37_ Lina...

437 30 0
                                    

Apoiei minha mão em meu queixo observando todas as telas, que eu pintei todos esses anos, na minha frente. Estar olhando para as telas que, aparentemente, tem mais de três anos era nostálgico para mim.

Quando eu descobri que amava artes e amava pintura, fiz de tudo para expor o meu talento. Passei a crescer pesquisando sobre artes, desenhando em cadernos, deixando de lado a minha infância para pintar. Para mim, a arte era tudo.

Eu sou apaixonada por artes.

Na minha frente, tinha um que me fez lembrar de tudo mais uma vez. Um quadro que eu havia pintado quando eu conheci o Apolo e, consequentemente, conheci um sentimento novo.

Eu estava tão... encantada. Naquele dia eu vi ele pela primeira vez tentando fazer amizade comigo e foi então que o meu coração passou a ser dele. Apenas dele.

E foi então que tudo veio na minha cabeça e me fez cair na real.

Estava mais que nítido que, novamente, meu coração despertou e me fez olhar para o Apolo de forma diferente. Só que eu percebi que não era da mesma forma que o ensino médio... era mais intenso.

Para mim, aquele sentimento tinha crescido e se tornado algo muito maior que apenas uma paixonite de adolescência.

Enclinei-me com as mãos erguidas e peguei aquele quadro. Naquela tela tinha duas pessoas num lugar mágico, repleto de borboletas coloridas, flores, sol e tudo de bom. Aquele sentimento tinha despertado aquilo no meu coração e para conseguir expressar o que eu sentia, como sempre, pintei.

Coloquei sobre o cavalete, me sentei no baquinho na frente dele e o observei. De novo, aquele quadro entrou na minha cabeça e me fez lembrar do dia que conheci o Apolo.

Aquele dia...

<<<...

3 anos atrás...

Escorei-me sobre a cadeira um pouco nervosa por estar ali no meio de pessoas desconhecidas. Aquele era um fracasso para mim estar a mais de um ano na mesma escola e não ter amigo nenhum.

Suspirei vendo que todos os alunos levantaram após o sinal tocar. Abaixei meus ombros sem sentir a maior vontade de levantar dali e ficar só no meio daquele pátio.

ㅡ Opa! ㅡ Uma voz desconhecida, e masculina, ecoou pela sala me fazendo erguer meu queixo. Era um garoto que estava entrando na sala com um jeito descontraído. ㅡ Achei que estava vazia.

ㅡ Me ignore. ㅡ Respondi, abrindo a minha mochila para pegar meu lanche que estava ali. ㅡ Sou invisível aos olhos de todos.

ㅡ Aos meus, você não é. ㅡ O garoto se aproximou da minha mesa e sentou na frente colocando as pernas na cadeira. ㅡ Qual é o seu nome?

ㅡ Maya. ㅡ Afirmei brevemente com medo de gaguejar. Ele estava sendo a primeira pessoa que trocou mais de três palavras comigo.

ㅡ Eu sou o Apolo. ㅡ O garoto abriu um sorriso tão grande que fez meu coração acelerar. ㅡ É um grande prazer, Maya.

Sorri, automaticamente, com aquele sorriso.

>>>...

Passei a mão no meu rosto me sentindo uma tola por estar com aquele sentimento de volta a tona.

ㅡ Arg, Maya, não acredito. ㅡ Resmunguei para mim mesma passando a mão pelo meu rosto.

ㅡ O que foi? ㅡ Olhei para atrás rapidamente ao ouvir uma voz, porém, respirei aliviada ao ver que era o meu pai. ㅡ Tá assim por quê?

ㅡ Não é nada demais, pai. São só... ㅡ Encarei meus pés me sentindo mal por falar. ㅡ Estou pensando no Apolo.

ㅡ Por que?

ㅡ Eu estou apaixonada por ele... De novo. ㅡ Soltei de uma vez só. ㅡ Na verdade, creio que eu sempre estive apaixonada por ele. Talvez eu estivesse enterrado, por alguns momentos, o que eu sentia por ele pelo tanto que já sofri. Porém... ㅡ Ele me interrompeu.

ㅡ Você nunca deixou de gostar dele. ㅡ Meu pai pegou na cadeira e me girou. ㅡ Maya, devo dizer que não é uma novidade pra mim. Sabia que um dia isso iria acontecer.

ㅡ Sabia? ㅡ Ergui minha sobrancelha.

ㅡ Claro, Maya. Eu te conheço, minha filha. ㅡ Meu pai balançou a cabeça rindo. ㅡ Você nunca deixou de gostar do Apolo, e estava bem nítido isso. Sentimentos assim são difíceis de apagar.

ㅡ Sentimentos não correspondido. ㅡ Afirmei, mordendo o interior da minha bochecha.

ㅡ Isso você não tem como saber. ㅡ Meu pai sorriu. ㅡ Eu sugiro uma conversa entre os dois.

ㅡ Conversa?

ㅡ É! ㅡ Ele pegou o meu celular e me estendeu. ㅡ Liga para ele.

Mordi meu lábio inferior hesitando por alguns segundos, mas acabei não resistindo e disquei o número dele em poucos segundos.

Tocou uma, duas, três... Até que ele atendeu. Ou não.

Maya- Alô? Apolo?

Apolo- Quem?

Aquela voz... Aquela voz não era dele. Era voz de uma garota.

Apolo- Ata! Não, sinto muito, aqui não é o Apolo.

Maya- Então quem é?

Apolo- Sou a Lina. Colega de faculdade dele.

Lina...

•••

Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora