Capítulo 5

77 8 5
                                    

Os dias seguiram intensos em entrevistas e mais entrevistas, troca de roupa, maquiagem, cabelo, freneticamente. Cada instante que havia de espera, de translado, de fôlego, Karol dormia, quanto mais dormia mais sono parecia ter. As vezes o corpo ficava pesado, molenga, ela se arrastava, mas quando estava em frente as câmeras se portava elegantemente, como se tivesse energia inesgotável, pulava de alegria internamente quando a entrevista era feita sentada em um sofá, pois podia ficar um pouco mais relaxada.
Em um tempo de espera para realizar mais uma entrevista, ela resolveu zapear pelas redes, porque se dormisse, não acordaria em 20 minutos como era preciso, ao ver as redes, viu stories dele, ele estava com a "namorada" (ela sempre modulava a voz em tom de deboche pra dizer isso mesmo que mentalmente.), contudo uma das fotos mexeu com ela, a fazendo apagar o celular o deixando de lado, se levantou da poltrona em que estava sentada,  caminhou a até a janela do espaço para olhar pra fora na intenção de tentar se entender e não expor sua vulnerabilidade.
Tentava conter o ódio, o remorso, até mesmo a dor que aquilo a fazia sentir, ela não concebia ele ter passado a noite com ela, seguindo a vida como se nada tivesse acontecido no dia seguinte. "Porque disse "eu te amo", demonstrou, mas no dia seguinte agiu como se nada tivesse acontecido, voltou pra sua vida, seguia o mesmo volúvel e covarde de antes", pensava Karol. Aquilo a machucava mais do que ela mesma pudesse mensurar, era uma tempestade de emoções desconexas, sentimentos resumidos em uma miscelânea de amor e ódio. A vontade de chorar foi tanta, que ela fez um esforço muito grande pra que não acontecesse, porque teria que dar explicações, naquele momento a última coisa que ela queria era ter que despender o pouco de energia que tinha formulando respostas convicentes, já estava tendo que sustentar a omissão do que realmente aconteceu naquela noite, "hunf até a minha energia ele levou, porque estou sem forças..." seguia pensando. As lágrimas ela conteve, porém em detrimento de sua exaustão ela não conseguiu administrar o soluço, apenas se virou bem de frente para a janela e tampou a boca para emitir o menor ruído possível.
Alejandro, que havia rescem visto as redes também se aproximou dela com cuidado, a acolheu e a disse baixinho:
- Você precisa parar de procurar ver coisas que não precisa... viu os stories não foi?
Ela confirmou com um gesto sutil.
Alejandro sabia o quanto aquilo era difícil pra ela, quanta história e pessoas envolvidas haviam, mas querendo a fazer se sentir menos mal para dar a próxima entrevista, pelo menos mais centrada, seguiu:
- Os próximos 4 dias são livres na agenda, vou propor pra sua mãe irmos pro campo, pra você descansar de verdade, sair do lugar comum e quebrar essa rotina tabelada dos últimos dias...
- Faça isso por favor... - implorou Karol quase sem voz e contento mais um soluço.
Quando Karol entrou para a entrevista, Alejandro sugeriu a Carolina, de uma forma sutil, mas direta e irrecusável de que eles fossem para um lugar tranquilo para passarem os próximos dias. Devido a incisão de Alejandro, Carolina concordou e tratou de procurar algum hotel fazenda não muito longe para irem.
Com a entrevista terminada, Karol ficou muda o resto do dia, porém estava começando a ficar apática e pela primeira vez depois de um bom tempo estava sem fome, não quis jantar, apenas tomou chá frio, esqueceu completamente de seu celular e pretendia manter o aparelho o mais longe possível até que se sentisse melhor para voltar a utilizá-lo.
Mais tarde, ela estava com seu irmão e Alejandro assistindo uma série na TV, completamente calada, o que não era nem um pouco normal, já que ela sempre era muito falante e palpitante das sequências dos enredos.
Assim que terminou mais um capítulo Carolina chamou sua filha para se sentar junto a ela a mesa, Karol foi se rastejando, sentou na cadeira ao lado de sua mãe, que passou a lhe mostrar a tela do notebook a propondo e perguntando:
- O que você acha de irmos para esse hotel fazenda amanhã e voltarmos segunda a noite?
- Perfeito Mamá... - respondeu Karol tentando demonstrar o máximo de animação que conseguia.
- Está bem cansada filha, melhor você ir dormir, amanhã lá pelas 8 acordamos, montamos umas maletas com coisas básicas e pegamos a estrada. - instruiu Carolina ao observar a filha com mais atenção.
- Vou tomar um banho... - exteriorizou Karol se levantando e caminhando até a escada arrastando os pés, parecia que se ela não tivesse coluna, viraria uma gelatina no chão. Carolina a observou até ela chegar no outro andar, ficou pensativa. Alejandro se levantou indo por um copo de água, notou Carolina olhando para a tela do notebook de forma fixa, se sentou ao lado dela, e a perguntou baixo para não assusta-la:
- Eu acho que o cavalo não vai andar se você ficar olhando fixo pra ele, porque está pensativa? Está repensando?
- Não Ale, já reservei o hotel, está tudo certo. É... a Karol... - respondeu Carolina.
- O que tem ela? - retornou Alejandro.
- Eu já a vi muitas vezes cansada, mas como ela anda ultimamente, nunca vi... - respondeu Carolina.
- Foi muita coisa em pouco tempo Caro, além disso não sei se foi uma boa coisa ela e o Ruggero terem se encontrado, ela tem pensado muito sobre isso da pra ver... Creio que isso a esta deixando mais esgotada do que outra coisa, até terça ela vinha animada, feliz, mas depois de terça é como se toda a energia dela tivesse se esvaindo e ela não está encontrando uma forma de se reenergizar. Por isso creio que sair um pouco daqui, se distanciar um pouco da Karol Sevilla, e ser só a Karol vai dar um fôlego pra ela. - compartilhou seu ponto vista Alejandro.
Ainda pensativa Carolina contou:
- Ela disse que iria tomar banho..., isso não é nem um pouco normal, creio que você tem razão, vamos amanhã cedo pra esse lugar e vou deixa-la bem a vontade pra fazer o que quiser.
- Essa do banho realmente foi forte, porque ela sempre vai a contragosto...Vai ser bom pra ela Caro ir ser livre um pouco. - concluiu Alejandro
No dia seguinte por volta das 8, Carolina foi chamar sua filha. Como nos últimos dias, Karol custava a acordar, mas ela insistiu:
- Vamos filha você dorme no carro.
- Humm - espreguiça - tenho que fazer a maleta... - começou Karol.
- Já fiz sua maleta filha, levanta, escova os dentes, veste a roupa que deixei na cadeira, escolhi algo bem confortável, já separei uma coberta, uma almofada pra você usar no carro, mas vamos, porque temos que pegar a estrada.
Karol se sentou na cama, seus membros pareciam de borracha, ela esfregou o rosto, mas não era de sono e sim de cansaço, se levantou, não colocou os chinelos estranhamente, foi até o banheiro, escovou os dentes, fez sua necessidade fisiológica, e nem se olhou no espelho, apenas retornou ao quarto, tirou o pijama, colocou a roupa que sua mãe havia deixado separada, colocou os tênis e desceu bem devagar pelas escadas.
- Vem filha, deixei cereal pronto pra você, vem comer para podermos ir.
Se arrastando sonoramente ela foi até a mesa e se sentou, levou as mãos ao rosto o cobrindo, balançou a cabeça em negação, soltou as mãos sobre as pernas em um único movimento, olhou para sua mãe e Alejandro, e pegando a colher para comer o cereal ela expôs:
- Eu não sei o que está acontecendo comigo, parece que meu corpo não me respeita mais...
- É o cansaço filha, mas você vai dormir bastante e se reenergizar esses dias, vai ser bom! - disse Carolina positivamente.
Depois de tomarem o café, Alejandro colocou as malas no carro e todos embarcaram no veículo, assim que Carolina passou a andar pela cidade rumo a estrada, Karol se deitou no banco de trás enrolada na coberta e apagou, como se não dormisse a dias.
- E... é oficial ela apagou! - exclamou em tom ameno Alejandro.
- Estou ficando preocupada Ale... - disse Carolina.
- Ela vai relaxar e dormir bastante você vai ver, amanhã mesmo ela já vai estar no normal. - tranquilizou Alejandro.
A estrada estava tranquila, chegaram no hotel em duas horas e meia, Karol dormiu todo o tempo. Ao estacionar, Carolina desceu do carro, abriu a porta de trás e avisou a filha com todo o carinho que haviam chego, depois foi abrir o porta mala para tirarem as maletas, Alejandro abriu a outra porta traseira, chacoalhou as pernas de Karol a dizendo:
- Vamos dorminhoca, chegamos, você não faz ideia do lindo que é esse lugar, vai render algumas fotos belíssimas!
Karol fez um certo esforço mais mental do que físico para se sentar e sair do veículo, foi indo logo atrás de sua mãe para fazer o check-in, ainda se arrastava, mas parecia que o sono feito durante a viagem já havia surtido um pouco de efeito. Com os cartões para abrir o quarto na mão, se dirigiram direto para lá. Era um quarto estilo fazenda, muito hügge em design, com 3 camas, uma tv, um frigobar e uma sacada pequena com guardacorpo de madeira na horizontal, com uma vista de tirar o fôlego. Karol se jogou na cama do meio e constatou:
- A cama é muito boa!
- Parece muito fofa e confortável - disse Alejandro afofando a sua.
- Filha só não me diga que com essa vista e todas as atividades que podem ser feitas por aqui, você vai ficar no quarto agora, eu sei que você quer descansar, mas olha essas trilhas e esses pergolados com redes, acho que você deveria aproveitar, pegar esse sol, deixar seus pés na grama e se revigorar! - sugeriu Carolina.
Karol se sentou, olhou pra fora e concordou com sua mãe, sem demora saiu do quarto e foi desfrutar do local e da paisagem exuberante.

OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora