A Minha Helena.

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2 dias atrás.

Já faz quase uma semana que Guilherme e Helena voltaram ao Brasil. Estamos em Roma no momento, lugar bonito confesso, mas não condiz com nossos sentimentos.
Bill é quem está sofrendo mais. Ele ia pedir Guilherme em namoro mas, infelizmente, não foi possível. Nós nos esforçamos o máximo para sorrir diante das câmeras. Diante da plateia em shows. Tento ignorar o que sinto. Tento ignorar a vontade de chorar.

Eu não fui me despedir de Helena, apenas a deixei plantada no meu quarto. Aquela foi a última vez que a vi.

Quando ela me disse que ia embora, algo dentro de mim se despedaçou. Eu não consigui me imaginar a milhas de distância da garota de olhos verdes. Eu me culpo por isso, sei que ela ficou mal. Mas eu não podia olhar nos olhos dela e me imaginar longe de Helena. Então, eu me recusei a aceitar que ela iria embora. Me recusei a ir me despedir. Me recusei a responder suas mensagens. Dizer um simples adeus doeria muito, mas muito. Não adiantou, meu coração dói a cada segundo. Não consigo suportar.
Uma ideia louca surge em minha cabeça quando estamos na sala do nosso quarto do Hotel. Olho para os meninos entediados em minha frente.

- Vamos para o Brasil - digo esperançoso e decidido. Todos me olham com cara de louco.

- Temos show daqui alguns dias- Georg diz - não podemos ir.

- Mas... mas nós precisamos deles - exito - eu preciso dela.

- A gente nem sabe onde eles moram - Gustav me olha.

- Que se foda, a gente pede pra qualquer um da rua. Eles moram no Rio de Janeiro né? - pergunto para Bill.

- Sim... - ele está mais quieto que o normal. Creio que esteja pensando nas possibilidades. Depois de alguns segundos diz - eu apoio irmos.

- Eu também - falo.

Gustav e Georg se entreolham e acenam com a cabeça.

- Eles fazem falta mesmo, faziam nossos dias ficarem mais ensolarados - Gustav levanta o braço a favor - apoio irmos.

- Vai que encontro o Wesley Safadão lá - Georg ri - Apoio.

Amanhece o dia e pegamos um avião mais rápido possível. Avisamos a mídia que voltaremos a tempo para o show. Tento não ficar ansioso. Preciso vê-la. Preciso tocá-la. Preciso beijá-la. Bill parece estar animado. Que bom. Faz dias que não o vejo assim.

Desembarcamos do avião e pedimos um táxi. Meu irmão disse que eles moram em Copacabana, estamos no aeroporto Santos Dumont, então é pertinho. Foi bem difícil dizer para o motorista onde queríamos ir. Ainda bem que a cidade nós sabíamos falar. Português é uma língua difícil.
Chegamos ao centro da cidade. Agora estaremos na missão de achá-los. Seria bem mais fácil se Bill pedisse a Gui, mas ele quer fazer uma surpresa a ele. Procuramos alguém que saiba falar inglês, um cara até diz "Sorry mermão, i no poder te dar uma moral, tá ligado?".

Algumas pessoas nos reconheciam mas não sabiam alemão ou inglês, só tiravam foto com a gente. Uma ou duas pessoas sabiam, mas não conheciam nenhum Guilherme ou Helena Guimarães. Quando achamos que tudo estava perdido, começa a chover. Acabamos ensopados antes de achar alguma loja de guarda-chuva. Estamos, no momento, andando por aí. Na esperança de achar quem queremos. Bill diz que vai ligar para Gui se não acharmos.

Estou pensando nela, em Helena. Lembro de seus olhos verdes brilhantes e sonhadores, de sua boca na minha, de seu cabelo macio entre meus dedos.

Até que a vejo.

Quase acho que é coisa da minha cabeça. Mas ela está lá. Bem na minha frente. No ponto de ônibus. Ela nos vê e parece não acreditar. Meu coração acelera. Preciso me desculpar. Preciso dizer que sinto muito. Corro em sua direção. Tudo acabará bem, tudo será como antes. Até um caro bater em mim.

O mundo gira ao meu redor. Não sinto nada além da chuva caindo em meu rosto. Pareço escutar a voz de um anjo, será que morri? Mas é algo melhor que um anjo, é Helena.

- TOM! TOM! Por favor Tom! - olho para ela que está chorando. Suas lágrimas se misturando com a chuva - fala comigo Tom.

Sinto meu irmão e os garotos ao meu lado. Mas apenas tenho olhos para a menina de olhos verdes.

- Te achei, gatinha - digo sem fôlego -
Me desculpa... me desculpa por...

- Tom, pode dizer isso depois, poupe seu fôlego irmão - diz Bill segurando minha mão.

- A gente achou ela - sorrio.

- Sim, a gente achou - meu irmão gêmeo ri entre lágrimas.

- Vai ficar tudo bem Tom. Tenta ficar acordado - Helena segura minha outra mão com força - Tenta ficar acor...

Antes que ela possa terminar. O mundo se apaga.
Acordo em um uma cama macia. Estou no hospital. Tento me mexer e sinto mãos nas minhas. Bill de um lado e Helena de outro. Georg e Gustav estão no sofá. Estão todos dormindo. Guilherme entra de repente e solta um grito ao me ver acordado. Todos acordam em sobressalto e me olham.

- AI MEU DEUS TOM!! - Bill grita - você está bem. Meu irmão está bem.

Ele me abraça com força me fazendo soltar um gemido de dor.

- Você só se mete em confusão - Helena diz irritada.

- Me meto em confusão por você - provoco.

- Não faça mais isso! Você quase me mata de susto de novo - lágrimas brotam em seus olhos - você podia ter morrido por minha causa.

- Mas não morri é o que impo... - Helena me abraça também, me fazendo perder o fôlego.

O médico diz que não quebrei nada, apenas tive uma leve hemorragia interna que já foi tratada. O carro freiou antes de bater em mim, reduziu o impacto. Dormi um dia inteiro. Amanhã poderei sair do hospital.

Georg viu fotos do Wesley Safadão e disse que é mais bonito que ele. A mãe dos Guimarães veio me visitar, para ver se estou bem. Até chamei ela de sogrinha, fazendo Helena corar. Eu e ela não ficamos a sós ainda, queria me desculpar. Mas terei outro momento para isso. Desfruto do momento bem a minha frente. Estamos reunidos novamente. Vejo Bill sorrir. Vejo Gustav e Georg rindo das piadas dos irmãos Guimarães. Me vejo olhando para ela, para Helena, que me retribui sorrindo.

O dia de ontem passa como um sopro de vento e recebo alta. Guilherme nos leva até sua casa, Helena está na escola agora de manhã. Queria poder passar todo o tempo que ficarei aqui com ela. A senhora Guimarães nos enche de comida. Falando que estamos muito magrinhos. Helena chega da escola toda feliz com uma sacola na mão.

- Bora praia hoje? - diz a garota de olhos verdes levantando a sacola, cheia de coisas para levarmos á praia.

Essa é a Helena que conheço, a minha Helena.

Meu Imperfeito Amor - Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora