Na cidade do México, Carolina estava freneticamente em ligacões atrás de Karol, Maurício a estava ajudando, ainda que repetisse que aquilo estava acontecendo por culpa dela mesmo, por ter falado o que disse a sua irmã. Carolina relutou, mas ligou para Ruggero:
[Ligação]
C: Ruggero?
R: Oi Caro, tudo bem?
C: Diz pra mim que Karol está com você!
R: Não está e porque estaria?
C: Rugge, Karol sumiu, desde a manhã estou atrás dela, deixou tudo pra trás, só levou uma mala de viagem pequena e com poucas coisas...
R: Como assim sumiu? Porque faria isso Caro? - preocupado.
C: Discutimos ontem, disse coisas que não deveria ter dito... - chora.
R: Caro vocês sempre discutiam as vezes, o que foi diferente dessa vez?
C: Não importa, o relevante é que ela sumiu e eu já procurei por tudo por aqui, os Tios dela seguem procurando, Tia Ana está vendo se ela não foi a Guadalajara atrás dela. Já falei com Dario pra ver se ela não foi a Navarro, ele já disparou alerta pra todo mundo na empresa, Rugge eu preciso de ajuda para encontra-la!! Por favor! - implorava.
R: Eu vou fazer o que estiver ao meu alcance. Diego ja se inteirou sobre isso?
C: Provavelmente com o disparo de alerta do Dario.
R: Isso não é bom, mas de qualquer forma conta comigo, vamos encontrá-la vai ver.
C: Obrigado.
R: Mantenho contato, qualquer novidade me avise, vou avisar o pessoal aqui! Até!
[Fim da ligação]De volta a Pescara, Antonella terminou de preparar o jantar e servi-lo, em seguida foi chamar Karol para jantar, porque certamente devia estar com fome. Andou pelo corredor, abriu a porta do quarto com cuidado, Karol estava semi acordada.
- Acordou? - perguntou baixinho Antonella.
- Mais ou menos... - respondeu Karol com a voz rouca.
- Está com fome? - perguntou Antonela ainda em tom mais baixo.
- Um pouco sim... - respondeu Karol se espreguiçando.
- Então se quiser comer já está na mesa. - contou Antonella.
- Eu vou sim... - afirmou Karol bocejando.
- Conseguiu dormir um pouco pelo jeito. - constatou Antonella.
- Na verdade eu deitei e dormi um sono que fazia tempo que eu não dormia. - contou Karol se sentando devagar.
- Que bom, sinal que estava confortável, ou talvez essa camiseta tenha te ajudado. Mas venha Bruno nos está esperando. - disse Antonella.
Karol olhou para a camiseta tentando evitar o rubor, mas a segunda informação a chamou atenção, pois havia se esquecido de Bruno e Leonardo, que viviam também na casa, o que a fez se perder nesse pensamento.
Antonella ao notar a feição preocupada de Karol a informou:
- Não se preocupe, já conversei com eles e estão muito felizes de que está aqui, Bruno até veio ver se você esta dormindo tranquila.
Karol sorriu com os lábios, Antonella a e estendeu as mãos e a disse:
- Venha você precisa se alimentar.
Karol segurou as mãos dela e se levantou. Antonella a percebeu um pouco mareada, por isso a amparou até a mesa na sala e a ajudou a sentar. Bruno ao vê-la a perguntou:
- Está bem?
- Uhum... só um pouco tonta... - respondeu Karol.
- Você deve ter comido só aquelas barrinhas pouco nutritivas do avião, e elas não sustentam ninguém. - disse Bruno.
Antonella que havia ido até o balcão da cozinha, contornou a mesa com um prato bem montado, com reforço de nutrientes e colocou a frente de Karol, lhe dizendo:
- Aqui carinho, se não quiser comer tudo não tem problema, mas pelo menos coma um pouco de cada coisa.
- Depois de comer vai se sentir melhor. - complementou Bruno.
Karol olhou para os dois e contendo a emoção ela os disse:
- Obrigado...
- Pare de agradecer já te disse, você está em casa agora protegida. - contrapôs Antonella.
- E segura. - fechou Bruno.
Karol os sorriu singelamente, pegou o garfo e começou aos poucos a comer. A comida estava com um tempero que a lembrou muito sua avó, estava saborosa e lhe gerava conforto. Depois de dias de comida comprada, comer comida de verdade recém feita e com tanta afetividade não somente a nutriu fisicamente, mas mentalmente também, fazendo com que ela sentisse exatamente como Bruno e Antonella a disseram, protegida e segura.
- Está bom pro seu paladar? - perguntou Bruno.
- Está muito gostoso, me lembrou da minha vó... - respondeu Karol.
- Bom então está tudo certo. Aqui gostamos de comida caseira boa certo Nella? - retornou Bruno.
- Sim, revezamos as vezes, se eu faço salgados, Bruno faz os doces, se eu faço doces ... - começou a Antonella.
- Eu faço salgados, hoje fiz bolo fofo com as frutinhas que deram no quintal. - contou Bruno interrompendo.
- Aí sim, não sei de onde surgiram, mas deram muitas cramberrys no quintal, e elas combinam com quase tudo! - comentou Antonella.
Karol ficou admirando as conversas deles, quanto amor eles tinham de contar as coisas, como a faziam se sentir parte, por um instante e discretamente ela agradeceu sua avó por ter a intuido para chegar ali.
- Ah Karol, preciso te contar... - começou outro assunto Antonella.
- Sim... - respondeu Karol, ainda se mantendo mais quieta, até que se acostumasse com o mundo novo a qual acabará de ingressar.
- Falei com a minha obstetra, ela cuidou de mim nas minhas duas gestações, ela ainda está atendendo na mesma clinica. Se você aceitar ela vai atender você com toda a discrição que necessitamos e vai monitorar toda a sua evolução e do bebê. - contou Antonella.
Karol olhou pra baixo, pra si mesma, por um instante ela tinha se esquecido do que havia dentro de si, levou uma das mãos até o ventre, engoliu saliva, contraiu os lábios, levantou o rosto olhando para Antonella e a respondeu:
- Tudo bem, eu sei que preciso.
- Vou marcar com ela na próxima segunda, pode ser? - seguiu Antonella.
- Pode sim... - respondeu Karol.
- Você vai gostar dela, é uma doutora bem especial, tem um jeito manço de falar, da muita calma e segurança. - disse Bruno.
Karol apenas o sorriu com os lábios fechados. Antonella e Bruno continuaram conversando compartilhando as coisas com Karol, ela se manteve quieta, mas atenta, conseguiu comer toda a comida do prato, ainda que tenha empurrado o final, mas ela precisava, sabia que precisava cuidar da alimentação, ainda que fosse basicamente uma das poucas coisas que sabia no que envolvia uma gravidez. Passado um tempo depois do jantar, Bruno serviu pedaços do bolo, Karol relutou um pouco porque parecia não caber mais nada dentro dela, porém fez um esforço e deu a primeira garfada, que a levou as seguintes e a dizer:
- Bruno esse bolo esta divino!
- São as frutinhas, elas dão esse azedo que equilibra com o doce da massa. - reagiu Bruno ao elogio de Karol.
- Eu comeria outro pedaço más não vai caber... - exteriorizou Karol.
- Você vai poder comer mais amanhã no café, fique tranquila. - disse Antonella.
Bruno iria dizer algo, mas seu telefone começou a tocar, ao olhar a tela ele se levantou, apreenssivo olhou para Antonella e contornando a mesa disse baixinho:
- E Rugge solicitando vídeo chamada.
Antonella olhou para Karol que estava com o olhar baixo outra vez e mexendo as mãos com certo nervosismo.
- Ele liga uma vez a cada dois dias... - contou Antonella.
Karol balançou a cabeça em compreensão.
- Sente falta dele não é? - Pergunta Antonella.
Karol olhou pra cima, segurando o ar, olhou para Antonella o soltando devagar pelo nariz, uma lágrima escorrendo por seu rosto era a resposta.
- Ele também deve sentir sua falta... - tenta acalentar Antonella.
- Está com a namorada, duvido que lembre que eu existo. - disse Karol com o olhar parado como se tivesse flashbacks.
- Pode parecer que não, mas acredite ele sente sua falta...- começou Antonella.
Bruno retornou a sala às interrompendo e dizendo:
- Sua mãe ligou pro Rugge hoje mais cedo desperada atrás de você, não comentou sobre a sua gravidez, apenas disse que vocês discutiram, e o pediu ajuda para te encontrar, por isso ele ligou, pra contar e pedir que se tivermos qualquer notícia para avisar. - vê o espanto no rosto de Karol - Não se preocupe, ninguém sabe que você está aqui e ao que depender de nós nunca saberão, respeitaremos suas decisões sempre.
Karol balança a cabeça em acordo, se levanta rapidamente indo até Bruno o abraçando. Depois de um breve choro o diz:
- Obrigado por me acolherem e estarem dispostos a cuidar de mim...
Ao ouvir Antonella se levanta, se junta ao abraço, deixando Karol no meio, os dois a dizem:
- Vamos cuidar de você com muito carinho.
Bruno sozinho complementa:
- Seja bem vinda.
Karol se sentiu querida, revivendo um sentimento que ela não tinha desde a infância de ser abraçada por seus pais, ouvir palavras que chegavam ao coração e o faziam parecer quentinho.
Depois de um tempo ali abraçados, quando Karol se acalmou, Antonella a sugeriu que tomasse um banho retornasse a descansar. Karol acatou a ideia, depois de tudo seu corpo precisava ser lavado não só física mas energeticamente e isso somente a água poderia fazer. Foi por sua higiene ao banheiro, vestiu o pijama que havia levado e dali foi para o quarto. Ela se sentou na cama, se sentia tão mais leve, ainda que o sono estivesse começando a dar as caras novamente, olhou pro lado, vendo a camiseta a pegou e a cheirou, ficou a observando por um instante, administrando polarizados pensamentos de querer ele ali com ela, mas ao mesmo tempo querer distância e não querer mais se envolver, ainda que na atual conjuntura o não envolver não fosse mais possível. Afinal mais envolvidos seria impossível levando em consideração o "bebê que estava a caminho.", essa informação a revirava por dentro, cada vez que ela pensava nisso era como se uma estante de livros de conhecimentos na sua mente caísse inteira e ela podia até ouvir o barulho que os livros faziam na queda.
Após sentada perdida em seus devaneios com a camiseta na mão, ela se deitou, se cobriu, ficou ali sentindo o cheiro, segundos depois Antonella entra no quarto, senta na beirada na cama, a olha e diz:
- Espero que você consiga descansar bem, se precisar de alguma coisa, qualquer coisa é só me chamar na última porta do corredor. Fique a vontade pra ir a cozinha tomar água, se quiser comer algo, você está em casa, então se sinta em casa. E por favor não fique pedido permissão para fazer o que gostaria, a não ser que seja algo que te prejudique ou ao bebe, aí prefiro que me pergunte mesmo se tiver com dúvida. Bom é isso, durma bem, nos vemos amanhã.
- Boa noite Nella e o... - começou a dizer Karol.
- Chega de Obrigado! Não precisa. - deixou claro Antonella.
- Tudo bem... - disse Karol.
- Boa noite. Durma bem - disse Antonella se levantando e saindo do quarto em seguida.
Virada de barriga pra cima e com as mãos sobre ela, Karol analisou tudo que havia passado desde que tinha saído do México de manhã e agora ela estava em uma cama quentinha, com uma familia nova e gerando alguém mais dentro de si.