Thinker se esfregou nas pernas deles, fazendo Ruggero soltar da boca de Karol assustado.
- Thinker que susto! - exclamou o homem.
- Peludinho, peludinho... - zombou rindo - O que você pensou que fosse? - quis saber Karol.
- Eu sei la... mas me assustou... - respondeu ele controlando a respiração, mas voltando a olhar intensamente pra ela.
- Crianças, as flores chegaram!! - gritou Antonella da janela da cozinha.
- Sempre no momento justo! Melhor você entrar Ka, não quero ninguém te vendo. - reclamou e pediu ele.
Ela não se soltou, continuou o olhando fixamente.
- Ka alô, essa realidade chamando, vai amor você tem que entrar! - reforçou ele.
Karol se esticou o dando mais um beijo, se soltou dele, acenou com delicadeza ao Corvo que seguia empoleirado na árvore, chamou Thinker, correu subindo e atravessando a varanda entrando na casa.Ruggero recebeu o material da floricultura, assinou o documento de recebimento e liberou o entregador. Era uma caixa muito grande, que deveria estar abarrotada de flores. Ao abri-la verificou que em deu interior haviam lindas rosas vermelhas e alguns girassois.
- Deveria ser o que estava disponível.... - pensou alto Ruggero.
Ele fitou as rosas por um momento, olhou para o Corvo no alto da árvore e falou baixo:
- Porque eu acho que tem dedo seu nisso...
A ave grasnou baixo como quem se eximisse de culpa.
Antonella saiu para ver porque seu filho ainda estava parado olhando a caixa.
- O que foi filho, veio algo que não gostou? - perguntou se aproximando, olhou para dentro da caixa - Nossa que combinação bonita, rosas vermelhas e girassois, você não gostou filho? Seu pai disse que eles iriam enviar o que tinham disponível. - perguntou Antonella.
- São lindas Mamma, só achei inusitado serem rosas vermelhas, normalmente elas são as primeiras a acabarem. - pensou alto respondendo a mãe.
- Realmente, mas mesmo assim que bom, porque são muito cheirosas e lindas, acha que são o suficiente? - retornou Antonella ainda admirando as flores.
- Creio que sim, vou separar os maços. - respondeu Ruggero mexendo nas flores.
- Depois que separar, vamos deixa-las na geladeira aqui de fora para ficarem bem até podermos montar os arranjos. E não se esqueça de separar algumas para o bouquet filho. - orientou Antonella.
Mais tarde, depois de ter organizado as flores, de tê-las deixado na geladeira, ele ficou com uma rosa na mão, a olhava com intensidade como quem mergulhava nas gotas de água pousadas na flor e nelas viajasse no tempo. Karol que estava indo em direção a ele novamente o percebeu em transe, ela se aproximou, mas antes que pudesse dizer algo a ave empoleirada na árvore grasnou baixo o tirando do transe, Karol mais do que rápido e automaticamente sem pensar brandou:
- Erebus! Eu que iria chamá-lo!
- Ele é intrometido as vezes, você sabe... você ainda lembra como ele se chama... que incrível... - exteriorizou Ruggero.
- Na verdade saiu, não sei se me lembrei ou é algo que sempre soube... que sensação engraçada isso causa... - expôs Karol.
- Se fossemos contar toda a nossa história desde o início, deixaríamos sagas de livros no chinelo. - disse Ruggero pensativo, ainda olhando para a rosa.
- E essa rosa? - perguntou Karol curiosa.
- É pra você... - respondeu ele agora a olhando fixo nos olhos.
- Ah... - engole seco - E-eu... - tem um novo flash - ainda me lembro daquele roseiral... - disse ela recordando.
- Deve ser por isso que você cuida tão bem desse jardim... eu não sei se ela assim vai vingar, mas o que acha de plantarmos ela? - perguntou Ruggero voltando a olhar para a rosa.
- Podemos tentar, se plantarmos juntos talvez ela nos surpreenda... - concordo Karol.
Os dois caminharam até o canteiro, escolheram um lugar, Ruggero cavou um buraco, juntos eles colocaram a rosa no solo e cobriram seu caule com terra. Ficaram de pé, entrelaçaram as mãos e passaram a admirar a beleza daquela flor.
- Sabe que se eu forçar minha memória agora consigo me lembrar de todas as vezes que te vi pela primeira vez e do que senti? - perguntou Ruggero ainda olhando para a rosa.
- E como você se sentiu? - retornou Karol aguardando a resposta.
- Como se nada existisse antes de você chegar, o mundo parecia ganhar cor no segundo em que meus olhos encontravam os seus ... e quando você se afastava, mesmo que no minuto seguinte em que nos encontrávamos, eu sentia uma dor tão forte no peito que era como se tivessem me arrancando um pedaço, além de uma profunda necessidade de te proteger e não deixa-la só. Talvez tenha sido por isso que com a mínima possibilidade de ter te perdido eu sucumbi, eu só existo se você existe... - contou ele.
- Eu sinto isso, é como se houvesse um imã dentro de nós, que nos prova que temos apesar de qualquer coisa que possa acontecer, estarmos juntos... Estando juntos tudo sempre ficará bem... - expôs seu ponto de vista ela.
- Assim que nos casarmos, Erebus vai seguir seu rumo, e nós vamos esquecer outra vez das outras vidas, como deve ser, mas o nosso amor... esse amor ele é perpétuo... - começou Ruggero.
- E eterno... - interrompeu completando Karol.
- Hunf... por um tempo naquela vida eu achei que isso era uma maldição... mas eu estava um tanto cego de ódio... quando você chegava eu me perdia todo... na verdade ainda acontece isso, mas agora eu meio que aprendi a me dominar. - contou ele a fitando.
- E é pra isso que estamos aqui, para aprender...- exteriorizou Karol se perdendo naqueles olhos castanhos de pupilas agigantadas.
- Fico feliz que tenhamos escolhido só uma vez ficarmos separados... acho que valeu a experiência, mas nunca mais... - deixou claro ele.
- Essa eu acho que fiz questão de apagar do registro... - contou Karol.