twenty four

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As férias de verão era de longe a época preferida do pequeno Lee Juyeon. Sua mãe sempre o levava para a praia e ambos viam o sol nascer, logo depois de onde as ondas quebravam, montados em sua longa prancha cor de rosa.

Filho, mamãe sempre quis ser pirata, sabia? Um dia vou desbravar esses mares e ser repleta de histórias pra contar. — ela falava em tom sonhador com um sorriso sempre estampado em seu rosto.

E você vai me levar junto, mamãe? — o Juyeon de cinco anos perguntava, sendo contagiado pelo brilho que iluminava os olhos de sua mãe.

E então ela o olhava, como se ele fosse a coisa mais preciosa desse mundo e dizia tudo aquilo que ele mais queria ouvir — Eu jamais te deixaria, pequena criança.

Esses eram os momentos mais felizes na vida de Juyeon, que ainda nada entendia da vida e nem o que lhe esperava. Ele não compreendia o que os roxos nos braços de sua mãe significavam, ou as olheiras embaixo de seus olhos, afinal, ela sempre usava os mesmos discursos para seu pequeno filho — Você sabe como a mamãe é desastrada, não? Você não precisa se preocupar comigo, meu afeto, a mamãe sabe se cuidar.

Juyeon consegue lembrar, como se fosse hoje, o dia em que tudo mudou.

Primeiro dia de aula após as férias de verão e como de costume, o choffer da família o pegou na porta da escola e o deixou em casa, mas algo estava diferente. Sua mãe não o esperava a porta. Ele correu, pensando que ia encontrá-la, fazendo um de seus cookies preferidos, na cozinha. No entanto, tudo o que encontrou foi uma sala de estar destruída e seu pai sentado no sofá no meio de toda a bagunça.

Eu sabia, desde o dia que você nasceu, que você era uma maldição em nossas vidas. — seu pai foi em sua direção e falou com severidade, apertando os seus dois braços com força — Mas ela não ia abortar, é claro. Ela sempre foi a favor da vida, mesmo que isso significasse acabar com as nossas.

Juyeon conseguiu se soltar do aperto de seu pai e correu para o quarto de sua mãe, mas não a encontrou. Não era a primeira vez que ouvia aquelas coisas absurdas dele, mas sua mãe sempre o reconfortou e lhe deu colo.

Ela foi embora. Finalmente cansou da vida medíocre que levava e fugiu. — seu pai falou da porta do quarto e saiu.

Quando o pequeno Lee correu escada abaixo atrás de seu pai e de mais explicações sobre o que estava acontecendo, este já havia saído em seu carro e o deixado sozinho com a babá que cuidava dele na ausência de seus pais.

Juyeon, voltei aqui. — ele só notou que corria quando ouviu a jovem Jung gritar.

Era muito pra se ouvir. Ele era apenas uma criança. Sua mãe prometera que jamais o deixaria e o deixara. Ele corria, e corria e mesmo que tentasse com todas as forças, não conseguia deixar todos os pensamentos ruins, que o perseguiam, para trás. Sua vista embaçava a cada lágrima que insistia em sair de seus olhos, e mesmo que secasse com o dorso de seu braço, elas continuavam a fluir com insistência.

Não sabe por quanto tempo correra e nem se pararia se não tivesse se chocado com brutalidade em um desses adolescentes skatistas que andavam pela praça.

Caralho, moleque, de onde tu surgiu? — o garoto que era mais alto do que ele, correu em seu socorro — Tá tudo bem contigo? Se machucou? Porra, que tanto de lágrima é essa? Quer ir ao hospital? Seus joelhos estão sangrando.

— O seu braço também. — Juyeon apontou para o cotovelo ralado do mais velho.

Você tá bem? — ele o ignorou e se ajoelhou a sua frente pra examinar melhor os seus joelhos.

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