Meu Melhor Amigo

49_ Ele pode morrer?

Sexta-feira, às 20:30.
Ainda Véspera da exposição.

ㅡ Eu ainda não acredito, Apolo, que a minha mãe comprou aquele vestido extremamente perfeito e deslumbrante pra mim! ㅡ Falei na maior empolgação enquanto Apolo apenas me olhava com um sorriso sentado na ponta da cama. Sentia que ele estava estranho. ㅡ Tipo, a gente meio que combinou que não gastaria nesse mês. Aí ela comprou aquele vestido para amanhã.

ㅡ Eu não vejo a hora de vê-lo em você. ㅡ Apolo, sem deixar de encarar o chão, murmurou. Aquilo me fez perceber que eu estava tão empolgada com o vestido que nem reparei que ele estava pensativo demais.

Abaixei meus ombros me aproximando dele e me abaixando na sua frente segurando sua mão, entrelaçando nossos dedos em seguida.

ㅡ O que foi, Apolo? ㅡ Perguntei enclinando meu rosto, analisando cada traço. ㅡ Você tá assim desda hora que chegou.

ㅡ Desculpa, linda, mas é que estou preocupado. ㅡ Ele coçou a cabeça, com um olhar cabisbaixo.

ㅡ Seu pai?

ㅡ Uhum. ㅡ Ele assentiu. ㅡ Você sabe que fui visita-lo no hospital para saber se ele melhorou ou se teve alguma piora.

ㅡ Sim, Apolo. Ontem você disse que ele estava melhorando.

ㅡ Acontece que de ontem para hoje teve uma piora por complicações. ㅡ Apolo começou a explicar. ㅡ Aparentemente, o estado dele piorou, vai começar um tratamento, precisamos de dinheiro, e ele vai passar mais alguns dias no hospital.

ㅡ Alguns dias? Tipo... Quanto? ㅡ Questionei, mordendo o interior da minha bochecha.

ㅡ Dias, semanas, meses. Não sei. ㅡ Apolo deu de ombros. ㅡ O médico disse que ele pode viver a vida dele normalmente com o Aneurisma, porém, ele pode estourar a qualquer momento.

ㅡ E o que acontece se ela estourar?

ㅡ Se não receber o tratamento imediato, ele morre. ㅡ O tom do Apolo mudou após a última palavra. ㅡ E é por isso que todo momento é decisivo.

ㅡ Espera... ㅡ Me levantei do chão erguendo a minha mão aberta antes de me afastar e encarar os olhos marejados do Apolo. A dor era transmitida através daquele olhar dele. ㅡ Ele... ele pode morrer? Tipo... Agora?

ㅡ A qualquer momento, na verdade. Mas também não podemos esquecer que ele pode melhorar e passar o resto da vida com o Aneurisma. ㅡ Apolo suspirou. Meu peito se apertou ao ouvir o desânimo e lágrimas escorrendo dos seus olhos no mesmo segundo.

ㅡ Oh, Apolo... ㅡ Me aproximei dele novamente e o abracei. ㅡ Não queria que estivéssemos nessa situação.

ㅡ Nem eu, May. Queria trocar de lugar com o meu pai para não vê-lo sofrer. ㅡ Ergui minha mão, puxando sua cabeça até a minha barriga e comecei a acariciar seu cabelo. Como ele estava sentado e eu em pé, a sua cabeça alcançava minha barriga. ㅡ Queria estar no lugar dele.

Meu peito se apertou novamente com a dor que a voz dele, embargada pelo choro, transmitia nitidamente. Abaixei meus ombros puxando ele mais para mim, deixando que seus braços rodeassem minha cintura.

Pude ouvir seu choro no segundo seguinte.

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