40_ Aneurisma cerebral.

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( Narrado por Apolo )...

Passei as mãos pelos meus cabelos deixando-os desgrenhados. Uma dor imensa e insuportável apertava meu peito, batidas aceleradas do meu coração me deixava com falta de ar e as lágrimas inundavam meus olhos a cada segundo.

Encarando fixamente o chão abaixo dos meus pés eu me perguntava de como eu cheguei naquela bendita situação.

Eu estava voltando do banheiro, já na faculdade, quando vi que a Lina veio correndo dizendo que a minha mãe estava ligando. Eu atendi na maior inocência e foi como se o meu mundo demoronasse assim que a minha mãe falou que o meu pai estava no hospital.

Na mesma hora eu queria sair da faculdade para vê-lo, porém, eu não podia e então tive que aguentar até a hora da saída. E agora já era outro dia, eu havia passado a noite no hospital junto com a minha mãe e eu não tinha consciência de que horas era.

Com o meu pai em estado grave naquele maldito hospital eu já não pensava em mais nada. Tudo que eu queria era vê-lo e voltar casa sabendo que ficaria tudo bem.

ㅡ Acabei de falar com a Maya. ㅡ A voz da minha mãe ecoou no meio daquela melancolia do hospital. Ergui meu rosto rapidamente e observei sua expressão vazia.

E, como sempre, no meio de toda aquela escuridão pude ver uma luz ao ouvir o nome dela. Maya.

ㅡ E... o que ela falou? ㅡ Arqueei minhas costas voltando a posição normal na cadeira.

ㅡ Falou que depois da faculdade passa aqui. ㅡ Ela respondeu. ㅡ Ela também falou que você não fala com ela desde domingo. O que foi que aconteceu?

Esfreguei minha nuca com um pouco de nervosismo. Não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo de novo.

ㅡ Eu sei que não tenho direito nenhum sobre ela, mãe, mas eu fiquei com ciúmes pelo jeito que o Thiago estava com ela. ㅡ Expliquei, juntando minhas mãos e esfregando uma nas outras. ㅡ E, tipo, eu fiz uma amizade super legal com a Rebeca e tem a Lina que tá dando em cima de mim. Só que... ㅡ A mesma me interrompeu.

ㅡ Seu coração pertence a Maya. ㅡ Minha mãe tocou em meu ombro. ㅡ Eu lhe entendo, Apolo. Sinto a mesma coisa em relação ao seu pai.

ㅡ Mesmo com as brigas?

ㅡ Claro. Eu continuo amando ele, e as brigas estão deixando nosso casamento tóxico. ㅡ Ela explicou. ㅡ E é normal, Apolo. Você não tem que sentir obrigado a gostar de duas garotas que apareceram na sua vida. Até porque... ㅡ Agora foi a minha vez de interrompê-la.

Meu coração pertence a Maya. ㅡ Afirmei, em seguida esfreguei a minha nuca de novo. ㅡ E o que eu faço agora?

ㅡ Conversa com ela, filho. Fala tudo o que você sente, ok? Não repita os erros do ensino médio.

Erros do ensino médio.

Quais seriam eles? Ficar calado sobre os meus sentimentos pela Maya enquanto eu tentava esqueçê-lá? Não ter coragem de dizer o que eu sentia por medo de ela não sentir o mesmo? Isso era os erros?

Abaixei meus ombros suspirando pesadamente, em seguida ouvi passos pesados vindo na minha direção e ergui meu rosto na mesma hora. Era o Dr Silva, o que atendeu meu pai assim que chegamos.

ㅡ Olá, Dr Silva! ㅡ Levantei rapidamente da cadeira, em seguida a minha mãe levantou também e segurou firmemente no meu braço. Já pude sentir seu nervosismo.

ㅡ Er... bom dia. ㅡ Ele olhou para a pasta em suas mãos antes de voltar a olhar para nós. ㅡ Eu queria... ㅡ Minha mãe o interrompeu de repente.

ㅡ Como ele está, doutor? Já sabem o que ele tem?

ㅡ Intelizmente, sim. Uma das enfermeiras passou a noite acompanhando o caso do seu marido enquanto eu estava em cirurgia. Pela noite fizemos uma bateria de exames nele e... ㅡ O doutor abaixou o olhar causando alguns segundos de silêncio torturante. Meu coração palpitou fortemente. ㅡ O resultado foi que o seu marido está com Aneurisma cerebral.

ㅡ O que??? ㅡ Minha mãe perguntou num tom alto.

Em questão de segundos, me sentei de volta na cadeira no mesmo ritmo em que absorvia aquela informação e os meus olhos inundaram.

ㅡ Aneurisma cerebral? ㅡ Minha voz saiu embargada pelo nó que se formou em minha garganta.

ㅡ Sinto muito.

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Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora