Na manhã do dia seguinte, Antonella se levanta, vai até a cozinha para começar a preparar o café da manhã, verifica o horário dos remédios de Ruggero, deixa a cafeteira passando um café, liga o forno em pré aquecimento e vai até a sala de estar ver como seu filho estava, mas o sofá estava vaziu, ela rápidamente foi até o banheiro mas não havia ninguém la, Bruno a encontra do corredor, ao vê-la exacerbada lhe pergunta:
- O que foi Nella?
- Rugge não esta na sala, nem aquí no banheiro... - respondeu Antonella.
Os dois se olham, olham para a porta do quarto em frente e sem dizer nada Antonella vai até ela a abrindo devagar, ao ver que seu filho estava lá sussurra ao seu marido:
- Ele esta aqui.
Os dois entram sorrateiros no cômodo, pé ante pé se aproximam da cama, Antonella olhou para seu marido com ternura no olhar, pois Karol e Ruggero estavam dormindo abraçados um de frente pro outro, Ruggero estava com o queixo apoiado de leve sobre a cabeça dela, os dois completamente serenos, tanto que transmitiam uma paz imaculada.
- Eles estão bem, vamos deixá-los dormir... - sussurrou Bruno segurando na mão da esposa a puxando rumo a porta.
De lá retornaram a cozinha, Bruno a ajudou a por a mesa e preparar gostosuras para o café da manhã. O cheiro do pão aquecendo no forno se espalhou rápido pela casa e somente esse aroma já dava uma boa sensação de fome.
No quarto o aroma chegou fazendo o estomago de Karol roncar, o que a fez acordar, abrir os olhos lentamente e perceber que estava abraçada a Ruggero, ela sorriu o vendo dormir, era tão bom finalmente tê-lo ali com ela, no entando seus pensamentos foram interrompidos por seu estomago rugindo outra vez, e uma mocinha começando a mexer provavelmente pelo mesmo motivo. Ela se virou pro outro lado devagar, deslizou um tanto sonolenta mais para beira da cama, se desvecilhando dos braços de Ruggero com cuidado para não acordá-lo, se sentou, colocou os pés no chão calçando suas pantufas, se levantou, o olhou com ternura, arrumou a colcha sobre ele e saiu do quarto rumo ao banheiro. Depois de sua necessidade e asseio, ela foi caminhando devagarinho até a cozinha.
- Bom dia filha, venha tranquila. - desejou e pediu Bruno colocando os talheres na mesa.
- Bom dia Pá - boceja - Esse cheiro me deu uma fome... - disse Karol se aproximando de Bruno ganhando um abraço breve.
- Venha se sente filha, falta só o pão e já vou servir o café pra você. - orientou Bruno.
Karol se sentou em seu lugar habitual.
Bruno se sentou a sua frente, Antonella foi se sentar ao seu lado, quando estava se acomodando na cadeira, escutou o barulho vindo do estomago de Karol.
- Está com fome mesmo! Deixa eu colocar coisas no prato pra você. - constatou Antonella montando uma porção dos quitutes.
- E Rugge? - perguntou Bruno.
- Esta dormindo... - suspira - Tão lindo... - respondeu Karol radiante.
- Levei um susto quando cheguei na sala e ele não estava, o procurei no banheiro e nada, eu e Bruno nos encontramos no corredor e deduzimos que ele deveria estar com você... - começou Antonella.
- E lá estava ele abraçado contigo, os dois tão tranquilos... - se interpôs Bruno.
- Vocês não sabem o quanto foi bom ter ele pertinho... hunf... eu me sinto em casa aqui, mas Rugge me faz sentir em casa de uma forma diferente, não sei explicar direito... - contou Karol.
- Ele é o seu mundo e você o dele... - exteriorizou Antonella.
- Isso... - confirmou Karol.
- Vocês dois... desde o início eu já dizia... - começou Bruno.
- Mas eles tinham que passar pelo que passaram amore, ainda que tenha sido doloroso, para que pudessem amadurecer e estarem prontos para dividirem a jornada. - interrompeu Antonella.
- Que bonito isso Nella... - elogiou Karol.
- Nella, tá na hora, eu vou acordar ele. - disse Bruno levantando e indo pelo corredor.
- Na hora? - questionou Karol.
- Ele precisa tomar remédios 3 vezes ao dia pra se recuperar bem. - respondeu Antonella.
- Diego sempre causando o caos sem necessidade... - pensou alto Karol.
- Não sei porque nunca gostei desse homem... - exteriorizou Antonella.
No quarto, Bruno chamava Ruggero com calma, ele acordou meio no susto, mas Bruno o acalmou, ele se espreguiçou em seguida e rapidamente procurou Karol perguntando:
- Karol??
- Está tomando café da manhã, ela estava com fome. Você precisa comer também e tomar seus remédios, venha, eu te ajudo. - respondeu Bruno.
Ruggero deslizou saindo da cama, com ajuda de seu pai foi ao banheiro e em seguida a sala de jantar. Antonella já havia deixado uma cadeira afastada ao lado de Karol, Bruno o conduziu até lá e o ajudou a sentar. Assim que se sentou, segurou uma das mãos de Karol e a olhando levou a mão dela até sua boca a dando um beijinho.
- Bom dia ... - desejou ela.
Ele não disse nada apenas a olhou fixamente até sua mãe pousar um prato cheio de coisas para comer a sua frente e Bruno colocar um copo de água e os remédios ao lado lhe dizendo:
- Tome logo filho antes que passe a hora.
Karol o retribuía o olhar, com ele o dizia que tomasse o remédio e comesse, pois dali ela não sairia, não satisfeita em dizer isso com o olhar ela disse, fazendo Bruno e Antonella rirem:
- Você vai ter que se acostumar a me ver todo dia outra vez...
Ruggero a sorriu a fazendo carinho com os dedos na mão dela que estava segurando, colocou os remédios na boca e bebeu água sem tirar os olhos dela sem soltá-la. Karol o iria dizer algo, mas passou a ouvir um miado vindo do lado de fora desesperado e disse em voz alta:
- Thinker?? - seguiu ouvindo, conseguiu ouvir o tilintar - É ele sim, está desesperado.
- Filha ele só deve estar pensando nos petiscos... - disse Antonella.
- Não Nella, ele está desesperado! - exclamou Karol se levantando devagar e caminhando até a janela.
- Você precisa de repouso Ka! - alertou Bruno.
- Não absoluto! - disse Karol saindo pela porta.
- É muito difícil alguém deter ela... - disse Ruggero.
Ela caminhou apressada mais contida até o jardim dizendo:
- Estou aqui Thinker!!!
Quando ela chegou até a toalha se sentou com cuidado, gato ao vê-lá foi correndo de encontro a ela miando muito, como se falasse que estava preocupado e o que havia acontecido, Karol o respondeu o compreendendo:
- Precisei ir pro hospital, você ficou sem saber o que houve, mas estou bem, estamos bem...
Em segundos os esquilos se aproximaram e o pássaro pousou perto dela e algumas joaninhas subiram na toalha.
- Vocês ficaram preocupados comigo, mas estou bem, já voltei pra casa.
Thinker esfregou a carinha no lunar de Karol, ainda miando baixinho.
- Está tudo bem com ela não se preocupe. - disse Karol o fazendo carinho.
Os outros bichinhos ficaram ali quietos a observando e ela os disse:
- Depois trago lanchinhos pra vocês, já que ficaram sem eles por 2 dias.
Eles não reagiram, deixando claro que não era sobre a comida e sim sobre ela.
- Já estou de volta e bem, fiquem tranquilos e obrigado por se preocuparem. - retribuiu Karol.
No segundo seguinte eles foram para suas tocas e ao seu lado sentiu alguém se sentar de frente a ela.
- Parece que você fez amigos por aqui... - disse Ruggero.
Ouvir a voz dele finalmente fez o coração dela disparar e a bebê girar dentro dela.
- É... eu sempre tive mais habilidade com animais do que com pessoas... - exteriorizou ela.
- É porque eles conseguem ver quem você é de verdade e não se sentem ameaçados com a sua energia e a sua luz... - contrapôs ele lhe arrumando o cabelo atrás da orelha.
- Pode ser... - fez sentido para ela.
- Você tá pronta? - pergunta ele.
- Pra que? - retorna ela sem entender a princípio.
- Pra me contar o que houve, porque fugiu? - criou coragem de perguntar ele.
- Ah... na verdade sim... - respondeu ela tentando formular a melhor maneira de contar.
- Bom então me conte, sou todo ouvidos pra você... - pediu e deixou claro ele.
- Você lembra de 14 de fevereiro? - perguntou ela inciando.
- Lembro sim... - disse ele recordando do que havia passado e das centenas de coisas que ele queria ter dito.
- Quando cheguei em casa na manhã do outro dia, disse pra minha mãe que havíamos ficado jogando videogame e que ficou tarde e dormimos, mas que na primeira hora fui pra casa, queria evitar um interrogatório... - seguiu ela.
- Você fez isso algumas vezes... - lembrou ele.
- Eu sei...e não foi certo. Bom eu fiquei muito cansada depois daquele dia, um cansaço inexplicável, tanto que minha mãe achou que era porque eu estava trabalhando muito e na primeira folga fomos a um hotel fazenda, lá fui me recuperando aos poucos, no último dia já havia me refeito... - continuou narrando ela.
- Eu fui tão intenso assim? - perguntou ele.
- Na verdade não, pelo menos não como você está pensando. Bom, depois dos dias de descanso, voltamos a rotina frenética de entrevistas, mas com o passar dos días o cansaço foi voltando mas de uma forma descomunal, chegou ao ponto de eu não conseguir nem andar, eu me arrastava. Não consegui fazer as duas últimas entrevistas e minha mãe me levou ao médico pra saber o que estava acontecendo... Ao sair do exame de sangue minha mãe soube que não havíamos ficado jogando, eu fiz mais um exame e fui liberada. Minha mãe não falou comigo todo o trajeto até em casa, mas quando chegamos discutimos muito feio, como nunca antes... até o Mau tentou intervir mas minha mãe já estava decidida, ou melhor ela já havia tomado uma decisão que não cabia a ela e mandou eu subir pro meu quarto, porque iria me levar a Miami no dia seguinte pra... - se emociona -... eu não podia, eu não podia Rugge, eu... Era parte sua eu não podia... então tomei a minha decisão... - se conteve - arrumei uma mala, ajustei acessos a minha conta do banco, destruí os cartões e sai, sai de casa pra nunca mais voltar... - narrava Karol.
Ruggero a segurou nas mãos como forma de apoio a olhando com muita atenção em cada palavra.
- Eu fui para o aeroporto, queria ir o mais longe possível, fiquei observando os painéis até ver vôo para Milão e decidir que era pra lá que eu iria, troquei câmbio e peguei o avião. Quando cheguei no aeroporto de Milão, fiquei sentada lá um tempo, pensando o que iria fazer, onde iria, até ver Pescara escrito no painel de vôos... pensei que seria uma possibilidade e vim, vim sem saber como seus pais reagiriam, mas eles me acolheram com tanto amor... que pela primeira vez na minha vida eu me senti eu mesma em uma casa onde sou amada... - o vê com perguntas a serem feitas - Eu sei, você deve estar se perguntando porque não procurei você, porque seria o primeiro lugar que minha mãe iria me procurar e dela eu queria distância e ainda quero, ainda tenho medo... - continuou Karol.
- Você está segura aqui e se depender de mim vai continuar, eu só não entendi exatamente o motivo dela ter brigado com você, afinal ela sabia o que acontecia entre a gente e tão pouco entendi o que ela queria que você fizesse em ... - começa a entender - espera... - contrapõe ele, a olhando fixo novamente ligando os pontos.
Enquanto ele lidava com seus pensamentos, Karol tirou o moletom, a camiseta ainda era larga, mas a bebê aparecia de leve, ela esperou ele analisar o que ela havia contado e compreender.
- Ka... você - fica ofegante - você... - ele olha pra ela nos olhos tentando formular a pergunta.
- Você conseguiu entender que eu jamais faria algo com a única parte sua que eu iria ter naquele momento? - perguntou ela tentando também dizer o óbvio.
Com a pergunta dela tudo ficou claro, ele passou a chorar comedidamente e quando tomou coragem a fez a pergunta:
- Você... você tá grávida?
- Uhum... - respondeu ela igualmente emocionada.
Ele respirou fundo em meio a emoção e retornou:
- Mas ... mas você perdeu sangue...
- Estamos bem, aquilo iria acontecer em algum momento, fiquei muito ansiosa e nervosa de ouvir você contanto o que tinha acontecido contigo... mas estamos bem eu e ... ela... - respondeu Karol.