sixty two

135 25 43
                                    

Era injusto o dia estar tão bonito em plena segunda-feira em meados de novembro. O céu estava em seu tom mais intenso de azul claro, nuvens fofinhas eventualmente tapando o sol e o vento fresco batia nos rostos dos jovens sentados a uma mesa no lado de fora do refeitório da escola. Era injusto pensar que os professores continuavam passando trabalhos e eles continuavam frequentando as aulas como se a vida de um de seus melhores amigos simplesmente não tivesse parado.

O mundo não deveria ter parado também?
É início da manhã e o começo de um longo dia pela frente e, mesmo juntos, os dez meninos sentados em volta da mesa, sendo banhados pelo sol, ainda se encontravam em um silêncio fúnebre e pesado, cheio de coisas não ditas, embaçadas pela dor e preocupação que os preenchiam.

O som do sinal tocou ao longe, dentro do prédio, anunciado o início das aulas. Younghoon se sobressaltou, saindo de seu transe e riu alto quando Haknyeon deu um gritinho fino ao se assustar também. Os outros se entreolharam e riram juntos.

- É isso aí, vamos lá. – Haknyeon murmurou, após alguns segundos de silêncio após as risadas, mas não se moveu de seu lugar.

- Vaso ruim não quebra. – Hyunjae sussurrou, sua voz saindo rouca, como se não fosse usada fazia um tempo. Pigarreando, ele continuou – No fundo a gente sabe que ele não é ruim, mas... ele não morreria, certo?

Seus olhos, até então fixos na mesa a sua frente, levantaram-se na direção de Younghoon que conseguiu sentir sua dor refletida ali e o nó preso em sua garganta se apertou ao tomar consciência de que era uma dor compartilhada.

- Pessoas tão jovens não morrem tão cedo. É... é errado. – Hyunjoon respondeu, convicto, mas com uma pontada de desespero evidente em seu tom de voz.

- Claro que é. – Chanhee lhe assegurou – Ju vai ficar bem. Ele ainda tem um monte de coisa pra viver, um monte de corações pra partir, ele ainda tem um monte de decisão errada pra tomar. É o Juyeon. Ninguém com um espírito tão livre teria uma vida tão curta.

Younghoon sentiu o nó se torcer em sua garganta e em seu estômago. Pessoas com espíritos tão livres podiam sim ter vidas curtas.

Taemin tivera...

Mas ele não queria pensar nisso. Não conseguia suportar a dor que lhe causava esses pensamentos.

- A... a velocidade já tirou algo precioso dele, ela não faria isso de novo... ela não tiraria a sua vida. – falou com a voz entrecortada.

- Quando ele sair dessa, e eu sei que ele vai sair bem mais forte, eu vou dizer pra ele que vocês todos choraram por ele e ele vai tirar onda com a cara de vocês pelo resto de suas vidas. – Sunwoo ameaçou, um sorriso pequeno brincando em seu rosto, amenizando o clima pesado e doloroso que se instalava.

- Já consigo imaginar ele fazendo as merdas dele e dizendo. – e mudando a entonação de sua voz, Changmin continuou, numa imitação vergonhosa de Lee Juyeon – Lembre-se que eu quase morri e você chorou até ficar desidratado, pois sabia que não suportaria viver sem toda a minha beleza, alegria e gostosura pairando sobre a sua vidinha triste, então me valorize, ok?

- Que ele é gostoso e todas essas outras coisas, eu não sei, mas que ele é inestimável quando se trata de fazer merda, todos temos que concordar. – Hyunjae apontou na direção de Changmin, rindo.

- Tipo a vez que ele usou uma identidade falsa pra ir em um bar gay e levou um homem e uma mulher pra um motel e eles foram presos porque os dois eram estelionatários e depois que a polícia descobriu que a identidade do Juyeon era falsa ele foi processado por falsidade ideológica, passou uns meses fazendo trabalho voluntario como gari e os estelionatários foram presos por estelionato e por assédio a um menor de idade? – Younghoon questionou, fazendo os meninos rirem.

Stupid Sorry 🎶Onde histórias criam vida. Descubra agora