Engoli em seco processando as últimas palavras da Maya.
ㅡ Er... ㅡ Cocei minha garganta. ㅡ Confirmou, é?
Ok, ok, tenho que admitir o meu incômodo assim que terminei de processar. Eu que havia se passado por ela confirmando a saída com o tal Thiago.
Na minha cabeça a Maya merece alguém que a ame de verdade e de fato ela merece mesmo. Durante o ensino médio ela nunca se relacionou com ninguém, o que eu achava ótimo porque poupava meus ciúmes nítido.
E eu não tomava coragem para falar com ela. Era horrível a sensação dela estar tão perto de mim mas ao mesmo tempo tão longe.
ㅡ Sim. ㅡ Maya assentiu. ㅡ Eu estava pensando muito ontem a noite. O Thiago é um garoto legal, gosta de artes, e ele adora o sorvete de pistache.
Fiz uma careta de nojo em seguida. Maya sempre adorou o sorvete de pistache. Na minha opinião esse sorvete é horrível, mas a Maya sempre gostou e até me convenceu a provar. Eu cuspi na mesma hora.
ㅡ Ele gosta de pistache? ㅡ Questionei. ㅡ Desceu no meu conceito.
ㅡ Ah, Apolo, nem vem! ㅡ Maya revirou os olhos sentando ao meu lado. ㅡ Sabemos que esse sorvete é perfeito.
ㅡ Você que sabe. ㅡ Murmurei. ㅡ E quando é que vocês vão sair?
ㅡ Sábado. ㅡ Ela respondeu se encostando no meu corpo ainda comendo a sua torta. ㅡ Estou um pouco nervosa, Apolo.
ㅡ Por que?
ㅡ Sei lá! Eu nunca fui em um... encontro. ㅡ Maya deu de ombros. Franzi minha testa novamente.
Apertei meus olhos respirando o mais fundo que consegui. O que era aquilo??? Por que eu estava sentindo aquilo? Foi eu que confirmei! Eu que coloquei a Maya nessa situação! Por que eu estava incomodado?
Eu estava... estava com ciúmes?
Respirei fundo mais uma vez, em seguida a Maya se virou enclinando seu rosto para mim.
ㅡ O que foi, Apolo? ㅡ Maya me encarou atentamente. Engoli em seco percebendo que seu rosto estava bem perto do meu, e isso me fez lembrar novamente do que eu sentia.
Foi uma época... dolorosa.
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Enxuguei as lágrimas com raiva batendo a porta com força do meu quarto assim que entrei. A dor no meu peito me consumia.
ㅡ Apolo?? ㅡ Meu pai entrou no meu quarto rapidamente. ㅡ O que foi?
Sentei-me na cama com raiva.
ㅡ Tá chorando por que?
ㅡ Estou chorando de raiva! ㅡ Exclamei. ㅡ Ai que raiva!
ㅡ Raiva?
ㅡ Eu estava lá no colégio esperando pela Maya, porém, quando ela estava vindo o idiota do Vinicius estava com ela. ㅡ Comentei. ㅡ Ok, eu não tenho direito nenhum, mas me deu uma raiva dele! E antes disso eu estava tomando coragem para falar para ela o que eu sentia. Só que eu não consegui.
ㅡ De novo?
ㅡ DE NOVO!
>>>...
Observei-a atentamente na minha frente, com o coração acelerado quase saindo pela boca, minhas mãos soando e um pouco de raiva pelas lembranças. Era horrível sentir ciúmes de alguém e não poder fazer nada e nem ao menos falar sobre isso.
ㅡ Apolo? Você tá bem? ㅡ Maya perguntou chamando minha atenção. Balancei minha cabeça espantando aquelas lembranças e abri um sorriso para ela.
ㅡ Sim, Maya. Eu estou bem. ㅡ Respondi com certeza. Ou não. ㅡ Só um pouco cansado. Pela manhã eu ajudei meu pai com a oficina, de tarde eu estudei e agora pedalei até aqui.
ㅡ Eu também tô um pouco cansada. ㅡ Maya respondeu. ㅡ Quer dormir aqui hoje? Eu vi que vai passar a maratona de Harry Potter.
ㅡ Ah... ㅡ Sorri. ㅡ Eu adoraria, Maya. Mas se eu ficar aqui eu vou assistir até tarde com você, amanhã eu vou acordar tarde e não vou poder ir na casa da Lina.
Um silêncio pairou assim que eu terminei a frase. Maya, que ainda estava em silêncio, ergueu uma sobrancelha.
ㅡ Casa da Lina? ㅡ Ela me olhou. ㅡ O que vai fazer lá?
ㅡ Estudar ㅡ Afirmei. ㅡ Não vou mentir, eu preferia estudar com o Jorge, mas ele tá dando em cima de uma garota da sala. Então a Lina deu um jeito e agora eu vou ir na casa dela amanhã.
ㅡ Ah... ㅡ Maya assentiu voltando a comer sua torta. ㅡ Que bom. Bons estudos.
ㅡ Quer assistir alguma coisa? Ainda tenho um tempinho antes de ir para casa. ㅡ Sugeri.
ㅡ Eu vou pintar agora. E nem adianta reclamar que ontem eu passei O DIA INTEIRO sem tocar no pincel. ㅡ Ela levantou-se do sofá falando. ㅡ Vai continuar aí perturbando ou vai para casa?
Naquele momento eu pensei que eu poderia ficar ali e entender mais sobre o que estava rolando com a minha cabeça depois da nossa aproximação intensa. Porém, eu percebi que eu estava estranho e não podia fazer isso com ela. Seria péssimo.
ㅡ Vou para casa. ㅡ Levantei-me do sofá decidindo. ㅡ Tenha um bom resto de noite. ㅡ Sorri para ela virando as costas.
Saí da casa dela em passos firmes sem nem olhar para trás, no entanto, me encostei na primeira parede que vi e peguei o celular que estava no meu bolso. Disquei o número do meu pai e esperei que ele atendesse.
Pai- Alô? Apolo?
Apolo- Pai, a Maya vai sair com o Thiago.
Pai- Quem?
Apolo- Um amigo dela da faculdade. A uns dias eu mandei mensagem para ele fingindo ser ela, então eu insinuei uma saída entre eles.
Pai- Ue, Apolo. A Maya tem todo direito de sair com quem ela quiser. O que isso tem de tão ruim?
Pus minha mão na cintura suspirando.
Pai- Ah... Você sentiu ciúmes?
Apolo- Senti! Ai, que droga! Ainda por cima me lembrei quando cheguei em casa chorando. Pai, o que tá acontecendo comigo???
Pai- Eu diria que você desenterrou seus sentimentos pela, Maya. Mas como você quer negar isso até o fim, talvez seja apenas ciúmes de amigo. O que eu acho que não seja.
Apolo- O que eu faço agora?
Pai- Em relação a Maya você não faz nada, ok? Ela é solteira, então pode conhecer qualquer pessoa. Se ela sair com o Thiago e não gostar, é uma pena. Mas em relação a você, coloque tudo na balança. Pense em tudo que você já passou por gostar dela, pense em como foi construída a amizade de vocês e pense bem no que você vai fazer caso seja o que eu acho. Não quero que se magoe de novo.
Balancei minha cabeça concordando. Eu seguiria totalmente o conselho do meu pai.
Pai- Apenas pense antes de agir.
•••
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Meu Melhor Amigo
RomanceMaya e Apolo eram duas pessoas diferentes que se encaixavam numa amizade linda que foi construída de surpresa. Maya, uma garota apaixonada por arte na espera que o seu talento fosse reconhecido. Apolo, um belo de um cozinheiro de mão cheia e um garo...