Capítulo 10

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Naquele mesmo dia as 18:00 chegaram a Televisa, Karol já estava pronta, pois o programa começava as 19:00. Não só estava pronta com vestuario e maquiagem, como estava pronta pro tipo de entrevista que faria, associada a jogos, dinâmicas entre outros, onde teria que usar seus patins.
Ao entrar ao vivo, estava bem, disposta, concentrada, primeiro ocorreu uma mesa de perguntas e respostas, depois algumas de dinâmicas e por fim jogos, onde ela precisaria calçar os patins, e para o surto dos apresentadores e os auxiliares do estúdio, Karol lhes contou que havia levado os patins de sua personagem Luna. Nas redes muitos fãs  foram a loucura por vê-la novamente sobre os patins da personagem. Os jogos continuaram, depois houveram umas perguntas a mais e a despedida.
Karol foi para o camarim, enquanto sua mãe conversava calorosamente com algumas pessoas, ela tirou os patins, e para sua surpresa sua visão se embaralhou, era como se sua mente juntasse passado e presente no mesmo lugar, porque o viu, sim ele mesmo Ruggero, sentado ao lado dela também tirando os patins e depois a ajudando a guarda-los na bolsa, como fez cento de vezes. "Porque isso, porque isso de me trazer a mente essas memórias..." pensava. Mas eram só isso memórias e ela teria que reaprender a controlar a chegada delas a sua mente, por mais que seu coração quisesse desesperadamente que a cena fosse atual, ela não podia dar margem pra isso. Passado é passado, não pode ser mudado, se aprende com ele e o deixa em seu lugar.
Ela chacoalhou a cabeça se centrando, guardou seus patins, pensou em colocar a bota novamente, mas havia levado um tênis e o colocou, se aproximou de Ale que estava vendo o celular, ao sentir ela sentar ao seu lado a perguntou:
- Como se sentiu com os patins?
- Na verdade, bem... é, até que bem sim, porque? - retornou Karol.
- Fiquei preocupado que te desse algum gatilho. - retornou Alejandro.
- Não, foi tranquilo, também não fiquei pensando muito. - disse Karol.
- Fico mais calmo. Me parece que vamos jantar com algumas pessoas, vi sua mãe combinando.- contou Alejandro.
- Não sendo comida pronta eu topo.- disse Karol.
- Ficou mal acostumada com a comida da fazenda não é? - questionou Alejandro.
- Falou a pessoa que comeu mousse de chocolate em todas as refeições. - zombou Karol em resposta.
- Mas tava muito bom aquilo, se pudesse comeria somente o mousse por muitos dias. - retrucou Alejandro.
- Vamos ao Café de Tacuba jantar, junto com o pessoal! - Anunciou Carolina indo colocar o celular na bolsa.
- Graças a Deus comida de verdade. - vibrou Karol.
Alejandro riu contidamente levando um tapa de Karol no braço em seguida.
Da televisa foram direto ao centro histórico da Cidade do México para jantar no Café renomado, enquanto esperavam todos chegarem, Carolina ficou próximo a porta com uma amiga,  Karol e Alejandro foram por uma mesa, solicitando que fosse tudo ajustado para mais 10 pessoas, em poucos minutos os garçons arrumaram tudo. Os dois ficaram ali sentados uns minutos até Alejandro tirar o celular de Karol da bolsa e entregar a ela a dizendo:
- Está na hora de você enfrentar isso.
Meio receosa, ela pega o aparelho, o liga, olha por cima as notificações as limpando sem ver muito e dá sinal de vida na redes depois de 5 dias. Minutos depois coloca aparelho sobre a mesa e o deixa ali sem lhe dar muita atenção.
- Vai ficar longe de novo? - perguntou Alejandro.
- Não, só não preciso procurar ver o que não quero. - respondeu Karol.
Depois de 40 minutos, todos chegaram, inclusive Robin, um velho amigo de infância de Karol. O jantar foi muito bom, comida de verdade, boas conversas e risadas por lembranças dos primordios das carreiras, papo sobre projetos do futuro, sem dúvida um momento enriquecedor para quem estava voltando para a agenda lotada e apertada.
Nas semanas seguintes, a agenda estava acirrada, programas de TV, entrevistas, podcasts, rádios, revistas, sessão de fotos, uma correria, até Alejandro quis fazer uma sessão de fotos com Karol antes de retornar para sua casa em Buenos Aires. Mas o que chamava a atenção era o cansaço em Karol, que parecia estar muito pior do que antes de irem passar uns dias no hotel fazenda, além disso ela oscilava muito entre comer muito pouco, ou comer muito, voltou a ter problemas com alguns cheiros no últimos dias, mas o cansaço chamava a atenção. Não era possível dizer que ela estava se arrastando, era mais um rastejar, ela estava quase a Tristeza sendo arrastada pelo pé pela Alegria em divertidamente e parecia que quanto mais dias passavam pior ficava. Além do cansaço o sono estava descomunal, até mesmo Mauricio começou a comentar:
- Mãe tem que ter algo errado, ela tá tomando as vitaminas, está comendo relativamente saudável, mas ela não tá conseguindo fazer os exercícios na academia ela fica cansada muito rápido e chega a dormir nos aparelhos. Eu tô preocupado ...
- Eu também estou filho, nunca a vi assim. - concordou Carolina.
- Acho que seria bom rever essa agenda, eu sei que o trabalho dela depende disso, porque nesse mundo se você não é visto não é lembrado, mas ela parece estar no limite da exaustão. Se fosse só esses últimos dias que ela estivesse assim okay, mas ela já esta assim a praticamente um mês e meio, ela vai acabar doente Mãe. - sugeriu e exteriorizou Mauricio.
- Estou de acordo com o Mau Caro. - disse Alejandro.
- Faltam somente mais 2 entrevistas e saímos de férias umas 2 semanas. - disse Carolina.
- Caro, eu não quero estressar você, mas creio que ela precisa de uma pausa agora e mais ela precisa ir ao médico pra ver o que esta acontecendo. Achei que era só emocional, mas parece que esta se tornando fisiológico. - alertou Alejandro.
- Estou de acordo com o Ale Mãe, Cancele essas duas entrevistas, leve ela pra ver o médico, antes que ela piore mais. - endossou Mauricio.
- Eu não consigo cancelar mais essas entrevistas, infelizmente. - disse Carolina pensativa.
- Mãe se a Karol passar mal e tiver que ir as pressas pro hospital, você vai ter que cancelar de todo jeito. - retrucou Mauricio.
- Seu filho está certíssimo Caro. Bom eu vou arrumar minha mala porque meu vôo é amanhã cedo. - concluiu Alejandro subindo as escadas em seguida.
Na manhã seguinte, Carolina foi chamar Karol para irem levar Alejandro para o aeroporto, mas sua filha estava tão exausta que não conseguia se sentar na cama. Ainda sim Carolina insistiu, ajudou Karol a se vestir e monitorou a descida pela escada. No carro Karol foi apagada, só meio que acordou quando sentiu o carro parar no estacionamento do aeroporto. Os 3 desceram do carro, Alejandro pegou suas malas e se dirigiram para dentro do aeroporto. Carolina e Karol o acompanharam até o embarque, ainda que Karol parecesse uma gelatina ambulante, mas ela queria se despedir dele e o fez. Ao se despedir de Carolina, Alejandro a pediu:
- Por favor Caro não espere mais, leve essa menina no médico.
- Eu vou organizar isso hoje mesmo, bom retorno meu amigo, vou sentir muito sua falta. - se despediu Carolina.
No carro voltando pra casa, Karol foi no banco da frente jogada, essa é a melhor palavra para definir a situação em que ela se encontrava, além das olheiras ficarem muito visíveis sem maquiagem, a palidez era preocupante demais, tanto que Carolina expôs em voz alta:
- Vou marcar exame de sangue e médico pra você amanhã.
- Que? - questionou Karol.
- Pelo amor de Deus filha, você está de dar pena. - respondeu Carolina.
- Estou exausta, preciso apenas de descanso Mamá. - disse Karol.
- Não filha, descanso você precisava quando fomos pro hotel fazenda, agora você está muito pior, não sei como você esta aguentando em pé. Por sorte só tem a entrevista de hoje e a de amanhã e a agenda encerrou por hora. - explicou Carolina.
Mas Karol havia dormido novamente, Carolina estava convencida de que havia algo muito sério acontecendo com sua filha. Chegando em casa Karol se jogou no sofá e dormiu instantaneamente, enquanto isso Carolina tratou de marcar o exame e agendar com o médico para o dia seguinte.
Mais tarde ela fez o almoço e chamou Karol para comer, mas esse era um dos días que ela não tinha apetite, Carolina não insistiu a deixou voltar a dormir, tentando não alimentar possibilidades de alguma doença imune.
Perto das 15:00, ela foi chamar Karol novamente, mas dessa vez para que ela fosse se arrumar porque teriam que estar no local da entrevista as 17:00, contudo Karol não recebeu bem essa informação e passou a chorar compulsivamente, deixando Carolina e Maurio em alerta, até Karol começar a pedir:
- Por favor Mamá, cancele, eu não aguento mais, eu preciso descansar eu estou sem energia nenhuma, eu não quero mais fazer isso, eu te peço, imploro cancele tudo, eu preciso dormir, dormir umas 20 horas seguidas e paz, é só isso.
Mauricio olhou para Carolina com ar de " Eu te avisei", e ela só pode dizer a ele:
- Marquei exame e médico para ela amanhã de manhã... - respira fundo - Eu vou cancelar as entrevistas.
- Até que enfim. - vibrou Mauricio.
- Filha pode dormir, eu vou cancelar as entrevistas. Mas amanhã cedo vamos ao hospital e eu não quero nenhuma resposta contra isso.
Karol apenas confirmou com a cabeça e se entregou de volta ao sono.
Carolina foi para o escritório fazer as ligações, agraciadamente ambas as pessoas compreenderam a situação, o que a tirou um peso das costas. Ela passou a olhar o calendário e a revisar memórias, estranhamente ao observar as datas sentiu que desde que Karol havia reencontrado Ruggero, ela havia começado a ficar com esse cansaço, fome descompensada, ânsias, Carolina não sabia exatamente o porque, mas ele mexia profundamente com sua filha ao ponto de a deixar emocionalmente desestruturada. Karol vinha bem, estava convicta, segura, cheia de planos, e desde aquela terça tudo mudou. "Seja o que for o médico vai nos dizer amanhã, espero que seja um problema de fácil solução." pensava Carolina.

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