Capítulo 12

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Karol olhou pra sua mãe e passou a chorar novamente, tentando formular uma resposta que resolvesse, mas não havia.
- Você mentiu pra mim, e sabe Deus desde quando você faz isso, mas essa aliada com sua irresponsabilidade, não sei se vou conseguir perdoar Karol.
- Mamá eu ... eu, eu não queria ir com ele, ele me levou... - tentou explicar Karol.
- E você cedeu, você cedeu sem o mínimo de proteção. Porque antes tivesse se protegido! - brandou Carolina.
- Mamá eu não tive escolha, tampouco consegui controlar meu próprio corpo... e Deus eu tomo anticoncepcional direitinho... - seguiu Karol tentando arrumar.
- E anticoncepcional é 100% eficaz onde Karol Itizitery? - questionou Carolina elevando a voz.
- Eu achei que estaria protegida... mas você tem razão... - concordou Karol.
- Não pense que estou eximindo a responsabilidade do Ruggero nisso, porque não estou, ele é tão culpado quanto você! - falava alto Carolina.
Karol não sabia o que dizer, apenas se apoiou na bancada tampando o rosto chorando.
- Você me decepcionou Karol, pensei que estava amadurecendo, mas pelo jeito... - brandou Carolina.
Tirando as mãos do rosto Karol não aguentou e revidou:
- Ah você acha que eu escolhi isso?? Que eu escolhi ir com ele, eu não tive escolha, ele me levou no ombro como se eu fosse um saco de batatas, comigo gritando para ele me soltar!! - gritou Karol.
- ISSO NÃO VAI MUDAR O FATO DE QUE VOCE ESTA GRÁVIDA! - se exaltou Carolina perdendo o controle.
Maurício veio correndo entender o que era aquela gritaria.
- Hei Hei o que esta acontecendo porque estão gritando?? O que aconteceu no médico? - questionou Maurício.
- Sua irmã MENTIU, disse que havia passado a noite jogando videogame com o Ruggero, mas fez outra coisa bem diferente! - começou Carolina.
- O que você queria que eu dissesse? - perguntou Karol.
- Que havia passado a noite com ele, já iria ser mais próximo do verdadeiro. - retornou Carolina.
- Mesmo que eu contasse você não acreditaria em mim... - seguiu Karol.
- E isso justifica você ter mentido?? - questionou Carolina.
- Mãe você está esquecendo que ela está cansada e debilitada, não importa o que aconteceu no passado... - tentou intervir  Maurício.
- Ai que você se engana, porque o que acontece no passado esta gerando tudo isso!! - exclamou Carolina.
- Okay, mas Karol precisa descansar e ninguém me respondeu o que o médico disse! - continuou tentando apaziguar e mudar o foco Maurício.
- Ela precisa descansar mesmo! Porque está grávida, grávida, sua irmã está grávida é isso que o médico disse! - contou Carolina.
- Karol? - Indagou Maurício olhando para a irmã.
Karol apenas olhou pra baixo, o confirmando.
Maurício respirou fundo e seguiu:
- Bom mãe, justamente por isso acho melhor você parar de gritar com ela, porque isso não vai desfazer nada.
- Exato, não vou mais gritar. - baixa o tom - Agora minha filha você vai subir e vai dormir, porque amanhã no primeiro horário vamos a Miami. - disse Carolina.
- Fazer o que?? - questionou Karol soluçando.
- Tirar isso aí e resolver o problema! - respondeu Carolina, ainda que dizer isso tivesse doido interiormente.
- Mãe? Você não tá  falando sério?? - questionou  Maurício.
- Anda Karol, vai dormir, que amanhã o assunto será resoluto. - repetiu Carolina.
Karol engoliu o choro, olhou para a mãe balançando a cabeça e disse subindo posteriormente.
- Como queira...
Karol subiu apressada, notoriamente chorando mais do que antes, Maurício ao ver a cena não aguentou e disse:
- Você passou do ponto Mãe, Karol tem 23 anos, essa decisão não é sua... não te reconheço... você sempre a apoia em tudo, sempre a da opções e deixa ela escolher.
- Você não entende Mau... - tentou começar Carolina.
- Mãe você prefere colocar a vida dela em risco, podendo ela ter uma complicação séria ou podendo ser impossibilitada de ter filhos no futuro, ou pior morrer? Faz ideia dos riscos? Não conte comigo porque dessa vez eu não vou compactuar com você. Não vou assinar em baixo de um assassinato e correr o risco de perder a minha irmã, por seja lá o motivo que você tenha decidido. - deixou claro Mauricio.
- Podemos perde-la de qualquer jeito... - diz Carolina chorando.
- Karol é forte Mãe, tenho certeza de que ela vai tirar de letra e se o Ruggero souber ele vem voando atrás dela e se o conheço bem, ele vai cuidar bem dela. - disse Mauricio.
- Ele nunca vai saber disso! - exclamou Carolina.
- Mãe, pelo amor de Deus, você está com a cabeça quente, repense muito em tudo isso, pense na sua filha e deixe ela decidir o que ela quer fazer, mesmo que eu saiba que ela já decidiu e vai completamente contra a sua decisão. Eu prefiro ter a minha irmã aqui com um bebezinho do que perde-la por... me desculpe puro capricho. - concluiu Mauricio subindo as escadas em seguida.
Mauricio foi até a porta do quarto de Karol, bateu, pediu para entrar, mas ela disse que queria ficar sozinha, que não queria falar com ninguém, que a deixassem em paz. Ele não insistiu, sabia que era mais difícil pra ela ter que lidar com a falta de apoio pela primeira vez de sua mãe do que com a gravidez propriamente.
No quarto, Karol estava encolhida na cama, chorando, com os pensamentos a mil, sem entender porque sua mãe reagiu daquela forma, pela mentira tudo bem, mas dizer para "tirar" foi como ter enfiado uma faca em nela, sendo que nem ela havia digerido, não teve um minuto de paz para pensar, entender o que estava acontecendo. De tanto chorar e pensar acabou dormindo.
Perto da 1 da manhã ela acordou, tinha fome, como não havia comido praticamente nada no dia anterior, pois haviam chego em casa depois do horário do almoço e Carolina não havia deixado outra opção pra ela a não ser ir pro quarto, ela ficou sem comer, mas não queria sair, lembrou que tinha uma barrinha na gaveta e foi o que comeu, tomou uma garrafa inteira de água o que certamente a manteria saciada por um tempo. Ficou sentada na cama pensativa, seu rosto ainda estava sensorialmente inchado, ela dobrou as pernas as abraçando, ficou ali alguns minutos, até tomar uma decisão. "Eu não vou fazer isso", disse pra si mesma, " É a única parte dele que vou ter e ninguém vai tirar isso de mim.", continou convicta. Em um rompante pegou seu notebook, abriu sua conta do banco e removeu o acesso de sua mãe. " Nova vida", ela teve flashs da ecografia, uma lágrima escorreu e ela disse  baixinho, " Que seja assim, pra onde eu vou eu não sei, mas eu não vou ficar aqui e assinar uma sentença, não vou carregar remorso comigo, se isso significa ter que deixar pra trás pessoas, projetos e sonhos, ótimo, prefiro do que arriscar minha própria vida, afinal antes de ser atriz, cantora, eu sou uma pessoa, humana e eu mereço viver como eu escolher."
Ela se levantou, saiu do quarto sorrateiramente, foi até o closet, pegou uma mala, colocou roupas simples do dia a dia, tênis e um chinelo, fechou a mala, organizou seus documentos, picou seus cartões de banco deixando apenas 1, pensou em escrever uma carta, mas desistiu, voltou pro quarto pianinho, trocou de roupa e esperou dar 5 da manhã para ir embora, era a melhor solução no momento, era o caminho que a preservaria mais do que qualquer outro. As 5, ela desceu, pediu um taxi, deixou o celular desligado em cima da mesa da sala, ela queria ter certeza de que não seria encontrada, se despediu dos bichos de estimação, deu uma última olhada na casa e foi para a garagem, pegou a chave reserva, abriu o portão, saiu e o travou. A partir daquele momento não havia volta atrás, pra onde ela iria, não tinha ideia mas o destino certamente a levaria pro lugar mais seguro pra ela.
Em instantes o taxi chegou, ela entrou no veiculo com sua pequena mala, o motorista a perguntou pra onde ela iria, ela respondeu:
- Para o aeroporto por favor.
Durante o trajeto, ela aproveitou para guardar memórias da cidade, porque dentro de si ela tinha certeza de que por muito tempo não voltaria ao México.

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