17_ Você sentiu ciúmes?

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Engoli em seco processando as últimas palavras da Maya.

ㅡ Er... ㅡ Cocei minha garganta. ㅡ Confirmou, é?

Ok, ok, tenho que admitir o meu incômodo assim que terminei de processar. Eu que havia se passado por ela confirmando a saída com o tal Thiago.

Na minha cabeça a Maya merece alguém que a ame de verdade e de fato ela merece mesmo. Durante o ensino médio ela nunca se relacionou com ninguém, o que eu achava ótimo porque poupava meus ciúmes nítido.

E eu não tomava coragem para falar com ela. Era horrível a sensação dela estar tão perto de mim mas ao mesmo tempo tão longe.

ㅡ Sim. ㅡ Maya assentiu. ㅡ Eu estava pensando muito ontem a noite. O Thiago é um garoto legal, gosta de artes, e ele adora o sorvete de pistache.

Fiz uma careta de nojo em seguida. Maya sempre adorou o sorvete de pistache. Na minha opinião esse sorvete é horrível, mas a Maya sempre gostou e até me convenceu a provar. Eu cuspi na mesma hora.

ㅡ Ele gosta de pistache? ㅡ Questionei. ㅡ Desceu no meu conceito.

ㅡ Ah, Apolo, nem vem! ㅡ Maya revirou os olhos sentando ao meu lado. ㅡ Sabemos que esse sorvete é perfeito.

ㅡ Você que sabe. ㅡ Murmurei. ㅡ E quando é que vocês vão sair?

ㅡ Sábado. ㅡ Ela respondeu se encostando no meu corpo ainda comendo a sua torta. ㅡ Estou um pouco nervosa, Apolo.

ㅡ Por que?

ㅡ Sei lá! Eu nunca fui em um... encontro. ㅡ Maya deu de ombros. Franzi minha testa novamente.

Apertei meus olhos respirando o mais fundo que consegui. O que era aquilo??? Por que eu estava sentindo aquilo? Foi eu que confirmei! Eu que coloquei a Maya nessa situação! Por que eu estava incomodado?

Eu estava... estava com ciúmes?

Respirei fundo mais uma vez, em seguida a Maya se virou enclinando seu rosto para mim.

ㅡ O que foi, Apolo? ㅡ Maya me encarou atentamente. Engoli em seco percebendo que seu rosto estava bem perto do meu, e isso me fez lembrar novamente do que eu sentia.

Foi uma época... dolorosa.

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Enxuguei as lágrimas com raiva batendo a porta com força do meu quarto assim que entrei. A dor no meu peito me consumia.

ㅡ Apolo?? ㅡ Meu pai entrou no meu quarto rapidamente. ㅡ O que foi?

Sentei-me na cama com raiva.

ㅡ Tá chorando por que?

ㅡ Estou chorando de raiva! ㅡ Exclamei. ㅡ Ai que raiva!

ㅡ Raiva?

ㅡ Eu estava lá no colégio esperando pela Maya, porém, quando ela estava vindo o idiota do Vinicius estava com ela. ㅡ Comentei. ㅡ Ok, eu não tenho direito nenhum, mas me deu uma raiva dele! E antes disso eu estava tomando coragem para falar para ela o que eu sentia. Só que eu não consegui.

ㅡ De novo?

ㅡ DE NOVO!

>>>...

Observei-a atentamente na minha frente, com o coração acelerado quase saindo pela boca, minhas mãos soando e um pouco de raiva pelas lembranças. Era horrível sentir ciúmes de alguém e não poder fazer nada e nem ao menos falar sobre isso.

ㅡ Apolo? Você tá bem? ㅡ Maya perguntou chamando minha atenção. Balancei minha cabeça espantando aquelas lembranças e abri um sorriso para ela.

ㅡ Sim, Maya. Eu estou bem. ㅡ Respondi com certeza. Ou não. ㅡ Só um pouco cansado. Pela manhã eu ajudei meu pai com a oficina, de tarde eu estudei e agora pedalei até aqui.

ㅡ Eu também tô um pouco cansada. ㅡ Maya respondeu. ㅡ Quer dormir aqui hoje? Eu vi que vai passar a maratona de Harry Potter.

ㅡ Ah... ㅡ Sorri. ㅡ Eu adoraria, Maya. Mas se eu ficar aqui eu vou assistir até tarde com você, amanhã eu vou acordar tarde e não vou poder ir na casa da Lina.

Um silêncio pairou assim que eu terminei a frase. Maya, que ainda estava em silêncio, ergueu uma sobrancelha.

ㅡ Casa da Lina? ㅡ Ela me olhou. ㅡ O que vai fazer lá?

ㅡ Estudar ㅡ Afirmei. ㅡ Não vou mentir, eu preferia estudar com o Jorge, mas ele tá dando em cima de uma garota da sala. Então a Lina deu um jeito e agora eu vou ir na casa dela amanhã.

ㅡ Ah... ㅡ Maya assentiu voltando a comer sua torta. ㅡ Que bom. Bons estudos.

ㅡ Quer assistir alguma coisa? Ainda tenho um tempinho antes de ir para casa. ㅡ Sugeri.

ㅡ Eu vou pintar agora. E nem adianta reclamar que ontem eu passei O DIA INTEIRO sem tocar no pincel. ㅡ Ela levantou-se do sofá falando. ㅡ Vai continuar aí perturbando ou vai para casa?

Naquele momento eu pensei que eu poderia ficar ali e entender mais sobre o que estava rolando com a minha cabeça depois da nossa aproximação intensa. Porém, eu percebi que eu estava estranho e não podia fazer isso com ela. Seria péssimo.

ㅡ Vou para casa. ㅡ Levantei-me do sofá decidindo. ㅡ Tenha um bom resto de noite. ㅡ Sorri para ela virando as costas.

Saí da casa dela em passos firmes sem nem olhar para trás, no entanto, me encostei na primeira parede que vi e peguei o celular que estava no meu bolso. Disquei o número do meu pai e esperei que ele atendesse.

Pai- Alô? Apolo?

Apolo- Pai, a Maya vai sair com o Thiago.

Pai- Quem?

Apolo- Um amigo dela da faculdade. A uns dias eu mandei mensagem para ele fingindo ser ela, então eu insinuei uma saída entre eles.

Pai- Ue, Apolo. A Maya tem todo direito de sair com quem ela quiser. O que isso tem de tão ruim?

Pus minha mão na cintura suspirando.

Pai- Ah... Você sentiu ciúmes?

Apolo- Senti! Ai, que droga! Ainda por cima me lembrei quando cheguei em casa chorando. Pai, o que tá acontecendo comigo???

Pai- Eu diria que você desenterrou seus sentimentos pela, Maya. Mas como você quer negar isso até o fim, talvez seja apenas ciúmes de amigo. O que eu acho que não seja.

Apolo- O que eu faço agora?

Pai- Em relação a Maya você não faz nada, ok? Ela é solteira, então pode conhecer qualquer pessoa. Se ela sair com o Thiago e não gostar, é uma pena. Mas em relação a você, coloque tudo na balança. Pense em tudo que você já passou por gostar dela, pense em como foi construída a amizade de vocês e pense bem no que você vai fazer caso seja o que eu acho. Não quero que se magoe de novo.

Balancei minha cabeça concordando. Eu seguiria totalmente o conselho do meu pai.

Pai- Apenas pense antes de agir.

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Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora