Um telefonema.

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Olho fixamente para a tela da TV. Tom olha para câmera, como se estivesse realmente querendo que eu escutasse o que disse. Meu coração acelera. O Kaulitz sabe como mexer comigo. Vejo algumas meninas da plateia fecharem a cara. Minha pele arde em resposta.

Eu sempre fui sozinha. Meus pais trabalhavam o dia inteiro e meu irmão não estava presente. Eu tinha paz. Era triste por um lado. Não ter amigos com quem sair. Não ir a festas por não ser convidada. Não ter ninguém além do meu reflexo para conversar. Posso até ser egoísta, mas que bom que meus pais se divorciaram. Eu não teria conhecido os meninos. Não teria viajado e visto lugares incríveis. Não teria encontrado alguém que eu ame.

Agora eu entendo. É impossível ter paz ou ser feliz o tempo todo. A vida é uma completa bagunça e nós temos que dar um jeito. Ninguém vai ficar nesse mundo por muito tempo e o melhor a fazer é aproveitar.

Estou presa em meu subconsciente, quando algo me chama de volta. Meu celular vibra ao meu lado. Vejo o número desconhecido. Exito. E se for mais uma fã querendo me assustar? Afugento essas possibilidades da minha cabeça e atendo.

- Alô? - engulo em seco.
Meu coração acelera. Minha respiração fica desequilibrada. Suor ameaça se formatar em meu rosto. Até escutar uma voz conhecida do outro lado.

- Helena? Oh minha filha querida! - meu pai comemora - que bom que você não trocou de número. Como você está?

- Ah... - paro surpresa. Por que meu pai está me ligando? O que ele fez com minha mãe é imperdoável. Ela o amava e ele a traiu. Achou uma nova família. Nem sequer se importou com a gente - Estou bem. Por que me ligou?

- Então você quer ir direto ao assunto? Ok então minha filha. Queria ver você e seu irmão - responde por fim.

- O que? A gente está em Nova York pai - digo seca.

- Eu sei. Eu também estou. Vi seu irmão e a banda com quem trabalha na TV hoje - diz me fazendo mais uma vez, ficar surpresa - estou com saudades.

- Mas você não tem a sua nova família para matar a saudade? - sinto meu rosto ficar quente. Quente de raiva - Você abandonou mamãe sem pensar em como magoaria todos nós.

- Oh meu bem... eu sei. Eu errei. Mas eu encontrei outro alguém que me completa - tenta se justificar calmamente - você sabe que eu e sua mãe, mal nos falávamos. Trabalhávamos mais do que conversávamos. Não tínhamos tempo para cultivar o nosso amor. Então ele foi se esvaindo. Encontrei alguém que gostava do meu jeito e tinha tempo para mim. Não espero que você me perdoe porque, o que fiz foi muito ruim para o crescimento de vocês, mas ainda assim, vocês são meus queridos filhos.
E eu os amo.

Não sei o que dizer. Apesar de ele ter encontrado um novo amor, mamãe ainda o amava. Me lembro que, quando papai foi nos contar, eu e minha mãe estávamos no sofá. Ele chegou perto de nós. Respirou fundo e nos contou. Nos contou que tinha achado outro alguém. E que a amava. Mamãe entendeu. Ela fingiu ser forte na frente dele. Mas quando foi se deitar... chorou até dormir. O clima pesado começou a me consumir. Eu queria fugir dos meus problemas. E fugi. Deixei mamãe, o que foi um ato egoísta eu sei, mas ela queria um tempo sozinha. Ele ainda continua sendo meu pai, um pai que me criou bem. Me amou da forma certa. Me fez rir. Me abandonou. Seguro as lágrimas em meus olhos. Eu estou com tanta saudade dele. Tanta saudade.

- Eu... vou ver com Gui - minha voz sai fraca - você... pode me passar o seu endereço?

- Que maravilha!! Sim eu te mando uma mensagem de onde moro - sinto seu sorriso se alargar do outro lado - Ah, já tinha esquecido. Se puder, trás os meninos da banda. Quero conhecê-los.

Desligo e me jogo na cama. As vozes pararam de me atormentar agora. Espero que continue assim. Espero que me deixem dormir em paz. E é o que acontece.
Acordo com alguém ao meu lado. Me fitando. Tom está ali. Sorrindo feito bobo.

- Oi - diz me olhando fixamente.

- Oi - repito.

Ficamos nos olhando. Apreciando o silêncio ali presente. Mas eu o quebro.

- Foi... muito bom o que você disse hoje, na entrevista.

- Você acha? Que bom que viu. Espero que não aconteça mais aquilo - ele me lança um olhar triangular me fazendo estremecer - e... Desculpa por hoje. Eu não devia ter falado com você daquela forma.

- Tudo bem. Tecnicamente eu mereci. Preocupei vocês. Sinto muito - digo me aconchegando em seus braços.

- Não sinta. Você está bem e é o que importa - Tom levanta meu queixo e me dá um selinho. Lhe devolvo e vai aumentando. Sinto seus lábios macios que tanto amo, nos meus. Minhas mãos percorrem cada linha de seu corpo. O puxo para mais perto. Mais perto.

- HELENA!! Queria pedir descul... o porra - Gui abre a porta e para de falar, assim que vê Tom e eu dando uns amassos - Ah... desculpa. Eu não sabia que...

- Tudo bem. Podemos continuar isso outra hora, não é gatinha? - o Kaulitz me lança uma piscadinha e sai do meu quarto. Dando espaço para eu e meu irmão conversarmos.

- Se for para pedir desculpas. Desculpas aceitas. Tudo bem Gui. Eu também fiquei meio estressada e fiz merda - digo.

- Eu devia ter ficado feliz em vê-la bem. Não ter dado um sermão. Eu te amo irmã - Gui me envolve em seus braços.

- Tenho algo para te contar - falo me lembrando.

- Você está grávida? - brinca ele.

- Sim. 12 meses já - respondo rindo - mas é algo sério Gui.

Após falar o que papai disse no telefone. Que ele quer nos ver. Meu irmão chega à uma conclusão.

- Nós devemos ir - diz.

- Tem certeza? Depois de tudo que aconteceu? - pergunto nervosa.

- Sim. Vamos dar uma chance para ele. Para ele provar o seu amor por nós - Gui se levanta e vai em direção a sala - vamos falar com os meninos.


Meu Imperfeito Amor - Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora