Capítulo 40

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Rodolffo ainda dormia, quando eu o deixei no quarto e desci para tomar o desjejum. Acordei me sentindo mais disposta e com menos enjoo, e aproveitei isso para me alimentar, já que estava cheia de fome.

- Bom dia! – desejei à PV e Amanda, que já estavam sentados a mesa.

Eles me responderam sem ânimo, mas fingi não me importar. Peguei um prato e me servi de algumas frutas, e coloquei um pouco de café em uma xícara. Não queria exagerar, não sabia como meu estômago comportaria depois de me alimentar.

Me sentei próximo a eles, e tomei um gole de café.

- Está se sentindo melhor hoje? – Amanda perguntou e eu fiz que sim com a cabeça.

- Estou sim.

- Tivemos que mudar o passeio de barco para hoje, já que ontem a princesa não se sentia bem. – PV provocou, mas decidi que não iria entrar no joguinho dele.

- Não precisava. – dei de ombros.

- Rodolffo não quis ir por sua causa, então precisava sim. – ele continou.

- Eu não impedi que ele fosse. – rebati.

- Quanto você quer? – ele perguntou e eu olhei para ele confusa.

- PV! – Amanda o recriminou e ele fez sinal para que ela se calasse.

- Quanto quer pra sair da vida dele?

- Você não pode estar falando sério. – eu estava incrédula, nunca imaginei que ouviria isso.

- Ele a ama. – Amanda voltou a dizer.

- Ele vai superar. – ele respondeu a ela e se virou novamente para mim. – Me diz quanto quer, te ajudo a voltar pra Paraíba e sair da vida dele para sempre.

- Eu não... - estava prestes a responder, quando vi Rodolffo se aproximar.

- Bom dia! – ele desejou a todos e se aproximou de mim. – Está melhor hoje?

- Tô sim, amor. – ele depositou um beijo suave em meus lábios.

- Que bom, ainda podemos nos divertir um pouco no nosso último dia aqui nesse paraíso.

- Me falaram que mudaram o passeio de barco para hoje.

- É, Izabella quis que todos participássemos. – ele respondeu, e se virou para se servir.

Eu voltei a me sentir nauseada, e não sabia se era efeito da gravidez, ou se da proposta ridícula do amigo do Rodolffo. Minha cabeça também começou a doer, e ficar perto do PV, estava me fazendo mal.

Respirei aliviada quando ele se levantou da mesa, e nos deixou sozinhos. Logo os demais também desceram para tomar café, e eu acabei me distraindo um pouco.

- Tô te falando, eu era doido com aquelas armas de bolinha, um dia eu juntei dinheiro e comprei uma no escondido do meu pai, mas tive o azar do trem disparar e acertar o pescoço da Izabella. – Rodolffo contava uma das suas histórias de infância e todos riam das suas peraltices. – Saiu até sangue, ocê acredita? Meu avô e meu pai, saíram correndo atrás de mim no dia.

- Se o filho de vocês, puxar meu irmão, cê tá lascada, Ju. – Izabella disse sorrindo e apontando para mim. – Esse aqui sempre foi custoso.

- Eita, que eu também era levada, visse.

- Vou pagar todos os meus pecados. – Rodolffo disse e riu.

Continuamos conversando e rindo, mas sentia minha dor de cabeça aumentar.

- Tá tudo bem? – ele perguntou, depois de me ver fazer uma careta e passar os dedos pela minha têmpora.

- Minha cabeça tá doendo um pouco, acho que vou no quarto pegar um comprimido.

- Toma. – ele me entregou um copo com água. – Já leva e toma.

Peguei o copo e subi as escadas em direção ao quarto. Me assustei quando abri a porta e vi PV com a minha bolsa e o teste de gravidez nas mãos.

- Meu Deus! – fechei a porta depressa e me virei para ele. – O que está fazendo? Me dá isso. – estiquei minhas mãos, pedindo o teste de volta.

- Ele já sabe?

- Não, eu ainda não contei e agradeceria se mantivesse isso entre nós.

- Ele não precisa saber. – disse firme. - Tenho alguns contatos, consigo uma clínica pra resolver isso. – ele foi dizendo, e eu mal conseguia assimilar o que ele dizia. – Depois de tudo feito, te dou dinheiro pra você sumir da vida dele.

Minhas mãos estavam tão trêmulas, que acabei derrubando o copo no chão, que se espatifou no chão com tanta violência, que o barulho feriu meus ouvidos. Mas acho que naquele momento, nada me feriria mais, do que a sugestão que PV me fazia.

A água molhava o chão de madeira, e eu olhava estática para ele. Tentava entender o porque ele me odiava tanto, que queria me ver longe de seu amigo.

- Você quer que eu faça... - eu não conseguia nem dizer as palavras, tudo aquilo era tão absurdo, tão cruel. Nunca faria isso, eu amava o meu filho. – Eu não...

- Pensa direito antes de me responder. – ele me devolveu o teste, e saiu do quarto.

Não sei por quanto tempo eu fiquei ali, parada, olhando para o nada e completamente sem reação, até que Rodolffo entrou no quarto, me vendo parada ao lado dos cacos de vidro.

- Amor, o que aconteceu? – ele se aproximou, me despertando do meu choque. – Ocê tá sangrando. – ela disse ao me olhar.

Rodolffo me pegou no colo, e me levou até a cama, depois que ele me sentou nela, se abaixou para olhar os cortes na minha perna, causados pelos cacos de vidro. Aproveitei a sua distração, e escondi o teste no bolso do meu short.

- Os cortes foram superficiais. – ele constatou e levantou a cabeça para me olhar. – O que aconteceu?

Cai num choro intenso, sem conseguir repetir as palavras que ouvi de PV.

- O que foi, linda? – ele tornou a perguntar, tirando minhas mãos de frente do meu rosto e me fazendo olhar para ele.

- Vamos embora daqui, por favor? – pedi aos prantos, e ele me abraçou.

- Nós vamos embora hoje à noite.

- Não, eu quero ir agora. Me leva embora, Rodolffo. Não consigo mais ficar aqui, vamos embora, eu te imploro.

- Nós vamos, amor. – ele beijou meus cabelos. – Fica calma, mas me conta o que aconteceu que te deixou assim, tá me deixando preocupado.

- Odeio esse lugar, eu quero ir embora. – voltei a pedir, e ele segurou meu rosto com as duas mãos.

- Fica calma, nós vamos embora. – ele afirmou. – Vou tentar mudar nossas passagens, e se não conseguir compro outra e nós vamos, ok?

- Tá bom.

Eu voltei a abraçá-lo, o senti tenso e preocupado, e eu sabia que ele me cobraria explicações para o meu comportamento quando chegássemos em casa, mas até lá eu já estaria bem longe desse lugar e do PV.

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Eu estava apreensiva quando entramos no avião, sabia que haviam riscos de voar, para uma mulher em início de gestação, e que os médicos não recomendavam. Rodolffo percebeu meu nervosismo, e abriu os braços para mim.

- Vem cá. – ele chamou, e eu me aconcheguei em seu peito, segurando forte sua camisa e fazendo uma prece em silêncio para que Deus protegesse o nosso filho. – Tá com medo?

- Só um pouco nervosa.

- Não vai acontecer nada, amor. – ele me tranquilizou, fazendo um carinho em meus cabelos e dando um beijo no topo da minha cabeça.

Me aninhei nele, e fechei os olhos, me sentindo protegida em seus braços.

- Quando chegarmos em casa, quero que me conte tudo o que aconteceu. Eu sinto que está escondendo alguma coisa de mim.

- Eu te conto em casa, eu prometo.

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