ToLena.

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- Você viu minha meia preta? - pede Bill desesperado - por que sempre some bem quando quero usar?

Estamos nos arrumando para ir ao show e logo após teremos entrevista. Sempre foi normal ter uma câmera apontada em nossa cara.
Bill pede a todos os meninos mas ninguém pegou a bendita meia. Só resta Helena, que está de cara fechada no quarto dela. Vou em direção a ele e bato na porta.

- Helena? Você por acaso pegou a meia preta do Bill ou a viu por aí? - pergunto sem receber resposta - Helena?

Espero mais alguns segundos e nada da porta abrir. Aviso que vou entrar.
Ela não está ali. A cama está arrumada assim como o quarto inteiro. Olho no banheiro e nada dela. Saio preocupado.

- Vocês viram a Helena? - pergunto aos meninos no sofá - ela não está no quarto.

- O que? - Guilherme fica confuso - ela não está no quarto dela? Droga. Ela não avisou nada a nenhum de vocês?

Todos discordamos. Possibilidades assustadoras surgem em minha cabeça. Ela não pode andar por aí com o que aconteceu ontem. O grupo de pessoas que a odeiam está aumentando. O que ela foi fazer?

- Vou ligar para o porteiro - diz Bill por fim. Todos esperamos ansiosos por uma resposta. Minutos se passam parecendo uma eternidade até Bill desligar o telefone - É... ela saiu. Mas disse ao porteiro para nós não nos preocuparmos.

- Ótimo - resmunga Georg - como a gente não vai ficar preocupado, com ela andando pelas ruas de Nova York sem seguranças?

- Vou tentar ligar pra ela - digo. Digito seu número. Ninguém atende. Ligo novamente. Nada - cacete. Ela não atende.

- AAAA merda Helena - fala Guilherme andando de um lado para o outro - a gente tem que ir ao show.

- E agora? - pede Gustav - o que a gente faz?

E como resposta do destino. A porta se abre. Helena entra vestida de uma forma não muito comum. Usando um boné que esconde a maior parte de seu rosto. Disfarce. Ela não saiu desprotegida. Fico aliviado em vê-la. Mas fico mais desapontado por ela ter saído sozinha.

- O que deu na sua cabeça de sair assim do nada?! - pergunto em um tom não muito agradável, fazendo o sorriso dela desmanchar.

- Ah, nossa. Calma gente eu só fui... - tenta dizer ela até ser interrompida por Guilherme.

- Como você não quer que a gente se preocupe com você? Se sai dessa forma sem avisar - pergunta irritado - você sabe o que aconteceu ontem. Quem sabe se não acontece novamente?

- Mas... olha - diz ela apontando para si mesma - eu fui disfarçada.

- Disfarçada? - debocho - Esse é meu boné. E se alguém reconhecesse?

- Uou - ela ri - se vocês estão tão preocupados por eu ter saído assim, deveriam estar felizes por eu ter chegado sem nenhum arranhão dessa vez. Mas a única coisa que fazer e ficar me julgando.

- Helena... - tenta dizer Bill notando a garota ficar vermelha de raiva.

- Vocês querem saber o que eu fui fazer? - pede ela se aproximando da gente - eu fui comprar algo para comermos depois do show, como pedido de desculpas por hoje de manhã. Mas eu não devia ter comprado merda nenhuma.

- Helena. Desculpa mas a gente só estava preocup... - fala Gustav até ser cortado.

- Preocupados?! É sério? Então vocês não deviam ter falado desse jeito comigo! - diz ela jogando as sacolas em cima da mesa - espero que saibam o quanto me machucaram. E eu não vou a esse show idiota de vocês!

Ela vai até o quarto, fechando a porta com tanta força que os quadros da parede tremem. Merda. Eu não devia ter me equivocado. Vejo Guilherme pensando a mesmo coisa de si mesmo. Alguns meninos tentam falar com Helena sobre ir ao show. Mas nenhum tem um bom êxito. Tendo ir falar com ela.

- Oi Helena. Tudo bem se você não quer ir no show. Mas... queria pedir desculpas. Eu só... - pauso procurando as palavras certas - estava com medo. Medo de você acabar como ontem. De fazerem algo pior com você. Sinto muito por termos estragado o seu bom humor. Não precisa me responder. Sei que não vai mesmo. Se cuida. Tranca a porta quando sairmos. Eu... ah.

Não consigo. Não consigo dizer que a amo. É fácil dizer isso ao meu irmão ou para minha família. Mas em um relacionamento... é difícil. Quando você diz "Eu te amo", está fazendo uma promessa com o coração de alguém. Terá o coração desse alguém em mãos. Tenho medo de fazê-la sofrer. De dizer que a amo e a magoar logo após.

Saímos todos com um triste humor.
Chegamos no local do show. Bill retoca a maquiagem e entramos em cena. As luzes piscam assim que começamos a tocar e cantar. A plateia vibra em emoção. Olho para o lado e vejo apenas Guilherme nos observando. Meu peito dói ao ver que Helena não está ali. Nos assistindo. Esse show é ao vivo. Espero que ela ao menos esteja assistindo. Tocamos algumas músicas do nosso álbum zimmer 483. Estamos nos organizando para lançarmos um novo em junho desse ano. Nosso primeiro álbum em inglês.
O show termina em uma salva de palmas. Meninas gritam meu nome e apenas aceno e sorrio em resposta. A única menina que tenho olhos, não está aqui. Vamos até onde será a entrevista. Estamos de cara com os entrevistadores e alguns fãs logo atrás. Há vários cartazes com nossos rostos estampados. Mas um em particular me chama a atenção. Um cartaz escrito "ToLena". Um shipp de mim e de Helena. Uma colagem nossa. Não consigo conter o sorriso. Volto ao planeta Terra assim que o entrevistador fala o meu nome.

- Tom. Notei que hoje não temos a sua namorada aqui presente, se ela for mesmo a sua namorada - diz o homem.

- Ah sim. Ela é minha namorada. Ela não pode vir, infelizmente - respondo.

- Pode nos dizer o motivo de não terem se pronunciado a respeito do namoro antes? - uma mulher pergunta.

- O principal motivo era o descontentamento das fãs. Mas não adiantou muito não ter falado. Foi descoberto mesmo assim - digo desmanchando o sorriso - E como vocês já devem saber, Helena foi vítima de um ato desumano.

- Ah sim. Está em todos os jornais. "Fãs raivosas se vingam de suposta namorada de Tom Kaulitz". O que você tem a dizer sobre isso? - continua a mulher.

- Estou desapontado. Desapontado com essa atitude rebelde de minhas fãs. Eu estou feliz com Helena ao meu lado. Ela é uma garota incrível e não merece passar por esse tipo de coisa. Se estou feliz, um fã de verdade deve estar também - finalizo.

Os meninos ao meu lado me olham surpresos. Surpresos com meu discurso. Espero que ela esteja vendo.

Meu Imperfeito Amor - Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora