Stupid Sorry 🎶

thirty nine

O silêncio no carro era desconfortável, no entanto era bem-vindo. Depois de ter ouvido tanto de seu pai nos últimos dois dias era melhor que nunca mais escutasse a sua voz, mas Younghoon sabia que não era uma pessoa tão afortunada quanto gostaria e quando seu pai estacionou em frente a escola, desceu do carro devagar, mordendo os lábios com força pra não reclamar da dor e demonstrar fraqueza na frente de seu pai.

Depois de ir ao hospital, por insistência de sua mãe, descobriu que seu dedo estava deslocado e usava uma pequena tala para imobilizá-lo, por sorte nenhuma de suas costelas tinham quebrado e todos os ossos estavam no lugar, o tom arroxeado que tinha ficado no hematoma de seu olho estava mudando gradativamente para um esverdeado e o médico tinha dito que isso era um bom sinal. Quando questionado o que tinha acontecido, ele apenas disse que tinha caído da escada e saiu de lá com uma receita médica extensa para as dores e um olhar de solidariedade da moça da recepção. Ele estava mesmo digno de pena.

Sua mãe estava bem, apesar do susto, a bebê estava intacta e Hyunjin com uma saúde de ferro, exceto que não queria levantar da cama e nem comer desde o ocorrido, mas isso parecia ser referente ao seu emocional abalado e não a gravidez em si.

Pensando em sua mãe (e na angústia que sentia toda vez que pensava em conversar com ela) seguiu seu pai escola adentro sem dizer uma palavra.

- Senhor Kim, eu não estou conseguindo entender o que...

- Preciso desenhar pra você, então? Como pode ser tão incompetente e ainda assim ser nomeada diretora de uma escola desse porte. – seu pai interrompeu antes que a diretora Fang pudesse completar sua linha de raciocínio e continuou – Meu filho tem se envolvido com garotos e é culpa da escola e do corpo docente.

- O senhor foi bem enfático quanto a isso. O que não compreendo é o que a escola tem haver com isso. – a diretora Fang explicou pacientemente juntando as mãos em cima da mesa que os separavam.

Younghoon sentiu suas bochechas corarem. Já estivera ali por inúmeros motivos, mas nunca por algo tão ridículo. Ele estava sendo arrancado do armário na frente de sua diretora. Quanta humilhação!

- Oras, por aceitarem esse tipo de pessoa em sua instituição escolar.

- Bom, claramente se não aceitássemos “esse tipo de pessoa” seu filho não estudaria aqui, não é mesmo, senhor Kim? – a diretora Fang falou fazendo aspas com as mãos, claramente incomodada com Youngnam, mas tentava manter a cordialidade da conversa.

Younghoon mordeu o lábio com força pra evitar soltar uma gargalhada na cara de seu pai.

- Pelo visto terei que tirá-lo dessa escola, desde que os próprios mentores compactuam com esses comportamentos inadequados. – seu pai bufou com desdém e encarou Younghoon com desgosto.

- A escola não se envolve na orientação sexual de nenhum aluno, senhor. Não interferimos, pois não altera em nada nos resultados que buscamos e nada temos haver com isso, é algo pessoal, que não nos diz respeito e creio que a sexualidade do seu filho não diz respeito a você também. – ela falou, arqueando uma sobrancelha sugestivamente e Younghoon quis abraça-la naquele momento.

- Isso é um absurdo! – seu pai exclamou se levantando abruptamente, empurrou sua cadeira para trás com força, esta que girou e bateu num armário que estava do outro da parede.

Younghoon sentiu o medo queimar suas entranhas, todas as recordações da noite de sábado penetrando como veneno em suas memórias. Encolheu-se institivamente em sua cadeira e sentiu o olhar da diretora Fang em cima dele, analisando minuciosamente sua expressão corporal e os hematomas visíveis pelo seu rosto e corpo.

- No entanto, senhor Kim, é do nosso interesse manter nossos alunos seguros e longe de lares abusivos. – ela perguntou se levantando devagar e apoiando as mãos sobre sua mesa, se inclinando levemente para a frente – Onde Younghoon conseguiu esses ferimentos?