- Quem está ligando Nella? - perguntou Karol vendo sua feição de assustada.
- É Rugge... ele nunca liga essa hora, a não ser que não esteja bem. - respondeu Antonella segurando o telefone.
Karol a olhou, olhou para o aparelho em suas mãos, respirou fundo e disse:
- Atenda, vou ficar quietinha aqui.
Antonella mais do que rápido atendeu, mas acabou deixando no viva-voz:
- Oi Filho! - atendeu Antonella.
- Oi Mamma... que bom que atendeu... - disse Ruggero com a voz rouca e embargada.
- Você não me liga essa hora, e a julgar pela sua voz... o que houve? - perguntou Antonella.
- Eu precisava falar com você, obrigado por atender, somente a senhora me entende de verdade... Nao consigo parar de pensar nela Mamma... - exteriorizou Ruggero.
- Em quem filho? - perguntou Antonella.
- Na Karol... - respondeu ele.
Karol levou a mão a boca para não deixar a respiração ficar sonora, era impossível não reagir a ele dizendo o seu nome.
- Não teve sinal dela ainda? - seguiu Antonella segurando uma das mãos de Karol.
- Não... mas eu sei que ela tá bem... - suspira - Eu... tinha medo Mamma... - respondeu Ruggero.
- Ela deve estar sim filho, logo vocês se encontrão, mas do que tinha medo? - retornou Antonella.
- Do que eu sinto por ela, eu morria de medo porque é algo muito forte... eu descobri que posso viver longe dela, mas sem ela não, isso é cristalino pra mim... - passou a se expressar Ruggero.
Karol seguia tampando a boca, ao ouvi-lo, fechou os olhos, lágrimas escorreram por seu rosto, Antonella fazia carinho em sua outra mão que segurava.
- Isso é mesmo muito forte filho... - deu a deixa pra ele continuar Antonella.
- Eu não consigo parar de pensar nela nenhum segundo sequer, deixei muito tempo passar, aceitei fazer coisas que me doiam, mas era pra protegê-la, mas não consegui evitar que ela também sofresse... quando eu a encontrar, e eu vou, nem que tenha que ir aos confins dessa terra, não vou mais deixa-la ir Mamma, vou grudar nela como coala... nunca mais vou dizer algo que a machuque... vou ser o mais verdadeiro possível com ela, não quero mais fazer promessas sem cumpri-las... Deus eu a amo tanto... - colocou pra fora Ruggero.
- Eu sei que você a ama, eu sempre soube filho, mas ... e a Camila? - perguntou Antonella segurando firme a mão de Karol que se continha o máximo que conseguia.
- Nah... Camila sempre foi uma amiga, resolvemos nos declararmos de namorados pra ver se os fãs e as pessoas paravam de falar de mim com a Karol..., porque ouvir o nome dela me... machucava, porque eu queria fugir do que sentia... então entre eu e Camila nunca passou nada... e nem poderia porque meu coração já é completamente preenchido pela Karol... que saudade daquele sorriso... hunf... o jeito que ela olhava pra mim e suas pupilas ficavam enormes quase escondiam aquelas íris verdes azuladas em que eu me perdia... perdia a fala, perdia a noção do tempo... sempre que nos olhávamos olho no olho era um mergulho do qual demoravamos para voltar a superfície... - respondeu Ruggero se perdendo em seus pensamentos em voz alta.
Karol soltou da mão de Antonella, tirou a da boca e as levou para seu lunar, Antonella a observava preocupada, mas respondeu a seu filho:
- Que bom que nunca houve nada entre você e a Camila...
- Você nunca gostou dela, eu sei. - Rebateu Ruggero.
- Mas ao mesmo tempo filho, que lindo ver você sentindo amor, amor de verdade por alguém, ainda mais pela Karol, uma pessoa tão doce, com uma luz que não consigo explicar... - seguiu Antonella, olhando para Karol com muita atenção.
- Amor de verdade... é algo que vem muito do meu interior e pra mim é como se isso sempre existisse, como se eu sempre a amasse, como se nunca houvesse uma vida sem ela, as vezes sinto que ela vive em mim e eu nela...e eu morria de medo de sentir isso Mamma... hoje não tenho mais medo... enfim, você deve estar cansada e querendo dormir, as vezes esqueço do fuso-horário... mas eu precisava falar...
- analisou e disse Ruggero.
- Tudo bem filho, estou aqui para te ouvir, sempre que precisar, você sabe. - deixou claro Antonella.
- Por isso sempre te ligo, as vezes sinto saudade do seu colo... ah! ... Escrevi uma música nova, devo gravar em breve... é pra ela... bom como quase todas as outras, mas essa digamos que é mais especial... quando estiver gravada vou te enviar antes de lançar... - revelou Ruggero.
Karol não aguentou se levantou e foi em direção ao banheiro o mais silenciosa que pode, mas a porta encostando fez barulho.
- Eu vou querer ouvir sim meu filho... - aceitou Antonella, preocupadissima com Karol, mas suportando, afinal não falava com seu filho todos os dias.
- Devo estar atrapalhando o sono do Papá, e já falei muito por hoje. - constatou Ruggero.
- Você não atrapalha filho, mas pode me ligar amanhã se quiser falar mais... - deu a deixa Antonella.
- Eu ligo, Mamma, obrigado por tudo, Ti amo!! - concluiu Ruggero.
- Ti amo filho, e não tem nada que me agradecer, sabe que estou aqui pra você, as vezes gostaria de te ter aqui em casa outra vez, pra tê-lo pertinho, mas o futuro pode nos trazer muitas surpresas... - disse Antonella.
- Quem sabe... sempre tenho vontade de passar uma temporada maior por aí... vou me organizar pra isso e te aviso. Bom, boa noite Mamma! - desejou Ruggero.
- Venha mesmo! Boa noite filho, durma bem e se cuide sim! - concordou e desejou Antonella.
- Pode deixar! Um beijo. - se despediu Ruggero.
- Um beijo filho. - retribuiu Antonella desligando em seguida.
Quando foi sair da cama atrás de Karol, ela abriu a porta do banheiro, se via com o rosto um pouco inchado de choro, ela caminhou até a cama e se sentou, Antonella mais do que rápido a perguntou:
- Eu sei que tudo que ele disse mexeu com você carinho, mas sei que aconteceu algo, o que houve?
- Cada vez ... - contem o choro - cada vez que ele falava eu sentia as borbulhas, algumas bem fortes... como ela sabe que é o pai dela?? - retorna Karol.
- Hum... se tem uma coisa que eu entendi com o passar desses anos, é que vocês dois tem uma conexão muito forte, e essa mocinha aí, não precisa que Rugge esteja aqui pra saber que é o pai dela. Vou te contar algo que aprendi lendo durante minhas gestações. Os sentimentos e as emoções do bebê são os dos pais, o que vocês sentem é o que ela vai sentir, independente se vocês estão lado a lado ou não. Para mim só o fato de vocês se amarem como se amam, já é o suficiente pra ela ser ligada com vocês dois. - explicou Antonella.
- Então... - soluça - Ela é mesmo uma parte dele, não só biologicamente... - constatou Karol.
- Exatamente ela é uma mistura de vocês dois, física e mentalmente. No entanto se você sentir medo, ela vai sentir, se Rugge fica ansioso ela vai sentir, mesmo estando aí dentro ela sente mais do que estando aqui fora. - complementou Antonella.
- Hunf... eu ... também o amo. - exteriorizou Karol.
- Vocês se amam demais, tanto, ao ponto de não serem capazes de entender muito bem, ainda que eu ache que esse distanciamento de vocês tenha colaborado pra vocês começarem a compreender a força do que sentem. - seguiu Antonella.
Karol deixou lágrimas caírem novamente, escutar ele se expondo, contanto sem mensurar as palavras, a fez sentir o quanto aquilo era verdadeiro, e o quanto ela esperou pra ouvir ele dizer tudo aquilo a nomeando, sem esquivar-se.
- Como estão as borbulhas? - perguntou Antonella.
- Pararam...- respondeu Karol olhando pra si mesma e administrando tudo que ouviu aos poucos.
- É tarde filha, foram muitas emoções, creio que seja melhor você descansar agora, dormir bem e tranquila. Vou estar aqui todo o tempo sim? - orientou Antonella.
- Sim... - respondeu sussurrando Karol.
Ela se deitou na cama, se cobrindo com o lençol, deixando suas mãos pousadas sobre o lunar. " Isso foi uma prévia do que vai ser você mexendo, não sei se estou pronta... " pensava internamente Karol até dormir.
Na manhã seguinte Antonella acordou mais cedo para esperar Bruno, pra ter garantia de que havia dado tudo certo. Enquanto esperava arrumando os pães e as geleias para o café da manhã, seu telefone tocou, por um instante ela pensou que fosse Bruno avisando que iria atrasar por qualquer motivo, mas era seu filho a chamando novamente:
- Oi Filho, bom dia! - atendeu Antonella.
- Oi Mamma, bom dia! Desculpe ter ligado de madrugada, mas eu realmente precisava por todas aquelas coisas em palavras. - foi logo dizendo Ruggero.
- Ah filho não tem problema, você sabe que gosto de te ouvir, me lembra quando você era pequeno e gostava de me contar histórias do que havia acontecido no seu dia até dormir. - disse Antonella.
- Isso faz um tempo Mamma - diz Ruggero rindo e suspirando em seguida.
- Ainda não conseguiu parar de pensar nela não é? - perguntou Anronella percebendo.
- Não Mamma, eu já fiz de tudo, fui jogar videogame me lembrei dela, fiquei vendo receitas me lembrei dela, tudo me faz lembrar dela o tempo todo. - respondeu Ruggero.
- Isso é saudade. - disse Antonella.
- Se eu pudesse falar com ela um segundo, só pra ouvir voz dela e saber que ela realmente está bem além de nos meus sonhos... - suspira Ruggero.
- Tem visto ela em sonhos? - perguntou Antonella curiosa.
- Sim, não todo dia, mas sim, são breves momentos em que a tenho em meus braços, são um alento. - respondeu Ruggero.
- Aí filho, eu sinto, e você sabe como é meu sentido de mãe, que logo, logo vocês se verão pessoalmente outra vez. - disse Antonella na tentiva de consolá-lo por hora.
- Tomara, porque é o que mais desejo. - disse Ruggero.
- Mas tem que me prometer um coisa filho. - pediu Antonella.
- O que Mamma? - indagou ele.
- Que vai dizer tudo o que você me disse a ela sem medos quando a encontrar, que vai ama-la, cuida-la e protege-la! - deixou claro Antonella.
- Vou dizer Mamma, quanto isso não tenha dúvidas eu faria isso agora mesmo se a tivesse na minha frente. - seguiu ele.
- O que diria? - instigou Antonella.
- Que a amo com minha vida, que mesmo o infinito é pequeno perto do que eu sinto por ela. - respondeu Ruggero.
- Que profundo filho e ao mesmo tempo muito bonito. Tenho certeza de que ela vai ficar muito feliz em te ouvir e vai retribuir. - disse Antonella ouvindo o telefone tocar ao fundo da ligação.
- Vou ter que atender Mamma, tenha um lindo día e obrigado por ser essa Mamma tão linda em tudo! - se despediu Ruggero.
- Ti amo meu filho, vai la, nos falamos. - se despediu Antonella.
- Tchau. - disse Ruggero desligando.
- Hunf... esse meu filho... - exteriorizou Antonella.
Segundos mais tarde o som da porta se abrindo anunciava a chegada de Bruno em casa.
- Amore, até que enfim, como foi lá?? - perguntou logo ao vê-lo Antonella.
- Bom dia Nella, ganharam o jogo, foi muito incrível, Léo seguiu pra faculdade eufórico e muito contente. - respondeu Bruno a abraçando.
- Aí que bom, vou preparar um jantar especial para comemorarmos! - vibrou Antonella.
- E como foi por aqui? E nossa menina? - perguntou Bruno se sentando a mesa.
- Foi bem tranquilo, até Rugge ligar de madrugada e eu deixar no viva-voz. - respondeu Antonella.
- Karol o ouviu? O que aconteceu com ele, ele só liga a noite assim quando não está bem. - seguiu Bruno.
- Sim, Karol o ouviu. Ele queria me dizer que não conseguia parar de pensar nela, disse coisas tão lindas, foi um desabafo e tanto. - respondeu Antonella
- Nela quem? - questionou Bruno.
- Em Karol, ele não consegue parar de pensar nela, ele me ligou de novo a pouco, seguia pensando em Karol, nosso filho descobriu que a ama de verdade e muito, me disse que tinha medo do que sentia mas que agora não tem mais. - contou Antonella.
- A cigana não errou uma virgula. E Karol ao ouvi-lo?? - perguntou preocupado Bruno.
- Ela se conteve muito Bruno, mas não conseguiu evitar o choro, eu mesma fiquei muito emocionada com as palavras do nosso filho. Mas além disso ela sentiu borbulhas e muitas enquanto ele falava. - respondeu Antonella.
- Nossa neta já identifica o pai. - complementa Bruno.
- Já sim, mas isso deixou Karol um pouco assustada. - nota a feição do marido - Mas depois conversamos, ela se acalmou e acabou dormindo, dormindo tão bem que não quis acordá-la, e foi bom porque acho que ela não suportaria ouvir a conversa de hoje. - contou Antonella tranquilizando Bruno.
- Ela dormiu com você não foi? - perguntou Bruno.
- Pá? - chamou Karol vindo pelo corredor os interrompendo.
- Oi Filha! - atendeu Bruno.
- Já chegou! - exclamou Karol se aproximando e o abraçando pelo pescoço.
- Como você esta? - perguntou Bruno.
- Estou bem, dormi muito bem! E vocês? Como foi o jogo? - retornou Karol.
- O seu palpite foi certo filha, eles ganharam o jogo! - respondeu Bruno.
- E por isso vamos preparar um jantar bem caprichado para comemorar! - inteirou Antonella.