Capítulo 12

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Passei o resto do dia enfurnada em minha sala, colocando meu trabalho em dia, não saí nem para almoçar, comi apenas uma maçã e sentia um rombo no meu estômago.

Queria me preparar para a reunião de amanhã com a Sra. Werner, mas depois de ouvir meu estômago roncar pela décima vez, decidi obedecê-lo e ir embora. Já se passavam das seis da tarde, e por não ter feito hora de almoço, eu já tinha mais do que compensado meu atraso dos últimos dias.

Organizei minha mesa, desliguei meu computador e sai com minha bolsa em punho. Quando passei pela recepção, vi Monalisa conversando com outra advogada do escritório.

- Já vai, Ju? – ela me perguntou sorrindo.

- Vou, estou morrendo de fome, a gente se vê amanhã. – falei me despedindo.

- Bom descanso, Ju. – ela acenou.

- Posso te levar para jantar. – Augusto apareceu sei lá da onde, com aquele sorriso presunçoso e as mãos no bolso do terno.

- Obrigada, mas já tenho planos para o jantar. – menti e sai logo do escritório, antes que ele continuasse insistindo.

Era só essa que me faltava.

Entrei no carro e liguei o som, pronta para enfrentar o trânsito até chegar em casa. Rodolffo continuava sem dar notícias e eu também permaneci em silêncio total.

Quando estava quase chegando no meu quarteirão, abri o aplicativo e pedi meu jantar, e quase bati meu carro nesse processo. Por sorte, consegui frear a tempo, mas claro que tive que ouvir o motorista me xingar.

- Vá chupar um bode. – esbravejei de volta, fechando a cara para ele.

Peguei a entrada da minha rua e coloquei o carro no estacionamento do meu prédio. Ainda no elevador tirei meus saltos, fazendo careta quando coloquei os pés descalços no chão, sentindo as plantas dos pés doloridas.

Assim que entrei no meu apartamento, fui direto para a cozinha. Bebi água e peguei uma banana na fruteira, desejando muito que meu jantar não demorasse tanto. Senti vontade de tomar um vinho, mas não acho que seria uma boa ideia beber de estômago vazio. Então peguei um suco de laranja e despejei um pouco no copo, caminhando até o meu quarto e o apoiando na escrivaninha.

Estava cansada, mas queria escrever o suficiente para mandar ainda hoje uma prévia para Larissa. E foi isso que fiz, até que cerca de uma hora depois, meu interfone tocou avisando que meu jantar havia chegado.

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Não sei por quanto tempo dormi, mas acordei na banheira, que já quase não tinha espuma, com os dedos enrugados. Pareceu uma boa ideia tomar um banho relaxante, se não fosse o fato de que estava muito cansada.

Me levantei da banheira, e me enrolei na toalha, vestindo um roupão em seguida. Sentei novamente na frente do computador, voltando a escrever. Tive alguns sonhos interessantes, e ideias para colocar em meu livro, aproveitei que tudo isso estava quente na memória e escrevi por horas.

Quando finalmente terminei, satisfeita com meu trabalho até então. Anexei os capítulos novos no e-mail e os enviei para Larissa, torcendo muito para que ela gostasse. Já se passavam das três da manhã, e eu me joguei na cama, pronta para dormir.

Naquela noite eu sonhei com ele, e foi tão real que quando acordei, podia sentir seu perfume no meu nariz.

Que saudades que eu estava dele.

Estava atrasada de novo, e hoje eu realmente não poderia me atrasar, logo cedo teria a reunião com a Sra. Werner e eu sinceramente não queria ouvir o discurso de Augusto de novo. Levantei correndo, coçando a cabeça, eu realmente precisava lavar esse cabelo.

Tomei um banho rápido, fiz a maquiagem mais rápida que consegui, bem básica. Prendi novamente meus cabelos, dessa vez num coque alto. E corri até o quarto, vestindo uma lingerie básica, camisa branca de alças, e uma calça preta corte reto. Peguei um blazer off White e calcei sapatilhas pretas, meus pés ainda doíam e eu não estava nem um pouco animada para usar saltos.

Borrifei um perfume, joguei tudo o que eu precisaria de qualquer jeito na bolsa e saí apressada colocando os brincos.

Por algum milagre não peguei tanto trânsito, e quando cheguei finalmente, nossa cliente ainda não havia chegado, nem o babaca do Augusto.

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Em plena sexta-feira a noite, eu poderia estar transando com Rodolffo, se ele não tivesse preferido sair com Henrique, mas ao invés disso, estava na cama com um pote enorme de açaí, assistindo Cinquenta Tons de Cinza, como se isso fosse resolver algo.

Poderia ter chamado a Vivi para sair, mas imaginei que ela estivesse com Ronan e não quis atrapalhar. E era um saco sair sozinha.

Eu poderia ter mandado mensagem para ele? Até poderia, mas não mandei. E agora eu pensava em mil possibilidades para o fim da noite dele, e todas, envolviam outra mulher. E isso me fazia sofrer ainda mais.

Vivi tinha razão, como sempre. Eu não levo jeito para esse negócio de sexo casual. E agora assistindo esse filme, eu pensava que deveria ser burra como a Anastasia, de não ter percebido todos os sinais antes.

Eu falei para Vivi que eu sofreria com Rodolffo, e parece que não me enganei quanto a isso, mas eu ouvi meu sexto sentido? Obviamente que não, me deixei levar por ele ser um gostoso, e cai bonitinho no abismo que era me apaixonar por ele.

Que merda.

Eu deveria fazer igual o Christian, e punir ele por ter me deixado sozinha em plena sexta-feira.

Alcancei meu celular, e abri o aplicativo do whatsapp, já procurando logo a tela de mensagem dele. Vi o "online" no topo, e fiquei com ainda mais raiva.

Comecei a digitar uma mensagem, mas mudei de ideia e apaguei. Abri o instagram, e reconheci o barzinho que ele estava com o amigo, estavam rodeados de mulheres e isso me deu ainda mais raiva, o filho de uma mãe ia ficar com outra.

- Talvez eu devesse sair com Augusto afinal de contas. – falei para mim mesma, me arrependendo em seguida e sentindo meu estômago embrulhar.

Eu não estava tão desesperada.

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Eu sei que disse que não daria o braço a torcer, mas aqui estava eu, me olhando no espelho, vestindo apenas um Trench coat preto e scarpins pretos com o solado vermelho. No rosto uma maquiagem estilo pin up, delineado gatinho e batom vermelho, daqueles 24 horas, que não saem com facilidade. Cabelos soltos e cacheados, caindo em cascata pelas minhas costas.

A ansiedade me assolava, nenhum de nós dois havíamos mandado mensagem um para o outro, mas aqui estava eu, em pleno sábado a noite me arrumando para chegar de surpresa em sua casa e esperando não ser surpreendida.

Depois de respirar fundo mais uma vez, peguei minha bolsa, e uma pequena mala que preparei, caso tudo desse certo e passasse o domingo com ele. E sai de casa.

Quando cheguei ao condomínio de Rodolffo, conversei com o porteiro, que era o mesmo que me recebeu da última vez, usei todo o meu charme e o convenci a não me anunciar. Minha barriga ficou gelada conforme eu me aproximava da casa dele, com medo do que eu encontraria quando finalmente chegasse.

Estacionei na porta, peguei minha bolsa e caminhei até a entrada. Respirei fundo, antes de bater na porta.

Não demorou muito para ele aparecer, apenas de calça moletom caída pelos quadris e o abdômen de fora. Tinha esquecido como ele era gostoso.

- Ju. – ele arregalou os olhos quando me viu, e eu senti minha barriga gelar ainda mais.

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