Capítulo 74

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• Isabella LeBlanc Sanchez •

Passei a manhã toda com minha mãe na praia, comemos um pastel e um churros de almoço e só voltamos pra casa quando eu estava me sentindo melhor.

Minha mãe conseguiu restaurar minha autoconfiança e ainda me levou pra hidratar o cabelo. Tem coisa melhor?

Fui direto pro meu quarto e troquei aquela roupa, o tempo tinha mudado consideravelmente.

E pra ideia que eu tinha na cabeça, não poderia usar aquela roupa largada.

Peguei um body branco que tinha transparência na barriga e vesti, ajeitei o decote com cuidado e então vesti uma calça pantalona preta.

Mordi a ponta da unha olhando meus sapatos e peguei um preto com a sola vermelha, calçando o mesmo em seguida.

Agora preciso dar um jeito nessa cara de choro.

Fui até minha penteadeira e pinguei um colírio nos olhos, antes de começar a fazer uma maquiagem leve mas ao mesmo tempo pesada o suficiente pra esconder minhas olheiras.

Finalizei com meu gloss de morango e sorri me sentindo bem melhor.

Bem que dizem que tirar um tempo pra se cuidar e se fazer sentir bonita ajuda muito na autoestima.

Levantei, peguei minha bolsinha preta e coloquei tudo minhas coisas dentro.

Fui pra sala e minha mãe bateu palmas me olhando.

- Tá linda, vai lá quebrar a cara dele. - Ela disse  jogando o controle da Porsche pra mim e meu pai arregalou os olhos.

Pisquei pra eles e sai de casa, rodando o controle no dedo.

- Minha Porsche amor. - Meu pai choramingou e só ouvi o barulho de um tapa.

Bem feito.

Entrei no carro e joguei a bolsa de lado, me olhei no espelho e sorri pra mim mesma, antes de passar o cinto e sair cantando pneu da garantem e do condomínio.

Dirigi tranquilamente pelas ruas até chegar na empresa dos pais do Nicolas.

Respirei fundo e peguei minha bolsa, desci do carro trancando o mesmo e caminhei pra dentro, tendo a atenção de algumas pessoas em mim.

- Boa tarde, em que posso ajudar? - Uma moça da recepção disse sorridente pra mim.

- Boa tarde, consegue avisar o Nicolas que a Isabella está aqui? - Sorri de lado pra ela e bati as unhas no balcão.

- Claro, só um momento. - Sorriu pra mim novamente e pegou o telefone.

Não demorou muito e ela desligou, avisando que ele estava descendo.

Agradeci e me encaminhei até a grande parede de vidro, fiquei olhando pra fora esperando por ele.

- Amor? - Ouvi a voz do mesmo e me virei, ele umedeceu os lábios e me olhou dos pés a cabeça.

- Vamos conversar. - Disse séria e ele arregalou os olhos, assentindo.

- Vem. - Estendeu a mão pra mim mas ignorei e passei reto por ele, indo direto pro elevador.

Logo senti a mão dele nas minhas costas, e seu corpo atrás de mim.

Não falei nada mas sentia seu olhar sob mim o tempo todo enquanto o elevador subia.

Sai do mesmo ao seu lado e caminhamos até uma sala que tinha seu nome na porta.

Entrei e logo ele fechou a porta atrás de si.

- O que foi? - Perguntou receoso e joguei minha bolsa na cadeira estofada que tinha ali.

- Vou ser bem direta Nicolas, ontem você foi um babaca e essa foi a última vez que isso aconteceu. Te desculpei duas vezes e tô cansada. - Suspirei puta da cara e coloquei o cabelo atrás da orelha, abri a boca pra voltar a falar mas bateram na porta.

Ele ia abrir, mas fui e abri primeiro.

Olhei pra loira baixinha parada do lado de fora que tinha um batom vermelho na boca.

- Ah não sabia que o Nicolas estava em reunião. Desculpa. - Ela disse e olhou pra ele, sorrindo de canto.

- Qual teu nome? - Perguntei séria, ela se voltou pra mim e me olhou dos pés a cabeça.

- Laís, por que? - Desviou o olhar novamente pro Nicolas que tava parado igual um poste no meio da sala.

- Então Laís, tá tendo alguma coisa entre vocês? - Perguntei educada e ela me olhou, sorrindo de lado.

- Bem que eu queria, mas ele disse que namora. - Deu de ombros rindo toda meiga e eu dei um passo em sua direção.

- Ou você some da minha frente ou eu juro que vou socar sua cara até você não conseguir mais respirar. - Disse seria e ela arregalou os olhos.

- Amor. - O Nicolas me chamou e tocou meu braço.

- Amor o cacete. - Me desvencilhei dele e apontei pro elevador, olhando pra menina que tremia. - Some. - Berrei e ela saiu correndo.

Me virei pro Nicolas que tinha os olhos arregalados e apontei pra dentro da sala, ele entrou rápido e eu o segui, fechando a porta.

- Continuando Nicolas, cansei, cansei de ser a namorada perfeita que desculpa suas merdas. Ou você abre a porra dos olhos pra essas descaradas que dão em cima de homem comprometido, mesmo eles falando não, ou você me esquece. - Apontei pra ele, tremendo de ódio. - Eu sou insegura? Sou! Eu sou ciumenta? Sou! Mas eu também sei do meu valor, passei sim horas chorando com medo de te perder mas já passou, eu não vou ficar rastejando atrás de explicação, não vou ficar invadindo a privacidade do teu celular, mas também não vou me sujeitar e ter um namorado que não enxerga que tá me fazendo mal todas essas situações de merda. Esconder o celular pra eu não ver a notificação? Apagar a tela pra eu não ver a mensagem? - Ri sem humor e neguei com a cabeça.- Na minha testa tá escrito "otaria" por acaso? Não né? - Respirei fundo e controlei as lágrimas que já banhavam meus olhos. - Eu posso te amar Nicolas, posso estar perdidamente apaixonada por você mas vai ser mil vezes melhor pra mim sofrer por ter que terminar com você, do que sofrer me sujeitando a ver mulheres dando em cima de ti e tu querendo bancar o legal com elas. Você ser legal é uma coisa, mas ser idiota é outra. E ver tudo isso acontecer diante dos meus olhos, dói pra cacete, me sinto estúpida ao extremo, você não tem noção. Tô sendo adulta e madura o suficiente pra te dar esse último aviso, na próxima, que eu realmente espero que não aconteça, vou simplesmente virar as costas e sair da sua vida. Cansei.

Peguei minha bolsa e limpei os olhos rapidamente, me virando em sua direção de novo.

- Abre os olhos ou realmente tu vai me perder pra sempre. - Falei vendo ele com os olhos marejados e virei as costas, caminhando pra fora.

Engoli o choro vendo algumas pessoas do andar me olharem e entrei no elevador.

Me olhei no espelho limpando meus olhos com calma e respirei fundo algumas vezes.

Sai do prédio pequeno e entrei no carro, dando partida pra casa da Sarah em seguida.

...

Quando Você ChegouOnde histórias criam vida. Descubra agora