Karol se sentou na grama, Thinker ficou sentadinho olhando pra ela, ainda incrédula ela o disse:
- Não creio que deixaram você... vem aqui.
Thinker subiu em seu colo se deitando com a cabeça em seu lunar, ela o fez carinho por uns minutos até Bruno voltar.
- E então Papá? - perguntou Ruggero aflito.
- Falei com a outra vizinha, fazem 4 meses que eles se mudaram e realmente deixaram Thinker a sorte. Liguei para eles, ainda tinha o número, disseram para fazer o que quisermos com ele. - contou Bruno cabesbaixo.
Karol olhou para Ruggero com lágrimas nos olhos, o suplicando que fizesse alguma coisa. Ruggero olhou para seu pai perguntando:
- Papá ele já se afeiçoou a Karol... não sei se a Mamma vai gostar disso mas, será que podemos ficar com ele?
- Eu contei a ela quando entrei para falar ao telefone, ela escutou a conversa e assim que desliguei ela disse "Bom agora temos um gato", acho que isso responde a sua pergunta. - respondeu Bruno em um misto de pesar e esperança.
- Podemos ficar com ele Pá? - quis confirmar Karol.
- Podemos sim filha, vou agora mesmo comprar algumas coisas pra ele, já que vou ao mercado comprar coisas que sua mãe pediu e depois irei para a oficina. - respondeu Bruno retornando a casa em seguida.
Ruggero se sentou de frente ao lado de Karol, fez carinho no gato que ronronou em retribuição fazendo ele deixar claro:
- Agora você vai ser dessa família Thinker, vamos cuidar de você e nunca vamos deixar você para trás. - afirmou ele ao gato.
Karol o sorriu, Thinker esfregou a carinha no lunar dela, miou baixo e curto, como se dissesse "É só isso que eu preciso, e alguns petisquinhos."
- Ele sempre faz isso de esfregar a carinha? - perguntou com curiosidade Ruggero.
- Sim, desde que descobriu que tinha algo aquí, ele faz isso, parece que se conectou com ela de alguma forma...- respondeu Karol olhando para o gato ainda lhe fazendo carinho.
Ruggero se aproximou mais dela, colocando uma de suas mãos sobre o lado livre de seu lunar, buscou sentir algum movimento da bebê, ao sentir um espasmo bem sutil ele sorriu com o canto da boca, Karol o observava e não pode deixar de comentar:
- Você ainda está administrando isso não é...
- Um pouco sim... talvez quando ela estiver maior eu compreenda por dentro... - começou a responder ele.
- Crianças, venham tomar o café da manhã! - gritou Antonella da janela da cozinha.
Os dois se sorriram e Karol disse rindo:
- Hunf... Crianças....Foram tantas coisas em uma manhã que até esquecemos do café.
- Ela sempre chama de crianças, Léo ficava bravo quando estava no início da adolescência... - sente um espasmo mais forte - ... opa, esse eu senti! - exteriorizou Ruggero.
- Hum... melhor a gente ir antes que ela chame de novo e essa mexida foi de fome, certeza! - exclamou Karol.
- Pois então vamos senhorita! - disse se levantando a ajudando a se levantar - Vai levar o gato no colo assim? - perguntou ele rindo.
- Vou sim, agora ele faz parte da família, você mesmo disse. - respondeu e lembrou ela.
- Tá certa. - concordou ele.
Ela assentiu com a cabeça o olhando como quem dissesse "É bom mesmo que me dê razão."
Entrando pela cozinha indo direto se sentarem a mesa, perceberam Bruno, Antonella e Leonardo os observando com olhares bem questionadores e incisivos.
- Porque estão olhando para nós assim? - questionou engolindo seco Ruggero puxando a cadeira para Karol, indo se sentar ao lado.
- Se for por causa do Thinker eu posso deixar ele lá fora... - complementou Karol temerosa se sentindo constrangida pelos olhares em cima dela e de Ruggero.
- Não, o Thinker é da família. - deixou claro Antonella.
- Mas então o que está acontecendo, fizemos alguma coisa? Atrasamos o café da manhã foi isso? - começou a fazer perguntas de nervoso Ruggero.
- Ora pelo amor de Deus, estamos esperando desde cedo pra saber o que aconteceu ontem! - brandou Bruno.
- É mano, você fez o pedido?? - questionou Leonardo ansioso.
- Ah... é isso, eu fiz sim... - respondeu Ruggero ficando levemente avermelhado.
- E?? - olha para Karol - Qual foi a resposta? - perguntou quase saltando na cadeira Antonella.
- Eu ... aceitei... - respondeu Karol levando as mãos ao rosto para conter o rubor.
O três vibraram a mesa, Antonella se levantou abraçando Ruggero e fazendo carinho em Karol que estava com Thinker dormindo em seu colo.
- E quando vai ser?? - perguntou Leonardo afoito.
- Quando o Papá conseguir falar com o juiz Mauríusse, certo Pá? - retornou Ruggero controlando a leve tremedeira que o assolou.
- Bom eu falei com ele agora pouco, ele tem um horário vago na tarde desse domingo, pode ser? - respondeu Bruno se contendo pela resposta.
Ruggero olhou para Karol, se sentou novamente devagar sem tirar os olhos dela, quando ela deu um sorrisinho, ele deu uma piscadela, olhou para o pai e respondeu:
- Vai ser domingo então, ao por do sol, em baixo da árvore.
- Ahhh!! Preciso organizar o cardápio, tem tantas coisas para fazer, deixa eu pegar meu caderno para listar tudo! - disse Antonella animada.
- Vou deixar a máquina fotográfica carregando desde hoje! - complementou Leornardo.
- Bom eu vou ligar pro Mauriusse confirmando o horário e vou dar uma olhada na floricultura antes de ir pra oficina pra vermos o que vai ter disponível pra domingo. Família? Meu primogênito vai casar!! Podemos brindar com café gelado? - anunciou e propôs Bruno.
Todos ergueram seus copos e brindaram. Embora Bruno, Antonella e Leonardo estivessem bem eufóricos com a notícia e tudo que havia para fazer, Karol e Ruggero pareciam estar vivendo em um mundo em câmera lenta, mais calmo. Com os três levantados agilizando as coisas e seguindo com as próprias rotinas, Ruggero virou sua cadeira para Karol, se sentando o mais perto possível, se fitaram por alguns minutos, ele segurou o rosto dela com as mãos a fazendo carinhos com os polegares nas bochechas, enquanto ela o sorria com os lábios fechados o admirando com certa paixão e sendo retribuida. Ele passou a dar beijinhos leves muito lentamente, esperando ela sorrir entre um e outro. No minuto seguinte se tocou de que dia da semana era, se afastou do rosto dela um momento e a olhando nos olhos a perguntou:
- Já é quinta eu preciso resolver algumas coisas hoje ainda, vou ter que correr, você se importa se eu sair um pouquinho?
- Contanto que você me dê mais um beijo, não. - respondeu ela risonha.
Ele se aproximou devagar da boca dela, a beijando, mas dessa vez com profundidade, quase os deixando sem fôlego, depois a soltou, lhe fazendo carinho no nariz com o indicador, começou andar em direção ao corredor, mas antes de atravessar a porta, deu meia volta correndo e a deu mais alguns beijinhos para então ir se arrumar para poder sair.
Karol ficou com um sorriso preso ao rosto, como se não conseguisse desfazê-lo, sentia seu rosto quente, provavelmente ainda estava ruborizada, sentia de leve aquele calor pulsando dentro de si, mas tinha certeza que era por conta de todos os beijos que acabará de receber. Ela comeu mais alguns biscoitos se levantou com cuidado, deixando Thinker dormindo na cadeira, "Pobrezinho, ficou tanto tempo sozinho, que creio que relaxou por agora fazer parte da família." pensava ela tirando a louça da mesa e levando a pia. Em uma dessas idas e vindas ela olhou o calendário sobre o porta chaves entre a porta e a janela, havia uma marcação no sábado que ela achou que demoraria mais a acontecer, enquanto analisava, Antonella retornou de seu quarto ao telefone, quando ela desligou, Karol a perguntou imediatamente:
- Nella, eu tenho exame no sábado?
- Tem? - sem ter certeza olha para o calendário - Ô minha filha, você tem sim, santo Deus, já chegou 22ª semana, que rápido passou o tempo... - respondeu constatando Antonella.
- Mas meus exames não eram as segundas? - perguntou Karol tentando entender.
- Eram filha, mas com o episódio de você ter que ficar no hospital, Lúcia precisou mudar o seu monitoramento, então passou para o sábado. - respondeu Antonella.
- Ah... - fica pensativa - ... Isso significa que segunda eu entro no sexto mês... - exterioriza Karol.
- Sim Carinho, por isso mesmo vai ser bom o casamento ser domingo, porque segunda essa menina vai passar a crescer bem rápido, vai virar um mamãozinho! - disse rindo Antonella lavando a louça.
Karol continuou pensativa, parou tudo que estava fazendo e foi se sentar no sofá, se sentou bem na ponta do assento com as pernas coladas e com as mãos sobre seu lunar, sentia a bebê mexendo de leve, sabia que esse leve logo se tornaria mais forte. Antonella a percebeu, fechou a torneira, secou as mãos e foi até ela.
- Filha esta tudo bem?
- Está sim Nella... - respondeu Karol visivelmente fora de órbita.
- Certeza? - insistiu Antonella com uma ponta de preocupação.
- Uhum... - respondeu Karol, não automaticamente, mas sem muito raciocínio.
Antonella sabia o que estava passando na cabeça dela então elucidou:
- Olhe pra mim... - pediu sendo atendida - Filha tem tempo, tem 4 meses ainda pela frente, não pense tantas coisas agora, um dia de cada vez sim. Ficar vivendo no futuro não vai te ajudar em nada, siga fazendo o que você tem feito, me ajudando, cuidando das coisas, dos seus amiguinhos, do jardim, se cuidando e agora você tem Rugge para zelar por você, além de mim, de Bruno e Léo, então fique tranquila, não se afobe.
Karol assentiu gestualmente, mas ainda não estava convicta, por isso Antonella prosseguiu e pediu:
- Eu sei, chegou um monte de duvidas e medos nessa cabeça, mas não pense nessas coisas, estamos todos com você, até o Thinker... tem bastante tempo ainda, então relaxe. Venha, me ajude a montar o cardápio do seu jantar de casamento!
Karol sabia que era melhor distrair-se, por isso acompanhou Antonella e a ajudou a montar o cardápio. Ainda que fosse somente para os cinco, Antonella estava elaborado tudo como se viessem vários convidados, um menu com antepasto, entrada, prato principal e sobremesa.
- Ah vou ligar para uma amiga minha, ela é confeiteira, vou ver se dá tempo dela fazer um bolo de bem casado! - exclamou Antonella agitada.
Mais tarde, Karol estava sentada na poltrona da sala olhando pela janela, através da fresta da cortina ainda bem devaneante, quando Ruggero retornou com algumas sacolas, deixando a chave do carro no porta chaves a notou, indo direto por ela, a deu um selinho, e percebendo sua expressão indagou com leve apreensão:
- O que você tem?
- Tenho exame sábado... quero que você vá comigo... - respondeu ela o olhando comovida.
- É obvio que eu vou! - disse ele se agachando deixando suas mãos sobre as pernas dela.
- Eu vou entrar no sexto mês Rugge... ela vai começar a crescer, as coisas vão passar mais rápido... - começou a falar acelerada ela.
- Hei, calma eu vou estar com você praticamente todo o tempo, vai ficar tudo bem... - tentou acalma-la ele.
- Não sei Rugge... - começou ela outra vez.
- Eu vou garantir isso Ka! - deixou claro se levantando - Me da um ladinho? - pediu, ela se afastou, ele sentou, a olhou segurando suas mãos - Eu sei que você está ficando com medo, eu também estou, mas meus pais conseguiram superar esses medos duas vezes, nós dois também vamos, certo? - concluiu ele a abraçando lhe fazendo carinho nas costas e sendo retribuido.Um pouco antes do jantar com todos de volta a casa, enquanto Karol mais tranquila, Bruno e Leo organizavam a mesa, Ruggero foi com sua mãe para seu quarto.
- O que você quer me mostrar filho?
- perguntou a mãe curiosa.
- O vestido e as alianças, preciso ter certeza de que escolhi bem. - respondeu ele pegando uma caixa e uma sacola na parte de cima do armário.
- Porque guardou no alto? - estranhou Antonella
- Porque aqui Karol não alcança... - respondeu rindo colocando as coisas sobre a cama.
Antonella riu ao entender a estratégia.
Ele abriu a caixa do vestido o puxando com cuidado e mostrou a sua mãe.
- Ah filho que beleza e que delicadeza... - expressou Antonella.
- Escolhi esse porque não vai apertar ela naquela barriguinha... linda que tá crescendo... - contou ele aprendendo a lidar com a gravidez de Karol.
- Ela vai adorar filho, vai ficar tão bonita que vou ter que pensar em um arranjo bonito pro cabelo... - pensou alto Antonella.
- Um meio preso meio enrolado, foi o que pensei... - contou ele devolvendo o vestido a caixa.
- Concordo... Humm você pensou em tudo não foi? - questionou Antonella semicerrando os olhos.
- Sonhei com isso Mamma... por muito tempo... - expôs. Foi pela sacola, tirou uma caixinha de dentro e a abriu mostrando para sua mãe - O que acha, será que ela vai gostar? - perguntou Ruggero.
- Affe! Como você conseguiu que fossem gravadas... e hoje? - perguntou atônita Antonella.
- Digamos que o joalheiro estava sem tanto trabalho, mas me diz, acha que são bonitas? - retornou Ruggero.
- Ela vai amar filho... são lindíssimas... - se emocionou Antonella.