-Millie-
Entramos no local, é chique, todos estamos muito bem arrumados, acredito até que são extremamente esnobes.
Um menino nos parou falando um monte de coisa com a Sadie, eu não entendi a nada que ele estava falando, passei o olhar pelo espaço, e não achei ninguém conhecido, da até um frio na barriga.
-aí, esse aqui é o Marcel, mas o apelido dele é gringo, ele só fala russo. -me apresentou. -pode falar com ele por língua de sinais se souber. -fez umas coisas coma mão.
-olá. -sorri e ele pegou um papel escrevendo alguma coisa. (Твоя девушка красивая / sua namorada é linda).
Ela pegou o papel e traduziu pelo celular, em seguida começou a rir negando. Ela fez alguns sinais com a mão e ele fez sinal de beijo, ela soltou uma gargalhada negando, fiquei calada observando eles conversando.
Vi uma menina acenar no canto da boate e Sadie acenou de volta,e voltou a encarar o gringo. Fez um toque com ele e me empurrou pra fazer o mesmo, depois enlaçar minha cintura e caminhamos até onde avistei a menina.
-essa é a Mary, e esse é o Luiz. -me explicou. -gente essa é a Millie, sejam legais com ela! -falou com os amigos.
-oi Millie! -os dois acenaram para mim e a menina me deu um abraço.
-bem vinda ao grupo, Millie. -sussurrou no meu ouvido.
-que grupo? -ela se afastou sorrindo e sorri de volta.
-o nosso! -riu. -tem mais de nós, si que estão espalhados por aí. -Sadie foi conversar com o menino.
-que legal, não costumo ter muitos amigos. -epa lamentou.
-você é tão legal, azar o deles. -o sorriso dela era acolhedor. -vamos pegar uma bebida! -enlaçou nossos braços. -aposto que o gringo prendeu vocês lá na entrada... -riu enquanto caminhávamos até o bar.
-eu não entendo nada, do que ele fala. -ri. -a Sadie ficou conversando com ele lá, cheia de empolgação, mas eu nem sequer entendia. -ela pediu dois drinks.
-tem que ser incrivelmente inteligente para entender o que ele fala, mas é um de nós, e ele é muito carinhoso... -mordeu o lábio negando. -tão gentil... -deu ênfase no, tão. -gostoso, aí... -rimos.
-você já ficou com ele? -arregalei os olhos em forma de surpresa. -nunca ia imaginar isso!
-todos nós já ficamos, é praticamente uma tradição entre nós. -pegou as bebidas e fomos sentar em umas cadeiras. -basicamente, todos que entram ficam com todos nós, só os heteros que não querem. -bebeu um pouco do copo.
-nossa, e ninguém fica com ciúme não? -ela negou bebendo mais. -a Sadie já beijou alguém? -perguntei só por interesse mesmo.
-ela não, acredita? -abriu a boca em um perfeito "O". -mas por que a pergunta? -estreitou os olhos com um meio sorriso brincando no rosto.
-nada não, só interesse mesmo. -franzi o nariz.
-vocês ficaram né? -me olhou desacreditada.
-que? -perguntei confusa.
-ficaram! -gargalhou. -por isso ela rejeitou minha amigas! -jogou a cabeça para trás rindo.
-mas foi só hoje... -falei baixo mas o suficiente para ela ouvir. -ela rejeitou mesmo?
-sim! -falou parando de rir. -é incrível, porque ela fica me rondando pra eu apresentar as minhas amigas, e eu não gosto dessas coisas, então sempre dizia não, aí anteontem eu chamei ela pra ir no bar com elas e ela não quis, disse que tava investindo em um negócio lá, acho que era voce. -fofocou.
-nossa... -ri sem graça.
-mas vocês ficaram, ou ficaram... -aumentou a intensidade no último.
-a gente só ficou. -ela riu.
-ela já tá caidinha e vocês nem transaram.... -pegou o copo bebendo mais. -Clara! -chamou outra menina que tava passando. -essa é a Millie, nossa nova amiga.
-oi, Millie. -deu dois beijinhos. -depois me passa seu telefone, vou te colocar no grupo. -concordei. -vou beber com vocês, me esperem!
Ela saiu para pegar alguma coisa e depois voltou com uma cerveja, sentou com a gente e ficamos conversando por um tempo. A conversa estava ótima, mas a Sadie apareceu pra me chamar, e claro, a Mary ficou zoando ela e chamando de apaixonadinha.
-quer fazer alguma coisa? -perguntou me puxando para um canto com menos som.
-eu tô com um pouco de sono, pode me levar pra casa? -perguntei e ela assentou sorrindo. -é que amanhã eu tenho aula cedo.
-claro, docinho. -sorriu sacana. -eu te levo. -assenti. -vamos. -segurou minha mão me puxando para a saída, chegamos lá fora e ela já foi destravando o carro enquanto andávamos pela calçada. -eu já tava cansada também. -falou abrindo a porta do carro. -a Mary é uma chata, me desculpe por isso. -riu sem graça.
-tudo bem, foi engraçado. -eu rio.
Entrei no carro e ela também, deu partida e seguiu para a minha casa, no meio do caminho eu cochilei, já acordei dentro de casa, sentindo seus braços me carregando e depositando na cama, depois ela me cobriu e deu um beijo na minha testa e saiu.
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