Capítulo 24

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Acordei com um barulho agudo, que parecia muito com choro de criança. Praguejei baixinho e tapei meus ouvidos com o travesseiro, tentando abafar o som, mas ele ficou ainda mais alto. Tirei o travesseiro da orelha, e abri os olhos, olhando em volta do meu quarto, e percebendo que o barulho vinha de dentro do meu apartamento.

- Diabéisso. – chutei o edredom, levantando da cama e concertando a alça da camisola, que caía em meu ombro.

O choro foi ficando mais agudo, e eu o segui, mesmo que estivesse me sentindo louca.

"Não tem criança nenhuma aqui, Juliette."

Parei em frente ao quarto que deveria ser o quarto de hóspedes, mas era apenas o quarto da "bagunça", o som vinha lá de dentro e eu franzi a testa com essa constatação. Abri a porta com cautela, e me assustei com o que vi.

Definitivamente não era o meu quarto da bagunça!

As paredes estavam pintadas de um azul bem claro, quase branco, e em todas as paredes haviam pinturas de peixes e animais marinhos, toda a decoração do quarto infantil era temático do fundo do mar.

Bem ao centro, um berço branquinho, de onde vinha o choro que eu ouvia.

Me aproximei do berço, e vi um bebezinho lindo, com as bochechas gordinhas, que estavam vermelhas e molhadas de tanto chorar. Ele parecia comigo, e tinha os cabelos tão escuros e espessos quanto os de Rodolffo.

Quando ele me viu, fez beicinho e levou uma das mãos gordinhas a boca, sugando de forma agoniada a mãozinha.

- Oh meu amor. – falei manhosa, me inclinando sobre o berço e me preparando para pegá-lo no colo, quando ele sumiu.

Ouvi um barulho alto, que parecia um alarme de despertador, porém muito mais alto. Tão alto que precisei fechar os olhos e tapar os ouvidos.

- Ju, o despertador. – Vivi me deu um chute, e eu acordei assustada, levando a mão ao peito. – Desliga isso.

Levantei depressa, correndo até o quarto de hóspedes, e o encontrando tão bagunçado como sempre foi, nenhum rastro de decoração do fundo do mar.

- Foi um sonho. – respirei aliviada, voltando para o quarto. – Vou comprar um teste de gravidez. – anunciei a Vivi e ela levantou a cabeça do travesseiro para me olhar. – Eu sonhei que tinha um bebê gordinho naquele quarto.

- Grávidas não deveriam beber tanto quanto bebeu ontem. – ela respondeu sonolenta.

- Por falar nisso, tô numa ressaca do carai. – levei a mão a cabeça e fiz careta. – Preciso tomar banho e ir pro escritório, compro um teste no caminho. – disse e ela assentiu, voltando a deitar na cama.

Tomei um banho rápido, demorando o sabonete na minha barriga, pensando nas possibilidades.

- Que merda ein, Rodolffo. – praguejei baixinho, amaldiçoando a hora que deixei ele transar comigo sem camisinha.

Não que eu não quisesse ter filhos, até quero, mas está muito cedo e a gente mal se conhece. Era a última coisa que eu queria naquele momento.

Saí do banho, escovei os dentes, fiz meu skincare e minha maquiagem, e voltei para o quarto enrolada na toalha. Pegando um conjunto de lingerie na gaveta, uma calça social de cintura alta uva, e uma blusa transpassada preta, de mangas compridas e larga. Ela era curta, quase um cropped, acabando justamente onde iniciava o cós da calça.

Já vestida, levei meus olhos até Vivi, que continuava dormindo.

- Vai trabalhar hoje não? - questionei e ela resmungou.

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