Amigos? Namorados?

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          - Foi... emocionante. Senti que estava sozinha em meu quarto em mais um dia normal. Só eu e a guitarra, a guitarra e eu - Helena diz ao entrevistador. Ela parece estar ficando mais calma.

          - Você foi um arraso. Concordam meninos? - nos pergunta o entrevistador.

           - Com certeza - respondo rápido de mais - ah... bom. Todos nós achamos.

           - Vocês não acham que seria bom ter mais um integrante na banda? - o homem nos olha curioso.

           - Nós nunca chegamos a pensar nessa hipótese - reponde Bill.

           - Mas seria interessante - completa Georg.

           - Seria mesmo. Guilherme - o entrevistador se dirige ao irmão de Helena - O que você acha de trabalhar com os meninos?

           - Sinceramente... Você nunca se sentiria triste vivendo com eles. É uma piada a cada momento. Isso ajuda em certos momentos - reponde ele.

           - Interessante. Ouvi dizer que você tem uma relação muito forte com um certo alguém - o homem olha para Bill.

         Droga. Perguntas pessoais são as piores. É difíci tentar não ser arrogante ao recusar. As vezes nos obrigamos a responder o que não queremos. Vejo Guilherme com as mãos entre as pernas, escondendo o anel. Eles não anunciaram o namoro ao público ainda, estavam esperando o momento certo. Talvez esse seja. Guilherme assente ao perceber o olhar de Bill. Ele irá falar agora.

          - Bom, respondendo por Gui... nós dois somos mais próximos. Não temos só uma relação profissional mas também algo a mais - meu irmão levanta a mão mostrando o anel - muitos de vocês sabem sobre minha verdadeira sexualidade. Não importa o gênero para mim. Importa o amor que sinto por esse alguém. E esse alguém, é Guilherme Guimarães.

          Bill se levanta e pega Guilherme pelas mãos, olhando para câmera terminando seu discurso.

            - Tenho orgulho de dizer que, encontrei a pessoa que ilumina meus dias sombrios - Bill levanta a mão de Guilherme como se tivessem vencido uma luta. Lanço olhares mortais para qualquer pessoa da plateia que reage com nojo.
Estou cansado de julgarem a gente. Principalmente Bill. Algumas pessoas levantam e batem palmas em comemoração, já outras choram e gritam de felicidade, ou de perda.

             - Incrível! Simplesmente Incrível! - comemora o entrevistador  - que revelação! Que casal lindo vocês. Ok... continuando. Tom?

               - Sim? - repondo.

               - Você é considerado o rei delas. Mas ultimamente podemos perceber... que você deixou esse cargo... - pergunta pessoal de novo - por causa de uma garota. Essa garota seria... Helena?

           Olho para a menina de olhos verdes que está em silêncio, ela não sabia que fariam esse tipo de pergunta. Helena se remexe ao meu lado nervosa. Mas algo a mais está a deixando assim. Algumas meninas da plateia a olham com desprezo, com inveja. Seguro sua mão em um ângulo seguro, ela a aperta em resposta. Vou mentir. Vou mentir por ela.

                - Sim tecnicamente... mas ela é bem difícil de se conquistar - dou de ombros - estou quase perdendo a esperança.

           Os meninos me olham, surpresos com minha resposta. Mas sei que sabem que menti. A plateia e o entrevistador riem do que eu disse. As meninas parecem esquecer Helena e focar em mim.

           Ao terminar a entrevista vou até onde a minha garota está. Ela olha para  a janela triste. Espero que tenha entendido o porquê de minha mentira.

                 - Oi - digo.

                - Oi - responde forçando um sorriso.

                 - Olha Helena... quero pedir desculpas por ter mentindo lá - suspiro -  mas notei seu desconforto com as meninas da plateia. Por isso eu...

                 - Tudo bem. Eu entendi - a garota se vira para mim, dando-me um beijo na bochecha - Obrigada. Parecia que aquelas meninas queria me comer viva.

               - Exatamente - rio - Você se saiu bem aliás.

               - Valeu.

                A caminho de nosso hotel, pude perceber o silêncio de Helena. Apesar de ela dizer que estava tudo bem, não estava. Se nós anunciassemos nossa quase relação, fãs obcecadas iriam atacar Helena de várias formas. Ser famoso não é tão bom assim.

             Chegando no hotel, vou em direção ao banho. Ao sair me dirijo até meu quarto. Escuto pequenos soluços vindo dele. Helena está lá deitada em minha cama, chorando. Chego por trás dela e a abraço. Espero ela se acalmar.

               - Elas não te odiariam realmente se fossemos um casal - reconforto-a, sei que ainda está pensando nisso.

                 - Sentiriam ciúmes o que causaria ódio. Elas não só ficariam bravas comigo... mas com você também - responde.

                 - Sabe o que eu diria? - pulo por cima dela, ainda deitado, e fico a sua frente para que me olhe - foda-se. Foda-se todas elas. Se estou feliz, também devem estar porque eu estou feliz.

        Helena solta uma gargalhada. Depois de algum tempo, olha profundamente em  meus olhos.

              - Nós... não somos amigos não é? E nem namorados - pergunta ela de repente.

              - Não 100% - digo rindo - eu não entro em um relacionamento sério, faz tempo. Então se demorar um pouco para eu me decid...

               - Tudo bem. Eu nunca namorei, então entendo por um lado.

           Ao anoitecer, andamos pela cidade de Roma. Semana que vem iremos embora, vamos aproveitar o máximo. Helena está conversando com Georg e Gustav, afastada de mim, minha ideia. Há várias pessoas tirando fotos nossas. Guilherme e Bill andam de mãos dadas... Aquilo me causa uma pequena dor e inveja. Podia ser eu e Helena. Tenho que pensar em alguma forma de pedi-la em namoro, alguma hora. Eu não sei ser romântico. Perguntarei a Bill umas dicas. Nossa próxima turnê será em Nova York, depois voltaremos para a Alemanha.

   Chegamos no jardim da Villa Borghese novamente. Estendemos uma toalha no chão e deitamos. Olho para meu lado e vejo Georg me encarando.

          - Vem sempre aqui, loirinha? - pergunta ele piscando para mim.

          - Só quando você está aqui garanhão - imito a voz de uma garota - qual shampoo você usa?

           - Te respondo lá em casa - Georg sai do papel rindo feito doido.

     Todos nós estamos rindo. Helena está ao meu outro lado. Posso ouvir sua respiração. Pego em sua mão e olho para ela.

             - São lindas - diz ela olhando para as estrelas.

              - São mesmo - digo sem tirar os olhos dela.

               - Que gay - fala Gustav ao lado de Helena rindo.

                - Tá com ciúmes loirinha III? - pergunto tirando seu boné e me levantando correndo.

                 - Aaaaa devolve aqui seu arrombado! - Gustav se levanta e corre atrás de mim.

              Posso até ter 17/18 anos, mas minha mente ainda tem 15.

                

 

               

           

         

          

     

Meu Imperfeito Amor - Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora