-Millie-
A Sadie está certa. Não posso mais sair, estamos voltando para o carro, depois da terapia do Noah e eu já sinto a maior dor do mundo.
Parece que vou parir a qualquer momento, eu queria que eles nasçam logo, isso está me desgastando, me destruindo.
E não adianta tomar os remédios sendo que eu sinto uma parte da dor do parto o tempo inteiro e mal consigo cuidar da minha família ou ao menos passear no quintal.
Está cansativo essa rotina de depender da Sadie e não fazer nenhum tipo de esforço, não posso nem fazer sexo! A coisa que mais amo, o momento em que fico mais próxima da mulher que amo.
Hoje tivemos um momento quase assim, eu estava com tanta saudade de beijar ela, calma, sem sentir dor e conseguindo aproveitar tudo, foi incrível.
-vamos com calma, se doer demais eu vejo se posso carregar você. -falou preocupada.
-chega! -falei grossa. -eu quero parir, meu corpo não aguenta mais, eu não aguento mais. -me soltei dela e caminhei até o carro, sentindo raiva, dor e cançaso.
-calma, vida, não fica assim. -veio correndo atrás.
-não me toca, Sadie. -abri a porta do carro. -vamos em casa levar o Noah, eu vou tomar banho, pegar as malas, e quando seus pais chegarem nós vamos até a maternidade, e eu vou ter eles ainda hoje. -falei tranquila.
-puta que pariu, que porra é essa?! -gritou olhando para baixo.
-minha bolsa estourou... -falei enquanto olhava todo aquele líquido escorrendo, era a maior parte água, mas também tinha um pouquinho de sangue.
-meu Deus! -falou desesperada. -Noah, entra no carro, filho. -abriu a porta de trás. -a mamãe já vai fechar o seu cinto. -segurou meus braços, me ajudando a entrar no carro.
-que dor! -gritei sentindo minha barriga endurecer completamente.
-calma, vamos levar ele em casa e pegar as coisas, depois vamos para o hospital, tenta ficar calma.
-eu estou calma, amor, eu só estou com uma dor que está me matando. -falei entre gritos, eu estava sentindo uma dor desgraçada, não tem como explicar o que era, mas tá doendo pra porra.
-Sadie-
Entrei no carro e já dei partida, seguindo meu caminho até nossa casa, por sorte hoje não está com transito. Peguei meu celular e liguei para a minha mãe.
-mãe, a bolsa da Millie estourou, tem que ir para a minha casa agora, eu estou indo para lá, vou deixar o Noah e pegar as coisas. -falei rápido.
-ah meu Deus! -comemorou.
-rápido mãe, rápido. -desliguei.
Enquanto isso Millie gritava ao meu lado, agarrando o que via pela frente e se contorcendo o máximo que pode. Tentei acelerar o máximo que pude, enquanto ligava para a Ana.
-a bolsa estourou. -nada discreta, foi a primeira coisa que falei.
-Millie, pode me falar o que está sentindo? -ela perguntou.
-dor! -falou quase sem voz.
-de zero a dez, quanto?
-DEZ. -gritou alto, alto demais.
-vão para o hospital, já chego lá. -ela falou.
-certo, precisa fazer algo mais? -perguntei.
-não, só vão bem rápido.
Acelerei mais um pouco e logo chegamos em casa, já desci apressada, peguei o Noah no colo e entrei em casa, pedi que a Millie ficasse no carro.
Corri para o nosso quarto e peguei as bolsas que já estavam prontas ali ao lado do nosso sofá. Desci as escada correndo e avisei a Cleo sobre o que estava acontecendo, falei rapidamente com o Noah, para não o deixar voando e saí de casa as pressas.
Coloquei tudo na mala e como já tinha deixado o carro ligado, apenas acelerei e tentei ir com segurança, mas também, ir rápido.
Estávamos a uns cinco minutos da maternidade e eu já via a Millie vermelha igual a um tomate, ela murmurou que estava sentindo para empurrar e que ela queria fazer cocô.
-calma, meu amor, já vamos chegar, falta pouco. -tentei tranquilizar ela.
-tá passando... -respirou fundo.
-já estamos na esquina.
-para ali, naquela padaria. -apontou.
-que? -perguntei sem entender.
-eu preciso comer algo gostoso porque eles vão me fazer engolir aquela comida ruim por sei la quantos dias. -disse calma.
-mas temos que chegar no hospital. -protestei.
-eu estou mandando você parar ali, descer e comprar dois lanches que prestam. -me olhou feio.
-tudo bem. -fiz a curva.
Parei o carro na padaria e desci para comprar. Comprei um pastel e um bolo cheio de doce lá, um suco de abacaxi, que ela consegue beber e paguei.
Quando estava saindo da padaria já podia ver ela se contorcendo dentro do carro. Entrei e entreguei a sacola.
-espera. -falou baixo.
-está tendo outra? -ela afirmou.
-pronto. -tomou a sacola da minha mão. -isso! -comemorou. -eu te amo! -roubou um selinho meu.
-isso tudo só por causa de um bolo? -liguei o carro.
-é um bolo de brigadeiro, cheio de brigadeiro, é diferente. -argumentou.
-tá bom, vida. -dei de ombros. -também te amo.
-uhum, espera eu terminar esse aqui e aí a gente vai, pra da tempo de eu acabar.
-você que manda. -soltei o volante.
