- O que aconteceu? Não está arrependida, está? - pergunto ao sentir Helena estremecer em meus braços.
- Claro que não. Eu nunca me arrependeria disso.
- Então porquê está tremendo? Não quis machucá-la - Digo acariciando suas costas nuas.
- Não sei bem por quê - responde - só é algo... diferente.
- Foi... muito. Muito bom - beijo seus cabelos - acho que devemos ir dormir. Amanhã tem nossa última entrevista aqui.
- Ok. Então... boa noite Tom - Helena diz ao se aconchegar em mim.
- Boa noite Helena - olho para a garota deitada em meu peito. Me sinto bem, tranquilo. Mas algo me incomoda. Como direi ao público, para as minhas fãs, que estou em um relacionamento? Guilherme teve que mudar de conta nas redes sociais. Várias garotas estavam ameaçando ele. Isso ferra o psicológico. Quem asseguraria que não seria atacado na rua uma hora ou outra, por fãs obcecadas? Tento relaxar mas não consigo. Pensar que tem chances de isso acontecer com Helena também.
Quando finalmente consigo dormir, sonho com Helena. Com ela sendo julgada. Atacada por fãs obcecadas.
Andando pelos ruas e sendo alvo de xingamentos. Acordo no meio da noite em um pulo. Ofegando. Helena está dormindo ainda. Não quero ficar pensando nas coisas ruins. Posso aproveitar as boas. Quero aproveitar a proximidade dela.
Cuidadosamente, toco em seu rosto. Ele está suave, sem expressão. Percorro meus dedos por todo seu rosto. Decorando cada traço seu. Ela é linda. A minha Helena.Seus olhos se abrem e me sinto envergonhado de ficar a observando. Ela olha para mim, sorri, e os fecha novamente. Com meu polegar, faço carinho em sua bochecha. Eu nunca lhe falei que a amava. Não que eu não a ame. Mas... tenho inseguranças em relação a isso. Tenho medo de ficar vulnerável ao amor. Me abrir assim pode significar que podem me machucar. Sou inseguro para a felicidade e para o amor. Sempre acho que algo vai estragar, que tem alguma coisa errada e que não vai durar.
Eu pegava várias garotas por diversão. Para tentar preencher um vazio. Com Helena foi diferente. Eu senti que com ela, queria algo a mais. Eu mudei por ela. Mas não completamente. Sinto falta de ir em festas me divertir. Não se muda totalmente de um momento para o outro. Precisa de tempo.Acordo e deixo Helena dormindo. Vou até a cozinha e vejo Georg e Gustav na TV. Guilherme e Bill estão na varanda. Preparo um café para mim e Helena. Sinto mãos ao redor de minha cintura.
- Bom dia Tomzinho - diz Helena pegando a xícara de café.
- Desculpa - brinco - mas esse café é para outra pessoa. Bonita. Baixinha. Loira.
- Vai se foder. Não sou baixinha. Um e setenta e três é razoável - Helena me cutuca.
Começamos uma pequena guerra de pó de café, até escutarmos alguém batendo na porta. Olho para Bill que dá de ombros e se dirige até ela.
- Merda - diz ele arregalando os olhos ao olhar pelo olho da porta - é o entrevistador.
- O que? Sem avisar e à essa hora? - pergunta Georg indignado.
- Faz parte do show - repondo tentando limpar minha blusa suja de pó de café.
- Eu vou abrir, finjam surpresa - Bill abre a porta.
- Bom dia Tokio Hotel!! - diz o homem, com um cabelo cheio de gel, em inglês. Um carinha já o acompanha gravando tudo - Desculpem-nos chegarmos à essa hora, e sem avisar, mas gostaríamos de lhes fazer uma surpresa.
- Que surpresa hein - ironizo.
- Gostaríamos de mostrar a rotina de vocês aos fãs. O que me dizem? - pergunta ele.
- Ah... por mim tudo bem - responde Bill.
- Com uma câmera apontada pra gente, seria deselegante recusar - digo recebendo um olhar, para me conter, de Bill.
- Oh sim. Obrigado por aceitarem. É um grande prazer vê-los novamente. Venham. Vamos nos sentar no sofá - diz ele apontando - quero fazer algumas perguntas a vocês.
Depois de todos nos sentamos ele continua.
- Percebi que esse cômodo está bem limpo. Será porque temos uma moça, que não deixa vocês sujarem? - pergunta pra Helena.
- Bom. Creio que sim. Alguns dias atrás enchi uma sacola cheia só de latas de coca e salgadinhos por aí - reponde ela rindo - se não fosse por mim, isso estaria um chiqueiro.
- Meninos são relaxados mesmo. Digo isso por experiência própria - o entrevistador ri e contenho uma carreta - vejo alguns travesseiros a mais no sofá. Alguém dorme aqui?
- Tom dorme aí. Ele ronca de mais então tivemos que afastá-lo de nós - brinca Gustav.
- Dei meu quarto a Helena - conto a versão certa - temos só quatro quartos para 6 pessoas. Então abri mão do meu.
- Que cavalheiro de sua parte, Tom - o homem me parabeniza - e Guilherme onde dorme?
Um silêncio paira sobre nós.
- No meu quarto - reponde Bill um pouco nervoso - comigo.
- Uau que revelador - o entrevistador diz.
- As vezes escutamos alguns sons estranhos vindo de lá, mas é normal agora - digo zoando com Bill.
- E as vezes você não vai ao quarto de Helena fazer o mesmo? - meu irmão arregala os olhos após perceber o que disse.
Ainda não falamos ao público sobre nosso namoro. Não sei se eu deveria contar agora. Sinto o olhar de todos para mim. Esperando uma resposta.
- Vocês são muito ruins no baralho. Ninguém ganha de mim e de Tom quando jogamos juntos. Apenas ensaiamos jogadas estratégicas as vezes - me socorre Helena. O entrevistador parece não perceber a mentira. Até eu acreditaria se não soubesse o que realmente fazemos. Suspiro de alívio e sorrio para ela.
- Vocês já estão devendo 100 euros - digo participando da mentira.
- Acho que vocês são trapaceiros - diz Bill tentado reparar os estragos.
- Amantes de jogos? Incrível! - o homem diz levantando as sobrancelhas - posso jogar com vocês depois para ver se são tão bons assim.
Droga. Por essa eu não esperava. Olho para Helena que teve a mesma reação.
- Vai dar não - Guilherme fala - joguei o baralho no vaso esses dias. Não aguentava mais perder.
Rimos da mentira como se fosse uma verdade.
Enquanto o entrevistador está vendo Georg, Gustav e Guilherme fazendo comida para o almoço. Eu, Helena e Bill estamos na varanda.
- Desculpem-me por antes - se desculpa meu irmão - eu disse sem pensar.
- Tudo bem - Helena o reconforta - Nós não decidimos quando contar e como contar ainda. É meio complicado. Sei que entende.
- E se vocês postassem uma foto só de suas mãos com os anéis, sem mostrar o rosto? Saberão que Tom está namorando mas não saberão quem é para encher o saco - suspira Bill - Guilherme é alvo de xingamentos todos os dias. Ele finge não ligar mais se que o machuca.
- Podemos tentar - digo beijando a mão de Helena.
- Beija a minha também - Bill diz colocando a mão na minha boca.
- ECA BILL! VAI SABER ONDE VOCÊ ENFIOU ELA - grito.
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Meu Imperfeito Amor - Tom Kaulitz
RomanceHelena Guimarães - originalmente brasileira; amante de guitarra e uma pessoa completamente anti-social - se vê obrigada a mudar-se para Alemanha e a morar com seu irmão por conta de problemas familiares no Brasil. Encontra-se trabalhando em um merca...