- Tom fica quieto - digo limpando sua boca ensanguentada.
- Ai... isso tá ardendo - o garoto afasta minha mão e me olha arrependido - Helena, eu sinto muit...
- Você já disse isso um milhão de vezes, mas não muda o fato de você ter me feito passar vergonha na frente do meu pai - o corto irritada. Não com Tom mas com o babaca que o machucou.
Estava tudo tão calmo lá embaixo, na sala. Minha madrasta estava falando o quanto adorou me ver tocando guitarra. Ela pare legal mas me recuso a gostar dela. Meu pai disse que sentia falta de ir pescar com Gui e que quando pudesse, fossem ir juntos. Olhei para meu irmão com a cara fechada. Ele me disse que seria só uma visita e nada mais. Não estou a fim de conviver com outras pessoas.
Estava um silêncio total até escutarmos um barulho vindo do quarto de Milie e Josie. Subi correndo e vi Tom por cima de um menino. O Kaulitz mais velho estava sangrando assim como o garoto em baixo dele. Georg, Gustav e Bill tentavam separar a briga. Gritei para Tom parar. E ele parou. Descobri que o menino embaixo dele se chamava John. Meu outro "irmão". Logo após separar a briga meu pai levou John para baixo junto com as meninas, e deu uma bronca nele. Uma não muito agradável. Ajudei Tom a se levantar e o levei lá para a cozinha. Limpei o seu corte e coloquei gelo em seu olho inchado. A cada segundo Tom pedia desculpas.
- Ele falou coisas horríveis de Bill - me disse o Kaulitz mais velho em um momento - você sabe pelo que nós passamos no passado. Eu só... não me aguentei.
- Ele falou mal de Bill? - perguntei espantada quando soube - que babaca.
- Não só de Bill. Ele me chamou de americano. Americano Helena - Tom disse indignado.
- Eu que deveria ter dado um soco nele - digo por fim.
Enquanto estava limpando o seu corte na boca. Ele não parava de me olhar. Eu semicerrava os olhos em resposta mas mesmo assim, ele continuou.
- Qual é? Por que você está me olhando assim? - pergunto finalmente.
- Você fica linda irritada - responde rindo e parando assim que a sua boca dói - Eu estou ruim demais? Tem sessão de fotos amanhã se não me engano.
- Os tabloides iriam adorar criar teorias - rio.
A porta se abre e meu pai entra com John a sua frente. Ele se recusa a nos olhar. Espero que esteja arrependido. Bem arrependido.
- Desculpem por o que aconteceu. John gosta de provocar os outros - meu pai força um sorriso e cutuca meu irmão postiço para que fale.
- Ah... sinto muito. Eu não... devia ter falado aquilo. Não devia ter falado aquelas coisas para seu irmão - John levanta o olhar para Tom - eu mereci aquele soco.
- Mereceu e eu te daria mais um se tivesse a chance - O Kaulitz diz secamente e o olho para que fique quieto.
- Desculpe-me por Tom. Mas bom... tecnicamente você mereceu mesmo. Se eu estivesse lá presente não faria o contrário - digo o olhando com insignificância.
- Você deveria, principalmente, pedir desculpar para Bill - diz o menino do piercing.
- Eu pedi já - responde olhando para o chão.
- E o que ele disse? - pergunta Tom sério.
- Se você quiser saber pergunta pra ele - retruca John com um sorriso na cara. Papai o cutuca fazendo desmanchar o sorriso - Ah... resumidamente, ele disse que está tudo bem.
- Então ok. Se ele te desculpou te desculpo também - fala por fim o Kaulitz cruzando os braços.
John sai revirando os olhos. Papai se desculpa novamente e sai do cômodo também. Olho para Tom que está se segurando pra não rir.
- Que ótima família você arranjou - ri ele me olhando.
- Você está com dor mesmo, ou só está me fazendo ficar aqui pra ficar conversando com você? - pergunto.
- O que você acha - diz com graça nos olhos.
Tom olha para meus lábios. Sua boca se aproxima da minha. Então escuto uma voz. "Morra Helena". Me afasto com um susto.
- O que foi? - pergunta ele preocupado.
- Ah... bem... toda vez que me aproximo de você, eu meio que escu...
- Lena! Tom! - ouço Bill nos chamando. E nos acha na cozinha - a vocês estão aí.... cacete Tom. Não sei se vai dar pra gente tirar foto com você assim amanhã.
- É eu sei - responde ele.
Ficamos mais algumas horas ali na casa de meu pai. Sentamos no jardim e ficamos conversando. Percebo vários olhares de John para mim. Ignoro. Talvez esteja arrependido por ter batido no meu namorado. Papai ficou surpreso ao saber que seus filhos namoravam os irmãos Kaulitz. Ficou ainda mais surpreso ao descobrir a sexualidade de Gui. Bissexual.
Meus pais nunca foram homofóbicos. Gui nunca pareceu gostar de meninos também. Isso foi algo que descobriu recentemente. Ao conhecer Bill, sua alma gêmea. Sempre gostei de meninos. Até onde sei.
Ao nos despedirmos, Milie e Josie me abraçam felizes em me conhecer. Me perguntando como é namorar um famoso. Respondo apenas dizendo que é meio difícil sair nas ruas e não sermos fotografados.
- Um prazer te conhecer - John diz no meu ouvido assim que me abraça.
Não respondo. Apenas sorrio. Porque ele está sendo amigável comigo? Tom o olha com sangue nos olhos. Entro no carro e dessa vez, o Kaulitz mais velho que está em silêncio.
- O que foi agora? - pergunto a Tom.
- Aquele babaca do John me irrita. Ele estava te olhando estranho, você viu lembra? - pergunta - ele só quer me provocar.
- Relaxa. Tira isso da cabeça. Talvez seja só no começo - rio lembrando do passado - você também era irritante e só me provocava.
Rimos e observamos os pingos na janela do carro. Hoje foi um dia sem tantos acontecimentos, tirando a parte da briga de John e Tom.
- Você fez bem hoje - digo depois de um tempo.
- O que? - pergunta o menino do piercing confuso.
- Em defender Bill. Você fez bem em dar um soco naquele idiota. Bill não merece esse tipo de insulto - respondo indo lhe dar um beijo na bochecha.
Tom vira na hora e lhe dou um selinho. Ele não me deixa me afastar. Então o beijo. Um beijo suave e calmo. As vozes em minha cabeça, parecem estar mais fracas mas ainda me incomodam.
- Credo. Vão para um quarto - Georg diz quando nós afastamos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Imperfeito Amor - Tom Kaulitz
RomanceHelena Guimarães - originalmente brasileira; amante de guitarra e uma pessoa completamente anti-social - se vê obrigada a mudar-se para Alemanha e a morar com seu irmão por conta de problemas familiares no Brasil. Encontra-se trabalhando em um merca...