Capítulo 6

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Rodolffo

A primeira coisa que senti quando acordei, foi o perfume adocicado que exalava dos seus cabelos castanhos e compridos. Ela dormia tranquilamente em meus braços, seu corpo quente em meu peito, a expressão tranquila, os lábios levemente entreabertos, poderia me acostumar em ter essa visão diariamente.

Fui obrigado a parar de admirá-la, quando ouvi o meu celular tocar. Com cuidado, deslizei meu corpo por debaixo dela, deitando a novamente na cama. Me levantei, tentando não fazer nenhum barulho para acordá-la, e alcancei meu telefone, o atendendo em seguida.

- Pronto. – falei, assim que coloquei o aparelho no ouvido, caminhando até o corredor.

- Eu sei que é sábado, e que você não trabalha nesse dia, mas estamos com um problema e precisamos da sua ajuda aqui. – ouvi a voz aflita de Guilherme no outro lado da linha, e já estava prestes a dizer que não poderia, quando ele voltou a falar. – Vai ser rápido, Rodolffo.

- Qual o problema? – suspirei, olhando de soslaio para o quarto.

- Aquela reunião que marcamos excepcionalmente para hoje, o cliente está exigindo a sua presença. É mais para assinar o contrato, não vai demorar, eu prometo. – bufei e levei uma mão ao cabelo, bagunçando meus fios.

- Chego o mais rápido que conseguir. – avisei, antes de desligar o telefone.

Meus planos não eram esses, na verdade meus planos para essa manhã, envolviam a bela morena que dormia tranquila na minha cama. Porém, eu não precisaria cancelar meus planos, apenas adiar.

Voltei para o quarto, ela ainda dormia. Entrei na suíte, escovei os dentes e tomei uma chuveirada rápida, entrando direto no closet e escolhendo um terno cinza escuro e camisa de botões branca, o vestindo em seguida, além das meias e sapatos pretos.

Guilherme assegurou que seria uma reunião rápida, sei que estava arriscando muito em sair sem avisá-la, mas ela estava dormindo profundamente, e acho que daria para ir e voltar antes dela despertar.

Coloquei um relógio de pulso, peguei meu celular, chaves e carteira e sai de casa.

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A reunião que Guilherme assegurou que seria rápido, já estava durando três horas. Ele me olhava num misto de assustado e culpado, como se pedisse desculpas com o olhar. Já havia perdido a conta de quantas vezes tinha olhado para o relógio no meu pulso, meu pensamento longe o tempo inteiro, pensando se eu a encontraria quando eu finalmente retornasse.

Suspirei aliviado, quando nossos novos clientes finalmente assinaram o contrato.

- Foi um prazer fazer negócio com vocês. – o Sr. Antunes apertou minhas mãos, sorrindo.

- O prazer foi nosso. – respondi, dando um sorriso fraco. – Agora se me dão licença. – pedi, voltando a abotoar meu terno. – Tenho um compromisso agora. – dei um breve aceno de cabeça a todos, e sai o mais rápido que pude, chamando o elevador em seguida.

Quando o elevador chegou no estacionamento, sai apressado, desativando o alarme da BMW e entrando em seguida. Resolvi passar numa padaria no meio do caminho, depois de deixa-la tantas horas sozinha, acho que seria apropriado me desculpar com um café da manhã caprichado.

Fui durante todo o caminho, pensando em como aquilo parecia errado, nunca levei uma mulher para a minha casa, e muito menos pensei em preparar o café da manhã para uma delas. Comigo era sempre simples, conhecia alguém que me interessava, transava e depois cada um ia pro seu lado, sem nenhum envolvimento e sem nunca repetir nenhuma delas.

Aquela mulher seria com toda a certeza, a minha perdição, e eu soube disso no momento que coloquei meus olhos nela.

Estacionei na porta de casa, levando as sacolas da padaria comigo. A casa estava silenciosa quando entrei, talvez ela ainda estivesse dormindo, olhei para o relógio em meu pulso, eram dez e meia. Coloquei as sacolas em cima da bancada da cozinha, e voltei para a sala, retirando o blazer e o apoiando no antebraço, enquanto subia as escadas.

Quando entrei no quarto, ela já não estava, apenas seu perfume adocicado, impregnado no quarto. Olhei em volta, e ela não deixou nada, nenhum bilhete, número de telefone. Ela simplesmente foi embora.

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Não estava muito animado, mas resolvi aceitar o convite de Henrique de ir em um barzinho essa noite. Henrique era meu amigo há anos, nos mudamos juntos de Goiânia para o Rio de Janeiro, ele para tentar a carreira de músico e eu para trabalhar na empresa, em que hoje sou CEO.

- Porque cê tá com essa cara? - perguntou, depois de alguns minutos que estávamos sentados na mesa, apreciando nossas bebidas.

- Conheci uma mulher ontem. - contei, fitando o copo com a bebida em meus dedos.

- Não foi bom?

- Foi, ótimo. - respondi, antes de tomar um gole do meu whisky e Henrique franziu o cenho. – Levei ela pra casa, tive que sair cedo e deixei ela dormindo, quando voltei ela tinha fugido.

- Uma mulher fugindo da casa de Rodolffo Matthaus. – ele gargalhou debochado. – Essa é nova.

- É. – respondi, sem querer entrar na pilha de Henrique.

- Sabe o que é bom para esquecer uma mulher? – ele perguntou, sorrindo malicioso. – Comer outra mulher. – ele continuou e apontou com a cabeça uma mesa um pouco atrás da nossa, onde haviam duas mulheres muito bonitas, que olhavam para a nossa mesa e sorriam.

- E não é que ocê tem razão? – pisquei e me levantei, caminhando até a mesa delas e sendo seguido por Henrique.

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O resto do meu fim de semana foi uma merda, e minha segunda não estava sendo muito diferente. Depois de preencher mais papeladas do que tinha ânimo, resolvi sair mais cedo e descontar minhas frustrações na academia.

Passei em casa primeiro, tomei um banho rápido e vesti uma bermuda preta e camiseta branca, calçando meu tênis, antes de entrar no carro e dirigir até a academia.

Estava lotada, como geralmente ficava numa segunda-feira, todos vinham malhar culpados, pelos excessos do final de semana. Hoje era dia de malhar pernas, fui para o extensor, que estava desocupado naquele momento, coloquei o peso que tenho costume e comecei a fazer as minhas repetições.

Enquanto descansava da última série, passei os olhos pela academia, e acabei a vendo. Não parecia muito empolgada com os exercícios que o Chris passava, mas estava tão linda quanto eu me lembrava, e eu ri quando ela fez uma careta enquanto ele passava uma tira em seu tornozelo, para fazer extensão de quadril.

Usava um conjunto azul tão pequeno e justo, que tive que me controlar, quando ela se abaixou e começou a fazer os exercícios. Terminei o meu, e deixei o aparelho, decidido a falar com ela.

Ela não viu quando me aproximei, me inclinei ao lado dela, e falei baixinho, próximo a sua orelha: - Oi, sumida!

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