Capítulo 30

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Boa Leitura

Safira

Horas depois

Acordo sentindo a maciez dos lençóis, a cama é um pouco dura mas nada desconfortável. Pisco algumas vezes e limpo a saliva que estava saindo da boca. Eu dormi tão bem. Me sento na cama e estico os braços, tirando a preguiça. Olho em volta do pequeno espaço e percebo que estou em uma cama de casal. Levanto da cama estranhando o lugar, a última lembrança que tenho eu estava no carro depois de cair no sono em uma longa viagem.

Alguém me carregou até aqui.

Ao sair do quarto fico de frente com a porta do banheiro aberta, olho para a direita vendo uma outra porta que é de um outro quarto, mas a cama é de solteiro. Viro a cabeça para a esquerda, vendo um corredor que vai dar direto pra uma sala. Caminho em direção a sala e quando chego me deparo com Margarida no sofá assistindo TV e segurando uma caneca com algumas coisas dentro. Ela veste uma calça de moletom, blusa de frio larga. Os cabelos está amarrado em um coque frouxo, e usava uma manta nas costas. Assim que me aproximo, ela me olha e sorri.

- Safira! - sua voz é doce como sempre, seus olhos de jabuticaba estavam mais brilhantes - Venha aqui. - ela oferece a palma da mão no ar e sem pensar, pego em sua mão e sento do seu lado. - Quer? É chá de camomila, estava precisando desde que chegamos aqui - comenta.

- Onde estamos? - pergunto negando sua oferta e observo a pequena janela da sala  sabendo que não estamos mais na Itália. É um lugar frio.

- Momentaneamente estamos na Escócia, em uma casa alugada. Não é nada permanente, vamos ficar aqui até acharmos outro lugar - comenta bebendo o chá olhando diretamente pra TV. Em seguida me encara sorrindo. - Conseguimos fugir desses doidos, não está feliz? - pergunta.

- Estou, claro que estou - solto um sorriso forçado, me sinto aliviada mas não sinto exatamente felicidade. É difícil sentir isso sendo que não se sabe o que fazer.

- Está mentindo - ouço suas palavras e a encaro de volta, seu olhar é sério. - Já te falaram que você é bem expressiva? - pergunta e recordo das palavras de Heitor. Sempre dizia isso pra mim. Não respondi e ela suspirou.

- Aila te trouxe, você adormeceu no carro. Ela te levou até o helicóptero, um amigo dela trouxe a gente até aqui. Você não acordava de jeito nenhum, mesmo com o barulho. Deve estar cansada. - Margarida coloca sua mão encima da minha.

- Não estava pesada pra conseguir ser levada por ela? - pergunto.

- Na verdade você é bem leve, acho até incrível ser leve dessa forma quando se está grávida - ouço a voz de Aila adentrando na casa. Quase tomei um susto, mas fico quieta. Admiro a asiática que vai até a cozinha que percebo ser conectada com a sala, apenas uma bancada separa os cômodos. Ela veste uma calça jeans folgada e uma blusa polo branca, e carrega uma sacola de papel nos braços. - Trouxe comida - comenta retirando duas vasilhas de plásticos de dentro.

- O que trouxe? - Margarida pergunta se levantando e indo até ela. Vejo como elas conversam tão naturalmente e em paz.

Qual o meu problema?
Porque não posso ser assim também?

- Safira? - miro a jovem latina que me encara curiosa e preocupada. - Tudo bem? - assinto com um sorriso. - Vem comer, sei que está com fome.

Me levanto indo para a cozinha e vendo a marmita, macarronada de almôndegas. Noto quando Margarida estende um prato em minha visão e pego de sua mão, agradecendo. Monto meu prato e vou pra sala junto com elas que já estavam comendo. Observo o prato à minha frente e tento ignorar o cheiro que me traz ânsia. Coloco a primeira colher na boca para então derrubar o prato no chão que se estilhaça em vários pedaços, saiu correndo em direção ao banheiro e quase não consegui chegar ao vaso a tempo. Despejei tudo que quase não tinha.

OBEDEÇA-ME, SAFIRA! - Romance DarkOnde histórias criam vida. Descubra agora