Capítulo 75

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• Nicolas Andrade Di Fiori •

Me sentei na minha cadeira, engolindo em seco e passei as mãos no rosto.

Eu sou muito idiota, puta que pariu.

Apoiei meus cotovelos na mesa e afundei o rosto nas mãos, sentindo meu peito apertado.

Eu sempre fui assim, sempre tentei não magoar as pessoas e quando via já estava magoando alguém com quem realmente me importo.

E dessa vez não foi diferente.

Mesmo falando pra Laís que eu namoro, ela conseguiu meu numero de telefone de algum jeito e eu nem me liguei nas suas segundas intenções.

Até ontem a noite quando ela me perguntou se eu não queria ir comer algo na rua com ela.

Quando vi a mensagem já era tarde e me toquei que ela tava atrás de mim por que queria algo a mais e não só saber coisa de trabalho.

E acabei descontando essa frustração na minha mulher, fui feito de idiota por uma pessoa e descontei na pessoa errada.

Respirei fundo mais uma vez e ouvi baterem na minha porta.

A pessoa colocou a cabeça pra dentro e eu suspirei.

- Posso entrar? - A Laís perguntou e eu neguei com a cabeça.

- Sai daqui, para de me procurar. - Falei sério e levantei, indo até a porta.

Abri a mesma e olhei em seus olhos.

- É por causa daquela mulherzinha? - Perguntou debochada e nesse momento queria que a Isabella estivesse aqui pra quebrar a cara dela.

- Respeita minha mulher, posso muito bem ser estagiário aqui mas tu sabe que te coloco pra fora em dois segundos. Não me procura mais Laís. - Disse sério e bati a porta na cara dela.

Caminhei até minha mesa e passei a mão no cabelo, totalmente frustrado e estressado com toda a merda que eu mesmo causei, de novo.

...

Entrei no meu apartamento e franzi a testa vendo a bolsa preta da Isabella no sofá.

Ouvi um barulho no quarto e caminhei até lá.

Umedeci os lábios vendo ela guardar umas roupas limpas no closet, ainda com a roupa de mais cedo no corpo e então cruzei os braços no peito.

- Não imaginei que ia estar aqui. - Falei e ela me olhou rapidamente.

- Tô puta contigo, mas infelizmente sou trouxa o suficiente pra pensar "meu Deus será que ele tem o que comer?" - Ela riu debochada e saiu do closet.

- Eu poderia pedir um lanche. - Dei de ombros e ela parou na minha frente.

A Isabella me olhou seriamente como se fosse me dar um soco e saiu do quarto logo em seguida.

Fui atrás dela.

- Vamos conversar? - Perguntei, vendo ela entrar na cozinha e olhar uma panela que estava no fogão.

- Só falar. - Disse calma e lavou as mãos, me apoiei na bancada e assisti ela começar a picar alguns temperos.

- Sei que pedir desculpas não vai adiantar, mas mesmo assim quero pedir. Desculpa por ter sido babaca, de novo. - Suspirei e passei a mão no cabelo. - Eu já tinha dito pra ela que eu namorava, mas não sei como ela conseguiu meu numero e me mandou mensagem ante ontem, eu respondi por que era sobre um projeto do meu tio que eu tinha ajudado a desenvolver. - Ela me olhou rapidamente e voltou a prestar atenção nos temperos. - Ontem quando ela mandou aquela mensagem, ela tinha dito boa tarde, não respondi e a noite quando tu veio deitar comigo e eu realmente desliguei a tela pra tu não ver. - Ela parou de cortar os temperos e segurou a faca, me olhando seriamente. Engoli em seco. - Ela tinha me chamado pra jantar e eu só vi quando deitamos. - Ela bufou brava e voltou a cortar uma cebola com força. - Eu neguei e disse pra ela parar, aí ela começou a mandar várias mensagens. Eu só não queria te deixar chateada com aquilo e acabei piorando a situação. Me desculpa por isso, deveria ter te contado tudo na mesma hora, vacilei feio.

Ela largou a faca e começou a colocar os temperos dentro de uma outra panela com óleo.

- Ontem mesmo eu notei que ela não tava querendo só saber coisa de trabalho, por isso descontei em ti, fiquei frustrado por não ter meu "não" respeitado. Errei feio e saiba que vou lutar pra conquistar teu perdão e também pra te mostrar que nada disso vai acontecer de novo. - Apoiei meu rosto na mão e fiquei olhando ela cozinhar o que eu acho que seria um macarrão com queijo e frango.

- Ela falou contigo depois que eu sai? - Perguntou com a voz calma mas sabia que ela estava a ponto de pular no meu pescoço só pelo jeito que me olhava de canto.

- Sim, foi até minha sala e ainda te chamou de mulherzinha, mas mandei ela vazar antes que eu colocasse ela no olho da rua. - Falei e a Isabella me fulminou com os olhos.

- Que ela não apareça na minha frente, eu odeio essa merda de rivalidade feminina, mas vou mostrar pra ela quem é a "mulherzinha". - Fez aspas com os dedos começou a lavar as coisas que usou.

Fiquei quieto assistindo ela fazer as coisas e depois de um tempo com a comida pronta, arrumei a bancada ali mesmo pra gente jantar.

Peguei meu celular assim que nos sentamos e mudei a senha pra nossa data de namoro.

- Aqui, não me importo de você mexer no meu celular, não vai invadir minha privacidade, até por que não tem nada demais aí, só uns nudes teu. - Dei de ombros e coloquei o celular ao lado do prato dela. - Data do nosso namoro.

Ela me olhou por um tempo e pegou seu próprio celular, desbloqueando e começando a mexer nele.

Então colocou ele ao lado do meu prato e testei a mesma senha do meu, vendo ela pegar ele também e começar a mexer enquanto comíamos em silêncio.

Nem ligo, minha mulher pô, só tem coisa minha e dela ali mesmo. Ia ficar puto se algum amigo ou meus pais pegassem.

Por que dai realmente estariam invadindo minha privacidade e também a dela.

...

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