Capítulo 11

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• Isabella LeBlanc Sanchez •

Voltei pra aula com a calcinha molhada.

O filho da puta me desestabilizou em segundos e me deixou com a calcinha encharcada com aquela voz rouca falando no meu ouvido.

Como isso é possível?

Passei o resto das aulas só pensando no tal do açaí e assim que a aula acabou, soprei um beijo pras meninas e desci pro estacionamento.

Arrumei meu cabelo rapidamente e caminhei entre os carros, vendo ele encostado no Audi dele.

- Bora lá morena? - Ele disse assim que parei na frente do mesmo, assenti sorrindo.

- Vamos, tô morrendo de calor. - Sorri pra ele e me afastei quando ele deu um passo pra frente, abrindo a porta do carro.

- Damas primeiro. - Disse fazendo graça e eu ri dando um soco de leve no braço dele.

- Idiota. - Neguei com a cabeça e ele me olhou com um sorrisinho.

Entrei no carro e ele fechou a porta, coloquei minha mochila no chão aos meus pés e passei o cinto no meu corpo.

Vi ele entrar e jogar a mochila pra trás, antes de colocar o cinto e dar partida no carro enorme dele.

- Então tu gosta de carro grande. - Disse, olhando pra ele que tinha a atenção no trânsito.

- Pra caralho, sou completamente apaixonado por carro alto assim. - Ele sorriu e me olhou rapidamente.

- Eu acho engraçado esse negócio de ser apaixonado em carro, meu irmão e meu pai são assim com BMW. Meu pai tem três e uma Porsche que usa só pra levar minha mãe pra jantar.  - Ri lembrando da cara da minha mãe quando ele chegou em casa com aquela Porsche.

- Caralho, Porsche é sacanagem, não tem como não gostar. - Ele riu comigo e entrou na avenida da praia.

- Eu acho linda mas sou bem desapegada com isso. - Disse pra ele que sorriu de lado.

- Ainda quero uma Range Rover, meu pai queria me dar no meu aniversário de 22 mas não deixei, falei que quero comprar com meu próprio dinheiro, trabalhando sabe. Quero que seja minha primeira conquista. - Ele dizia com um sorriso bobo no rosto.

- Te entendo, meus pais e das meninas que vão ajudar com o investimento inicial do restaurante, mas vamos devolvendo todo mês uma quantia. É como um empréstimo. - Falei pra ele que estacionava o carro.

- E tá certa, aceite a ajuda e se não se sente confortável 100%, devolva o dinheiro conforme pode. - Ele disse e saiu do carro, sorri e desci também.

Ele travou o mesmo e passou o braço pelo meu ombro.

- O açaí daqui é viciante, sempre que posso venho comer. - Ele dizia enquanto andávamos até o quiosque.

- Eu amo açaí, já experimentou o original lá do Norte? - Perguntei pra ele que me olhou rapidamente.

- Nunca, dizem que é amargo, é verdade? - Assenti, parando no quiosque com ele.

- Sim, tem que saber combinar se não fica ruim. - Disse e olhei pro atendente. - Um açaí 550ml com leite em pó, leite condensado e morango.

- Um de 550ml também com leite em pó, leite condensado e banana. - Ele disse e passou o cartão por aproximação.

Ele me puxou e sentamos em uma das mesas que tinham ali. Ele em um lado e eu do outro, mais ainda sim ao seu lado.

- O Davi me falou de um tal de Samuca, teu irmão. Esse tu ainda não me falou sobre. - Ele disse e eu sorri, sentindo meu peito encher de amor lembrando do meu gorduchinho.

- O Samuel é o amor da minha vida, ele tem cinco anos e é o bebê mais amoroso e gostoso desse mundo. Quando minha mãe descobriu que tava grávida dele, foi um susto, ninguém esperava que isso aconteceria depois de dez anos. - Parei de falar quando o atendente colocou os copos na mesa e agradecemos. - Com 10 meses começamos a notar que ele não gostava muito de toques, nem de beijos e gostava muito de brincar sozinho e ficar quieto num mundo que ele criou na cabeça dele mesmo. Com um ano e meio numa consulta com a pediatra, ela pediu pro Samuel ir consultar com um neurologista após minha mãe externar pra ela que meu irmão ainda não falava direito, não sabia demonstrar o que ele queria e só chorava e ficava nervoso quando as coisas não aconteciam do jeito que ele desejava. - Dei uma colherada do meu açaí e continuei. - Mas nunca sabíamos o que ele queria por que ele não se comunicava, não expressava as vontades dele, só gritava e se jogava no chão, chorava, batia em tudo e em todos. Então ela levou no neuro e ele diagnosticou nosso bebê com autismo grau 2, foi um choque pra todo mundo por que a imagem que tínhamos do autismo era muito pesada e triste, mas estudamos todos juntos e entendemos melhor, meu irmão evoluiu tanto nesses anos no tratamento de convivência, de expressividade e de comunicação que nem parece ser autista. Todos dizem que não é notório ele ter a síndrome, só realmente percebesse quando ele entra em surto, aí o negócio fica feio que só meu pai consegue segurar ele e o acalmar.

Terminei de falar e comi mais um pouco do meu açaí, vendo o Nicolas me olhar com um sorriso de canto.

- Quero conhecer ele. - Foi tudo que ele disse e senti meu sorriso crescer.

- Um dia tu conhece, mas não tente roubar meu gorducho de mim. Sou ciumenta. - Fiz bico apontando minha colher pra ele.

- É ciumenta é? - Ele lambeu os lábios sujos de açaí e eu acompanhei o movimento com o olhar.

- Muito. - Sorri de lado e mordi minha colher, sustentando meu olhar no dele.

- Bom saber, também sou. - Ele arqueou a sobrancelha e eu ri de lado, lambendo minha colher suja de açaí.

Ele olhou diretamente pro movimento que eu fazia com a língua e mordeu o lábio inferior.

Voltei a comer como se nada tivesse acontecido.

...

Bateram a meta de seguidores, acordei feliz com isso.

170 comentários aqui pro próximo cap <3

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