sixty three

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Um ronco alto ecoou pelo quarto.

- Esses roncos dela são capazes de acordar defunto. – uma voz masculina e conhecida disse em voz alta.

- Ela está cansada, Hyunjae, e tenha mais respeito pela minha mãe. – essa voz ele reconheceria nem que todas as memórias lhe tivessem sido arrancadas.

Eric.

- Isso, Eric, defenda nosso tratorzinho. – outra voz disse, sendo seguida por um baque surdo e um sonoro “Outch”.

Um gemido pôde ser ouvido no quarto e foi só quando Hyunjae falou novamente que Juyeon percebeu que o som havia saído de seus próprios lábios.

- Ele tá recuperando a consciência.

- Isso já aconteceu várias vezes. – Eric rebateu.

E ele estava certo. Os remédios que estavam sendo inseridos direto na veia de Juyeon não o permitia ficar acordado por mais do que alguns milésimos de segundos, sendo o suficiente para murmurar palavras indecifráveis e então perder a consciência logo em seguida, o fazendo se perder em um sono profundo e sem sonhos.

Mas não desta vez.

- Eric. – grunhiu, tentando mexer os dedos das mãos, mas sem sucesso.

Nem sequer tinha conseguido abrir os próprios olhos ainda, mas queria ouvi-lo de novo, desejava vê-lo... precisa senti-lo.

- Ei, baby, to aqui. – uma voz suave sussurrou, dessa vez mais próxima. E finalmente ele pôde sentir uma mão quente e macia envolvendo a sua.

Ah, Eric. – pensou, sentindo um sorriso repuxar seus lábios, no entanto seus olhos permaneciam fechados. 

- Senti sua falta. – Juyeon conseguiu balbuciar, com um fio de voz saindo por entre seus lábios, mas sua garganta estava seca e uma sequência de tosses se seguiu a sua fala.

- Água. – Eric falou sem soltar suas mãos e logo um canudo estava pressionando seus lábios.

Juyeon bebeu, sedento, mas não muito rápido, pois sentia seu peito doer. Na realidade, tudo doía.

- Tá melhor, seu babaca suicida do caralho? – esse tinha que ser Younghoon.

Juyeon riu fraco, suas costelas sendo pressionadas dolorosamente, o fazendo terminar a risada com um gemido.

- Ei, eu também senti sua falta. – Eric sussurrou próximo ao seu ouvido.

Sua cabeça doía, por todos os lados e ao mesmo tempo em lugar nenhum, e foi com um esforço tremendo que enfim ele conseguiu abrir os olhos e, piscando algumas vezes, conseguiu acostumar a vista com a luminosidade do quarto em que estava.

Ele estava claramente em um hospital, o bipe das máquinas que estavam ligadas ao seu lado relatando seus batimentos cardíacos, a cama confortável e reclinável entregava isso. O quarto era grande e todo pintado em branco, com um sofá cinza encostado na parede em que sua cama estava, uma porta dava para a saída na parede a esquerda e a sua direita uma janela ocupava todo o espaço da parede lhe dando uma vista privilegiada da cidade que se encontrava alguns andares abaixo. Outra porta a frente do sofá devia dar acesso ao banheiro, uma televisão gigante estava pendurada na parede a sua frente e transmitia um episódio aleatório de Friends com o volume quase inaudível. Um quarto de hospital comum, mas claramente particular e de luxo.

Então, por fim, encarou o rosto dele, seus cabelos loiros e olhos castanhos, seus cílios grandes, sua boca rosada e suas bochechas salientes.

Eric. – o nome era como um cobertor quentinho nos dias mais frios do inverno.

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⏰ Última atualização: Sep 09, 2023 ⏰

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