Georg, Gustav e eu, estamos em um mercado. Torço para que meu disfarce seja o suficiente. Na verdade, estou usando apenas um óculos de sol. Assim ninguém verá meu olho todo fodido.
Eu não queria, realmente ir ao mercado, só quis ficar longe de Helena. Evitá-la. A gente vai sair hoje a tarde. Mas não muda o fato de ela ter duvidado de mim. Aquele babaca do John só sabe falar merda. Um completo idiota. Ele me persegue, não larga do meu pé. E adivinhem. Esse merdinha está aqui também.
- Olá Tokio Mot... Hotel - se aproxima rindo - que coincidência os encontrar aqui.
- Uma coincidência bem desagradável - digo.
- Ow Tomzinho. Não gosta de mim é? Pena que sua namorada gosta, não? - ele cruza os braços em superioridade.
Vou pra cima dele mas Georg e Gustav me seguram.
- Eu e alguns amigos vamos à uma festa aqui por perto. Por que não vão? Desafio do shot, quem bebe mais - continua John - topam?
- Não, a gente tem que voltar para o Hotel - fala Gustav me puxando.
- Ow, que peninha. São tão fracos assim? Aposto que não aguentariam nem 3 shots.
- Você que acha - digo olhando para ele com total desprezo - beber é minha especialidade.
- Então por que não vamos juntos? Não vai demorar tanto assim - levanta as sobrancelhas em desafio.
De repente me esqueço completamente que ia sair com Helena.
A raiva, o desejo de vingança, me consome. Sinto uma vontade imensa de humilhar esse cara em infinitas maneira possíveis.- Fechado.
John nos guia até a festa em sua moto. Georg dirige olhando todo momento pelo retrovisor.
- Vai dar ruim Tom - fala ele - você não ia sair com Helena? Conversar com ela?
- Ah... - lembro - mas vai ser rapidinho. Só quero tirar o ar de superioridade desse idiota.
- Isso definitivamente não é uma boa ideia - diz Gustav - ela não vai gostar de saber que você arranjou confusão.
- É só vocês não contarem nada - digo.
Descemos do carro entrando na festa. As luzes coloridas me cegam mesmo eu usando óculos escuros. Meninas gritam ao nós ver. Sigo John até um mesa junto com seus amigos. Vários celulares apontam para gente. Georg e Gustav falam para não gravarem nada, mas eles nem ligam. Meu celular vibra e vejo uma mensagem de Helena.
*Onde você está? Vou te esperar no parque, te mandei o endereço* digita ela.
* Talvez eu demore um pouco, mas já chego aí* respondo.
- Ok. Então é o seguinte. Eu contra você. Faremos perguntas um ao outro. Quem não quiser responder, bebe um shot - diz John.
- Moleza - digo.
Olho para Georg e Gustav que balançam a cabeça em desaprovação. Dane-se. A raiva é um vento que apaga a lâmpada da minha mente.
- Eu começo - John me olha com um sorriso malicioso - você e Helena... já transaram?
Pego um copo e bebo. Droga. Ele tá jogando sujo. Envolvendo Helena nessa também. Não vou lhe dar o prazer de saber coisas sobre nós dois. Só quer me provocar. O álcool arde em minha garganta. Se ele vai jogar assim, também vou.
- Você vê mesmo Helena só como irmã? - pergunto o fitando.
Vejo seu semblante desmanchar. Toquei na ferida. Ele bebe um copo e sorri para mim.
- Você acha que Helena confia em você? - pede ele com fogo nos olhos.
- É claro que sim - repondo confuso.
- Ow. Deve ser difícil para ela. Coitadinha. Toda vez que chega perto de você ouve vozes na cabeça - ele diz cada palavra com ênfase. Do que ele está falando?
- O que?
- Ela não te contou? - John finge surpresa - que peninha. Acho que ela não confia em você tanto assim.
- John. De que vozes você está falando? - pergunto irritado.
- Ué, aquelas do dia em que as fãs a atacaram. Pobrezinha. Pude ver seu sofrimento quando me contou - diz ele em ar inocente. Quero tirar esse sorriso da boca dele.
- Você não sabe do que está falando, está inventando - dou a volta na mesa e fico cara a cara com ele.
- Tem certeza? - pergunta ele sem desviar o olhar - por que você acha que ela se afasta de você as vezes? Porque ela te ignora em alguns momentos? Junte as peças Kaulitz.
Então eu percebo. A maioria das vezes que nós estávamos próximos, ela estremecia dizendo apenas, que era uma dor de cabeça. Por que ela não me contou? Olho para John que está com um sorriso no rosto. Contenho meu impulso de quebrar a cara dele. Viro de costas e vou em direção a saída.
- Que pena que Helena é minha irmã - escuto John dizer entre a multidão - e mande um oi para seu porco espinho.
Dou meio volta e me jogo em cima dele. Falou de Helena e ainda por cima, de meu irmão? Foda-se se estão gravando. Foda-se todos ao redor. Lhe dou um soco em seu nariz o fazendo sangrar. Os amigos de John me tiram de cima dela a força me chutando, Georg e Gustav me tiram dali o mais rápido possível. Me solto de seus braços e vou até o bar. Peço a bebida mais forte que tenham.
- Tom chega - Gustav levanta a voz - vamos voltar agora.
- Relaxa, só vou pegar um bebida - sorrio tonto. O garçom me entre uma garrafa de cerveja e tomo tudo de uma vez.
- Vamos voltar agora - Georg me puxa por um lado e Gustav por outro.
Começo a rir. A rir do meu estado deplorável. Rir de John com o nariz quebrado. Rir de Helena por não ter me contado. Rir de tudo. Gotas de chuva descem pela janela. Que ótimos clima, combinando com meus sentimentos. Me sento horrível. Helena não confia em mim? Por que ela não me contou nada?
Olho o horário, 6:30.Meu coração para.
Eu esqueci.
Esqueci de ir ao parque.
Peço a Georg ir até lá, seguindo o endereço que Helena me mandou. Mando mensagem para ela mas não me responde, ligo e não atende. Ignoro os meninos pedindo para eu não sair por conta da chuva. Olho para os lados procurando a minha garota. Não encontro. A culpa me atinge. Me sinto um lixo ambulante ao entrar novamente no carro todo encharcado. Gustav e Georg tentam falar comigo. Mas o que ouço é apenas o barulho da tempestade.
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Meu Imperfeito Amor - Tom Kaulitz
RomansaHelena Guimarães - originalmente brasileira; amante de guitarra e uma pessoa completamente anti-social - se vê obrigada a mudar-se para Alemanha e a morar com seu irmão por conta de problemas familiares no Brasil. Encontra-se trabalhando em um merca...