Capitulo 2

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• Isabella LeBlanc Sanchez •

Encontrei meu irmão na frente do carro dele e nos despedimos do pessoal, antes de entrarmos na BMW que meu pai tinha dado pra ele.

Sim, uma porra de uma BMW só por que ele diz ser mais segura, ainda mandou blindar ela toda.

Sei que não foi só por isso, mas também pra mimar o Felipe.

Não demorou muito e chegamos em casa, entrei sentindo o cheirinho de bolo e deixei a mochila no sofá.

Fui até a cozinha e vi meus pais quase se comendo contra a pia.

- Aí meu olhos. - Falei alto cobrindo meus olhos e eles riram.

- Oi amor. - Minha mãe disse e logo senti os braços dela em volta do meu corpo.

- Oi mamãezinha. - Beijei a bochecha dela e me assustei com o grito feliz do meu irmão mais novo, Samuel.

- Oi amor da mana. - Me abaixei e abracei ele apertado.

- Hoje na escola eu desenhei nossa família. - Ele disse todo feliz e sorri mais ainda.

Nosso Samuel tem 5 anos, foi um susto pros meus pais quando descobriram da chegada dele, tanto que minha mãe decidiu fazer laqueadura pra não ter mais mais perigo.

Nosso bebezinho foi diagnosticado com Autismo grau dois aos 2 anos, então desde pequeno ele já tem acompanhamento com neuro, fonoaudióloga e psicóloga.

Hoje ele é outra criança, ninguém diz que ele é autista, mas quando ele fica bravo, ele sai quebrando tudo e gritando. Só meu pai pra segurar e controlar ele pra não se machucar.

Ele me mostra o desenho enquanto comemos bolo e faço um carinho em seus cachinhos pretos.

- Ôh Henrique, vem aqui agora. - Minha mae diz brava e olho pra ela, que tem o celular na mão.

Até meu pai estranhou o tom bravo dela, minha mae é a pessoa mais calma do mundo.

- Que foi? - Ele entrou na cozinha com cara de tédio.

- Quem deixou você comprar coisa de jogo no meu cartão? - Ela perguntou, com a cara fechada.

- Ah mãe, eu precisava comprar uma armadura nova no jogo. - Ele pegou um pedaço de bolo e deu de ombros.

- É a última vez que te digo Henrique, não quero você pegando meu cartão escondido pra comprar coisa de jogo. - Ela disse a passou a mão no cabelo irritada.

- Nem vai te fazer falta cara, que desespero por causa de 300 reais. - Ele disse todo debochado e eu virei pra olhar indignada pra ele.

- Olha como tu fala com tua mãe Henrique. Faz dias que tô de olho em ti, não queira que eu exploda contigo. Eu e tua mãe sempre te demos tudo e nunca te tratamos desse jeito, então o mínimo que tu tem que ter por ela é respeito. - Meu pai disse sério e me tremo toda com a voz mais grossa dele.

- Tá tá, foi mal. - E simplesmente voltou pro quarto, batendo a porta.

Minha mãe sentou no colo do meu pai e ele fez um carinho no braço dela.

- O mano falou feio com a mamãe, não pode. - Meu irmãozinho foi até ela e deitou a cabecinha em seu colo, tentando a abraçar. - O Samuca vai proteger a mamãe.

Ri junto com eles e o clima ruim se dissipou na mesma hora.

- Que que o senhor tava falando grosso? - Felipe entrou na cozinha e sentou do meu lado, puxando nosso gordinho pro colo dele.

- O Rique falou coisa feia pra mamãe e o papai brigou. - Samuel disse e meu irmão arqueou a sobrancelha.

- De novo? - Meu pai assentiu.

- Tudo por causa daqueles jogos e amigos da internet, a hora que eu explodir eu quebro aquela merda em pedaços. - Ele abraçou minha mãe com força e ela se aconchegou no peito dele.

Tá, sou apaixonada neles.

- Te ajudo, ontem a noite eram 3h da manhã e ele tava gritando no quarto. - Meu irmão bufou e eu assenti.

- Eu ouvi também, mandei mensagem pedindo pra ele falar baixo e ele até que diminuiu a voz. - Disse e dei um pedaço de bolo na boca do Samuel.

- Pior erro da minha vida foi ter dado aquele computador pra ele, na hora nem me liguei que essa porra vicia. Ainda mais ele que tem cabeça fraca. - Meu pai disse e bebeu o café dele.

- Relaxa amor, amanhã vou tentar conversar com ele. - Minha mãe disse, paciente e amorosa como sempre.

- Bom, vou pro quarto que tenho alguns exercícios da facul pra fazer. - Me levantei e beijei o rosto de cada um, antes de ir pro quarto.

Peguei meus cadernos e abri o notebook, ligando o mesmo.

Sentei na cadeira em frente a minha mesa de estudos/penteadeira, começando a fazer as atividades que foram passadas hoje.

...

- Filha vem jantar. - Meu pai disse da porta do quarto depois que autorizei ele entrar.

- Aí vamos tô morta de fome. - Levantei e andei até ele, que me abraçou de lado e andamos juntos até a sala de jantar.

Sentei ao lado do Felipe e comecei a me servir, vi de relance o Henrique pegar o prato que tinha servido e tentar sair da sala de jantar.

- Senta. - Meu pai disse com a voz firme e ele sentou bufando, começando a comer.

Vi minha mãe fazer um carinho na nuca do meu pai e ele se acalmou na hora.

Um cachorrinho adestrado, puta que pariu. Segurei a risada com meus pensamentos e comecei a comer.

- Ta gostando mesmo do curso filha? - Minha mãe perguntou e eu sorri, assentindo.

- Demais, tô completamente apaixonada. Óbvio que tem as partes chatas mas tô amando. - Ela sorriu pra mim.

- Quando eu crescer vou ser doutor, igual a doutora Monique que me ensinou a falar certo. - Olhamos todos pro Samuel e rimos.

Vi um leve sorriso no rosto do Henrique e sorri mais ainda.

Acho que o ponto fraco de todos nós é nosso pequeno Samuca.

...

Quando Você ChegouOnde histórias criam vida. Descubra agora