Capítulo 40

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Boa Leitura

Safira

2 anos depois.

- Fique reta, Lilica. Aponte para aquela lata, já te disse isso. - o sermão de Aila seguido daquela régua gelada em contado da minha cintura.

Suspiro fechando momentaneamente os olhos, abro depois de decidir que é agora ou nada, e com fervor miro para a lata a metros de distância e atiro. O tiro dessa vez é certeiro, solto um sorriso surpresa por ter acertado depois de diversos erros. Quase grito, mas Aila não gosta de comemoração sem muito sentido.

- Parabéns, está avançando - me parabeniza e quase pulo de alegria. - Vamos fazer uma pequena pausa. - comenta e voltamos para casa.

Já se passaram dois anos desde que tudo aconteceu. Lucas sumiu no dia seguinte naquele dia, a asiática diz que não sabe onde foi, mas eu sei que não quer contar. As palavras daquele dia não viraram pensamentos ou sentimentos para remoer, tudo que foi dito decidi esquecer. Esquecer do meu pai e Heitor, viver minha vida e focando apenas na criação do meu filho junto com minha família.

Nosso modo de vida é resumido em nos mudarmos no máximo de 3 em 3 meses para algum país ou estado, se percebermos que anda algo estranho, fugimos antes. Vivemos apenas no básico, já sei fazer tudo em casa e me virar sozinha. Aila está nos ensinando a atirar com arma de fogo faz alguns meses e defesa pessoal também, fora os ensinamentos de sobrevivência e como identificar se alguém está nos perseguindo. É uma professora rígida mas muito boa, sempre percebe meus erros e rapidamente aprendo. Disse que é essencial saber o básico em uma luta caso não consiga proteger a gente.

Aprendi também a falar português com Margarida, é uma excelente professora. Sempre fala comigo em português para praticarmos a língua e não esquecer. É uma professora incrível também. E como sempre mudamos de países e estados, quero aprender outras línguas. Por isso que, se não estou arrumando a casa, cuidando das crianças e aprendendo a atirar, estou estudando bastante. E é super legal aprender novas línguas e por mais que eu saiba que não poderei praticar, já que se inscrever em cursos ou manter contato com alguém online é arriscado demais e também uma das regras que concordamos em obedecer, portanto fico contente em aprender teoricamente.

- Bom dia, meninas - ouço a voz doce de Margarida toda alegre e a vejo tirar o chapéu da cabeça assim que adentra a casa e vem correndo até mim com uma sacola e já imagino o que seja.

- Roupinhas de novo? - pergunto colocando meu chá no microondas pra esquentar. Ela para e fico com uma carrinha de criança danada.

- Não resisti amiga. - comenta tirando da sacola um vestidinho rosa lindo, cheio de rendas brancas e um conjunto de calça e uma camiseta branca. Sorrindo achando a cara de Margarida comprar isso.

- São lindos, Rose. Mas tem que parar de comprar roupas assim, sabe que não dura, já que, as crianças estão crescendo rápido e não é bom desperdiçar dinheiro. - explico e Margarida faz beicinho.

Uma das coisas que mudaram também foi a maneira como conversamos o nome uma das outras. Posso pensar no nome de Margarida, mas se eu falar tem que ser o nome falso. Praticamos bastante e nos acostumamos com o tempo, e posso até dizer que seria estranho ouvir elas falarem meu nome verdadeiro.

Miro a morena ir até o quarto atrás das crianças para experimentar as roupas novas e admiro sua beleza, cada dia mais linda do que antes. Aquela mulher decaída não existe mais, e isso se aplica a mim também. O cabelo de Margarida está super grande e aqueles cachos encaracolados lindos e brilhosos, seus olhos de jabuticaba estão brilhando também. Estamos superando juntas e nos tornando mais fortes.

OBEDEÇA-ME, SAFIRA! - Romance DarkOnde histórias criam vida. Descubra agora