05_ Rosquinhas.

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~ Desde quando foi embora
Do meu pensamento você nunca saiu
Não superei, mas tive que aceitar... ~

A música soava pelos meus fones enquanto eu apenas encarava o quadro na minha frente tentando capturar a essência dele novamente. Agora eu me encontrava no meu refugo, ou melhor, no sótão da minha casa onde eu passava a maior parte do tempo.

Fazia pouco tempo que eu tinha almoçado, e mesmo que eu tivesse um livro importante pra ler eu estava agora no sótão tentando pintar novamente.

Meu pai, obviamente, tentou de todas as formas tentar dialogar comigo sobre a minha ideia. No entanto, o sono dele foi tanto que ele deixou a conversa para depois e voltou a dormir.

Os meus pais sempre me apoiavam nas coisas que eu desejava fazer, porém, o meu pai era o mais pé atrás com tudo e sempre tentava me convencer de não fazer as coisas sem pensar direito.

Eu o entendia, meu pai agia na razão e sempre pensava milhões de vezes antes de fazer qualquer coisa ou tomar qualquer decisão.

Coloquei minha mão em meu queixo observando o quadro na minha frente. Ele, definitivamente, parecia não ter sentindo nenhum e eu tinha que voltar a ter a mesma inspiração que eu estava pela manhã.

ㅡ Será que eu vejo alguns quadros famosos? Mona Lisa? Noite estrelada? ㅡ Perguntei para mim mesma, no entanto, a resposta foi apenas a voz da Sophia Abrahão cantando.

Desliguei a música, tirei meus fones e desbloqueei meu celular percebendo que havia chegado mensagem do grupo que o bonde tinha feito a poucos minutos.

Rebeca- De quem foi a ideia?

Priscila- Minha! Não acha uma ideia legal?

Rebeca- Não, odeio socializar por grupos. Vou bloquear.

Lucca- Para com isso, Beca! Sabemos que você nos ama.

Thiago- Concordo com o Lucca.

Rebeca- Eca. No máximo, aturo.

Maya- Adoro um amor peculiar entre amigos.

Mandei a mensagem e abri um sorriso ao ver que segundos depois já estavam respondendo.

Rebeca- Amor? Eca! Amor é pros fracos.

Priscila- Uuuu. Adoro!

Thiago- Gente, a Rebeca tá em negação. Deixa ela.

Lucca- Quem?

Rebeca- Thiago, cala os dedos antes que eu enfie esse celular na tua guela.

Maya- Cala os dedos?

Thiago- Você tá a metros longe da minha casa.

Rebeca- Quem disse? Eu moro atrás da sua casa.

Thiago- Aqui só tem mato.

Acabei rindo da mensagem deles de intriga, desligando a mensagem e voltando a olhar para o quadro. Só que de uma forma diferente, algo havia brotado dentro de mim e me fez olha-lo com outros olhos.

Abri um sorriso enclinando minha mão pegando o pincel, a paleta de cores e voltando a pintar novamente.

*

ㅡ O que é isso? ㅡ Meu pai encarou o meu quadro com as sobrancelhas franzidas e com um balde de pipoca nas mãos.

ㅡ Como assim o que é isso? É arte! ㅡ Bati meu pé no chão indignada.

ㅡ Ahh... ㅡ Meu pai assentiu. ㅡ Encantador ㅡ Ele murmurou se virando. Revirei meus olhos colocando o quadro de volta no lugar dele e peguei o celular que estava em cima da mesinha. ㅡ Sabe que horas a sua mãe chega? Queria beija-la antes de ir para o trabalho.

Fiz uma expressão de nojo colocando meu celular em meu bolso seguindo ele enquanto sabíamos as escadas para sair do sótão.

ㅡ Não. ㅡ Afirmei fechando a porta do sótão após sairmos. ㅡ E, por favor, me poupe dos detalhes nojentos.

ㅡ Até parece que você não sabe o que são beijos ou amassos. ㅡ Meu pai se dirigiu até o sofá e se jogou nele. Naquela hora, passava O Passageiro na TV e o meu pai amava aquele filme.

Por ele, assistia trezentas mil vezes por dia.

ㅡ Eu prefiro não projetar a imagem dos meus pais fazendo isso. ㅡ O celular apitou no meu bolso me fazendo pega-lo e ver que era uma mensagem do Thiago.

Thiago- Atrapalho?

Eu iria responde-lo, porém, o meu corpo pedia pela cama e eu iria subir.

ㅡ Pai, se o Apolo chegar diz que eu tô lá em cima. ㅡ Falei indo em direção a escada, entretanto, batidas na porta me fizeram dá a volta e abri vendo que não era ninguém menos que Apolo. ㅡ Oi, Apolo. Chegou aqui mais tarde do que o normal.

ㅡ Depois da faculdade eu passei em casa. ㅡ Ele sorriu passando por mim e entrando na minha casa. Pois é, ele estava sendo de casa mais do que eu. ㅡ Olá, Sr gritos.

ㅡ Olá, Sr Tormento. ㅡ Meu pai debochou me fazendo ri baixinho fechando a porta. Observei atentamente o Apolo e percebi que havia uma pequena caixa em suas mãos.

ㅡ O que é isso? ㅡ Chamei atenção dele com minha pergunta.

ㅡ Ah... é pra você. ㅡ Ele estendeu a caixa sorrindo. ㅡ Hoje foi o primeiro dia, então os professores deixaram com que a gente fizesse algo significativo. A dois anos atrás você foi a primeira garota a falar que eu tinha talento para a cozinha, e você me ajudou a fazer uma rosquinha super gordurosa e queimada.

Abri a caixa com um sorriso me lembrando e sorri ainda mais quando vi que havia rosquinhas dentro da caixa. Algumas eram brancas com listras vermelhas, e as outras eram vermelhas com granulados vermelhos e brancos.

Sorri.

•••

Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora