Capítulo 14

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- Muito obrigado Antonella... - agradece aliviada Karol.
- Não tem que me agradecer, é o mínimo que devo fazer depois de tudo que você passou. E se meu filho se perdeu no caminho, eu vou colocar as coisas no trilho. A propósito, pode me chamar de Nella. - seguiu Antonella.
Karol a sorriu com os lábios, tinha o olhar cansado, se notava que seu cansaço estava dando as caras e agora ela sabia muito bem porque.
- Você parece bem cansada, venha comigo. - pediu Antonella.
Karol se levantou e seguiu Antonella que pegou a mala que havia deixado ao lado do corredor ao qual entraram  e foram até segunda porta a direita.
- Você ficará aqui, eu vou arrumar umas cobertas pra você. - informou Antonella.
- É o quarto do Rugge... - percebeu Karol.
- Como sabe? - perguntou Antonella curiosa.
- O cheiro... tem o cheiro dele... - respondeu Karol.
- Isso te incomoda? - perguntou Antonella cautelosa.
- Não, na verdade me faz sentir bem... - respondeu Karol.
Antonella sorriu e disse:
- Você quando veio nos visitar em meio a turnê não entrou aqui não é?
- Não, eu fiquei só na sala e foi bem rápido - olha ao redor - esse quarto é muito ele... - respondeu Karol analisando o ambiente.
- Está intacto desde que ele foi para a Argentina, as vezes ele vem e fica aqui mas é esporádico, normalmente ele prefere ficar em um hotel, porque sempre vem com algum amigo... - contou Antonella e enquanto arrumava a cama.
Karol respirou fundo e fechou os olhos, aquele cheiro acabou mexendo com ela, porque o conhecia bem, de certa forma ela o sentia perto pelo aroma.
- Pronto, você já pode descansar tranquila aqui. - vai até o armário - Tem edredons embalados da lavanderia - pega um e desembala - esse era o preferido dele desde a infância, pode usar a vontade, alias tudo que estiver aqui agora é seu. - disse Antonella.
- Obrigado... - Agradeceu Karol um pouco sem jeito, mas entendendo.
- Descanse, durma um pouco, mais tarde te chamo para o jantar, vou fazer algo bem caprichado pra você, pra repor esse cansaço e pra levar bons nutrientes pro bebê. - orientou e informou Antonella.
- Obrigado... - agradeceu novamente Karol.
- Não precisa ficar agradecendo menina, essa casa é sua agora e esse quarto é seu, já disse vamos cuidar de você, agora descanse, você precisa. - concluiu Antonella indo em direção a porta e saindo em seguida.
Karol sentou na cama, suspirou ainda absorvendo tudo, tirou os tênis, foi se deitar, mas o cheiro de roupa de cama limpa estava mascarando o cheiro dele que estava no quarto. O cheiro estranhamente a fazia se sentir mais segura, o que a fez levantar, abrir o armário e por coincidência havia uma camiseta dele dobrada de qualquer jeito, o que denotava pressa, sempre que ele ficava apressado dobrava tudo de qualquer jeito. Ela pegou a roupa, voltou a se sentar na cama e a cheirou, ela estava impregnada daquele aroma que só ele tinha, ela se deitou, puxou a coberta se cobrindo e deixou a camiseta ao lado no travesseiro como uma "naninha", e em poucos minutos com sua mente quase limpa ela dormiu profundamente.
Cerca de 1 hora mais tarde Bruno e Leonardo chegaram em casa, encontraram Antonella preparando o jantar, assim que a cumprimentaram ela pediu:
- Sentem a mesa um instante precisamos conversar, algo bem sério.
Ao ouvirem suas palavras eles se sentaram a mesa um ao lado do outro de frente para a cozinha, Antonella se sentou a frentes deles, respirou e informou:
- A partir de hoje, teremos mais uma pessoa morando nessa casa e quero que vocês a acolham com todo o amor e em hipótese alguma, sob nenhuma circunstância, vocês vão contar a Rugge sobre isso.
- Como assim?? - indagaram Bruno e Léo.
- Se lembram que Karol e Rugge se encontraram no 14 de fevereiro? E que achamos que eles estavam super incômodos de estarem um ao lado do outro? - retornou Antonella.
- Sim, sim, foi muito estranho. - disse Léo.
- Os dois passaram a noite juntos. - seguiu Antonella.
- Em que sentido Mamma? - questionou Léo.
- Nesse que você estão pensando. Karol chegou em casa as 7 da manhã do outro dia, e preferiu evitar de contar para sua mãe o que ocorreu de verdade, presumo que para evitar sucessivas perguntas, nosso modo protetivo nos põe intensas eu sei. O que passou foi que depois de um tempo, Karol acabou passando mal repetidas vezes, muito cansada com enjoo, além de muitos compromissos, até  ontem quando Carolina descobriu o real motivo desses sintomas... - continuou contando Antonella.
- Espera, é o que estou pensando Nella? - questiona Bruno interrompendo.
- Sim amore, vamos ser Nonos, enfim deixe - me continuar, o que passou, é que Carolina não regiu bem, queria levar Karol para Miami pra ... - suspira - tirar o bebê e Karol não queria, então fugiu e chegou até aqui. - vê Léo pronto para fazer uma pergunta - Sim filho, Karol poderia ter ido atrás do seu irmão, mas seria o primeiro lugar que Carolina a buscaria, e Karol está com medo... mas resolveu fazer uma escolha e deixou a vida dela pra trás ... - concluiu Antonella respirando fundo.
- Vamos ser nonos... - fica pensativo - Ela foi muito corajosa. Mas como ela está agora?? - perguntou Bruno com certa preocupação.
- Agora está bem, está dormindo no quarto do Rugge, estava bem abatida e visivelmente cansada. - respondeu Antonella.
- Mamma, sabe muito bem que se Rugge se inteira disso vai ficar louco e vai vir voando pra cá. - expôs Léo.
- Por isso por hora não vamos contar nada a ninguém, temos que garantir que Karol se sinta segura, que ninguém virá aqui para obriga-la a fazer o que não quer. - suspira pensativa - Ai Bruno, ela disse que o bebê é a única coisa do Rugge que ela vai ter, meu coração desmoronou ao ouvir isso. - orientou e exteriorizou Antonella.
- Agora ela vai ter a gente também. Bom vou pro banho, depois vou sair com o pessoal. - informou Léo se levantando.
- Obrigado filho. - agradeceu Antonella antes de Léo ir rumo ao seu quarto.
- Pelo menos um deles tem noção... - pensou alto Bruno.
- Rugge pode ter cometido muitos erros Bruno, mas de uma coisa eu tenho certeza, é que ele ama a Karol. - contrapôs Antonella.
- Ama, disso eu também sei, só não entendo porque não luta por ela, porque faz isso, um dia está com ela e no outro diz que tem namorada, isso soa pra mim como falta de responsabilidade e não me lembro de termos ensinado ele a ser assim. - seguiu Bruno.
- Estou de acordo, também não entendo porque ele age dessa forma, as vezes creio ser por influência dessas namoradas que ele arranja, achava a Cande ruim, mas essa Camila me da calafrios... Mas Léo disse o certo, se ele descobre que Karol está aqui e esperando um filho dele, ele vai ficar louco. - disse Antonella.
- Acha arriscado demais contar pra ele agora? - perguntou Bruno.
- Creio que não é o momento, Karol tão pouco sabe o que esta acontecendo com ela mesma, quer dizer ela sabe que está grávida, mas não tem ideia do que é viver uma gravidez e suas complexidades. E diante da fala dela, acho que é melhor deixarmos ela escolher o tempo de contar a ele. Só quando ela quiser é que vamos chama-lo para abrir o jogo, por hora temos que cuidar bem dela, fazê-la se sentir em casa... - respondeu Antonella.
- Nas minhas contas ela está de 2 meses, como vamos fazer para monitorar? - retornou Bruno.
- Vou falar com a Dra. Lucia, minha obstetra, ver se ela está atendendo ainda e se poderia nos atender com discrição. - respondeu Antonella.
- Acredito que sim, confio nela, ela foi muito boa tanto quando você estava esperando a Rugge, quanto a Léo e deu tudo certo, nossos planos sempre foram respeitados. - complementou Bruno.
- E agora creio que vai cuidar pra que nosso neto chegue bem também. - disse Antonella.
- Nosso neto, ou neta, isso me fez lembrar aquela cigana que nos abordou quando Rugge era pequeno na festa da colheita... - lembrou Bruno.
- Me lembro... passei a lembrar disso todas as vezes que via Rugge com Karol. Se for menina vai confirmar a previsão da cigana e o que sinto. - confirmou Antonella.
- E nós por enquanto ganhamos uma filha... - exteriorizou Bruno.
- Parece que sim... - concordou Antonella.
- Sempre quisemos ter uma menina, não é exatamente como queríamos, mas temos uma menina em casa. - disse Bruno com certo brilho no olhar.
- Sim meu querido, não tinha visto com esse olhos, mas sim, e creio ser esse espírito de família que ela vá necessitar, um pai, uma mãe e um irmão, para ela não sentir tanto a ausência de sua família. Bom vou ligar para a Dra enquanto é tempo. - concluiu Antonella indo pegar seu telefone.
Bruno se levantou foi para o corredor em direção ao seu quarto quando deu de cara com Léo saindo de toalha do banheiro e brandou com ele imediatamente em tom baixo:
- De hoje em diante você ja sai vestido do banheiro, agora temos uma menina em casa e você tem que ser respeitoso como quando seus amigos vem aqui.
- Tá bom... - respondeu compreensivo Léo em mesmo tom retornando a seu quarto para se vestir rapidamente.
Bruno iria seguir seu caminho, mas algo o fez abrir a porta do quarto de Rugge, olhou pela fresta, aquela menina tão doce, que já havia passado por tanta coisa na vida, que havia tomado uma decisão tão difícil há poucas horas, dormindo na cama de seu filho, com feição tranquila. Observando melhor, ele percebeu ela agarrada uma camiseta que ele conhecia bem, deu um leve sorriso e fechou a porta com cuidado. Voltou a cozinha, porque queria falar com sua esposa, mas ela estava ao telefone, logo ele foi por uma chuveirada. Alguns minutos mais tarde, Bruno já reenergizado pelo banho, deu mais uma espiada em Karol e seguiu para a cozinha.
- Léo já foi? - perguntou Bruno.
- Já sim amore. - respondeu Antonella ajeitando o jantar.
- Dei uma olhada em Karol... - começou Bruno.
- Está dormindo? - interrompeu Antonella indagando.
- Está sim, abraçada com aquela camiseta vermelha com estampa colorida que Rugge deixou aqui da última vez que dormiu no quarto. - contou Bruno.
- Humm, sabe que quando ela entrou no quarto soube que era dele? - disse Antonella.
- Como ela sabia, não passou daqui quando nos visitou? - questionou Bruno.
- Pelo cheiro, o cheiro do nosso filho. - respondeu sorrindo Antonella.
- A camiseta deve ter o cheiro dele também... - pensou alto Bruno.
- Ela não fala, mas ama nosso filho muito, por isso quando chegou aqui, desesperada, chorando muito, depois de ouvir o que havia acontecido eu não podia fazer outra coisa mio amore, que não fosse acolhe-la. - disse Antonella.
- Eu não teria feito diferente Nella, mas confeço que ainda estou digerindo que dentro dessa menina, porque ainda é uma menina, está crescendo nosso neto... quer dizer eu sabia que iria acontecer em algum momento, mas descobrir que vou ser nono... - exteriorizou Bruno.
- E vamos acompanhar mês a mês nosso neto crescendo e ela também... - disse Antonela muito feliz.
- Você está toda boba...- debochou Bruno.
- Ora, como você mesmo disse, agora temos uma menina em casa... e sempre quisemos uma, é lógico que estou feliz, vou ser um pouco mãe dela e avó em breve, me sinto açucarada. - explanou Antonella.
- Não te vejo falar assim desde que estava grávida do Léo... - disse Bruno.
- Como se você não tivesse todo bobo aí, já foi até dar uma espiada na menina. - retornou Antonella.
Bruno a sorriu sendo retribuido, um momento de felicidade vivido e memorável.

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