fecho os olhos. Em sincronia com a respiração ofegante e os passos lentos e altos. Estou desesperada pra acordar e devido a luz interminável era tarde demais para perceber a figura na minha frente. O soldado morto. O homem que matei.

- Você me matou. - ele repetia essas palavras enquanto permanecia de cabeça baixa. Lágrimas caem do meu rosto.

Repetidamente o vasto escuro se tornou uma sala branca, fecho os olhos devido a ardência. É muita luz. Abro lentamente quando me acostumei. Mas foi um erro, deveria ter ficado de olhos fechados. A cena em minha frente fez com que a minha pupila ficasse completamente dilatada, o desespero é tanto que eu não conseguia gritar, a voz presa no fundo da garganta.

Sangue, sangue e mais sangue espalhado e vazando pelo corpo do soldado morto. Ele me encara com aquela casca negra vazia que são seus olhos enquanto voltava a repetir aquelas palavras: ”Você me matou, você me matou, você me matou”.

- Sinto muito, sinto muito - repetia freneticamente enquanto me desmanchava em lágrimas. - Por favor, me perdoe.

Como se fosse mágica, meu corpo subitamente é solto e eu caí com tudo no chão ao sentir minhas pernas falhem. Tento buscar ar enquanto as lágrimas me afogam. Arranho o chão suportando a poça de líquido vermelho carmesim sujar as minhas mãos e joelhos. Tento me recuperar para fugir desse pesadelo, todavia, o que custava acordar já era tarde demais ao me ver paralisada com a cena horripilante em minha frente.

Meu pesadelo em pessoa.

- H-H-Heitor - gaguejo em puro medo.

- Olá, meu amor. - ouço sua voz melodiosa que está ao lado do soldado morto.

Ofego quando ele empurra com uma mão o homem que desaparece como pó, deixando pra trás apenas o seu sangue, uma piscina de puro sangue. Heitor se aproxima de mim como um vulto e é tarde demais para tentar escapar. Meus olhos não acompanharam sua aproximação como fumaça. Heitor ficou atrás de mim, me abraçando com toda a possessividade e eu nem ao menos consegui reagir a tempo.

- Ah, que saudade - sua voz profundamente intensa e maldosa em meu ouvido.

Meu corpo reage a suas palavras e me afasto brutalmente sem antes direcionar com meu punho um soco nele, ou foi isso que pensei ter feito quando seu corpo novamente virou fumaça e desaparece no ar. Olho desesperadamente para os lados e até cogito me bater para acordar desse pesadelo assustador.

- Por que faz isso? - ouço sua voz de longe, corro meu olhar para a direção de onde vem. E novamente, totalmente intenso, arrogante e poderoso com seu terno preto e sorriso.

A pequena poça de sangue no chão começou a se estender, e tudo, absolutamente tudo se tornou um mar. E o pior é que não o afeta, ele anda sob o mar vermelho carmesim como se fosse o próprio chão. Sua postura superior e fria forneceu um calafrio na minha espinha. Tento me levantar para correr mesmo com as pernas tremendo, todavia, dentro do mar de sangue uma corrente é forma e direcionada em meu pé, amarrada como corda. Por sua vez, só agora que consigo sentir o contato gelado do ferro.

OBEDEÇA-ME, SAFIRA! - Romance DarkOnde histórias criam vida. Descubra agora