- Você tem dúvida que ela te diga sim? - perguntou o homem se inclinando para frente sobre o aparador.
- Na verdade, não tenho duvida, mas ao mesmo tempo tenho, é confuso... - respondeu Ruggero baixinho.
- Ora meu bom homem, até parece que estou vendo você se questionando sobre ela como se ela tivesse perdido a memoria outra vez, mas não é o caso, sabe bem que ela te ama e muito, então deixa a confusão de lado, porque ela é sua e você é dela como sempre foi e sempre será. - o cochichou o homem novamente.
Ruggero iria retornar, mas seus olhos caíram sobre a criatura mais bela que ele já havia visto em tantas vidas. Karol vinha andando a passos lentos sobre o caminho de carpet verde, com seus cabelos meio presos em um coque alto adornado com uma presilha de metal prateada dotada de muitos desenhos de folhas, a parte solta do cabelo com pontas cacheadas dando volume e leveza, permitindo o vento suave do fim da tarde brincar com as ondulações. Seu rosto estava brilhante, não por maquiagem, pois esta era muito simples, mas por estar o vendo e vivendo aquele momento. Seu vestido era uma graça, as mangas compridas de greaper, cobriam o colo adornando o decote em formato de coração, descia justo até sua cintura onde havia um cinto cravejado em continhas brilhantes e dali se abria em um tecido esvoaçante que escondia a ainda pequena barriguinha que seguia crescendo. Nas mãos dela, o bouquet que ele e sua mãe haviam feito no dia anterior.
Ruggero estava ofegante ao ponto do movimento de seu peito se tornar visível, seus olhos estavam marejados, trêmulo ele reteu um lágrima que iria cair, o juiz atrás dele, lhe encostou no ombro com a mão o dizendo baixinho:
- Calma rapaz, não vá ter um treco justo agora.
Assim que Karol chegou próximo às cadeiras, Bruno se levantou indo recebe-la, fazendo um arco com seu braço para ela enganchar, seguiram caminhando até um pouco antes do aparador, em um movimento muito delicado, Bruno a soltou, segurou uma das mãos a levando de encontro a mão de seu filho balbuciando:
- Ela esta entregue.
Ruggero assentiu ao pai, segurou as duas mãos de Karol dizendo com o olhar e sua expressão corporal que ela estava linda. Ele levou as mãos dela até a boca as dando beijinhos, a dando uma piscadela eles se viraram de frente ao juiz com as mãos entrelaçadas. Karol olhou para o homem atrás do aparador com estranheza, contraiu os olhos enferruscando o rosto, antes que pudesse proferir algo, o homem a disse baixinho:
- Já paguei meus pecados senhorita, já não carrego mais ódio dentro de mim, nessa vida vim me redimir de meus malfeitos.
Karol relaxou cenho ao ouvir o homem, ele parecia estar falando a verdade. No minuto seguinte o Juiz passou a falar em um tom em que todos pudesse ouvir:
- Boa tarde a todos! Estamos aqui hoje para celebrar a união entre Ruggero e Karol, então vamos direto ao ponto. - olha para Ruggero - Senhor Ruggero é de livre e espontânea vontade que está aqui hoje para receber em matrimônio esta mulher?
- Sim. - respondeu Ruggero seguro, ainda que trêmulo.
- Senhorita Karol, é de livre e espontânea vontade que está aqui hoje para receber este homem como seu esposo? - seguiu o Juiz.
- Sim. - respondeu Karol olhando para Ruggero com ternura e sentindo sua bebê dando uma cambalhota.
- Bom creio que vocês tem votos, esse é o momento. - sussurrou o juiz.
Ruggero assentiu, sem soltar da mão de Karol ele virou de frente a ela que o acompanhou, no bolso interno do paletó ele pegou as alianças, duas joias em ouro branco, delicadas mas belíssimas, abriu a mão revelando-as para Karol, as colocou sobre o aparador, pegou a menor e começou a dizer:
- Oi amor... - ela o sorriu - eu poderia dizer muitas coisas, mas a única verdade sobre nós é que independente do que é feita a alma a nossa é feita da mesma coisa, você sou eu e eu sou você desde sempre, nas vidas anteriores, nesta e em todas as próximas. Eu amo você com loucura, ainda que tenha demorado pra entender esse sentimento, mas quando eu finalmente entendi, tive certeza de que sem você eu não sou nada, eu só existo porque você existe, por isso - desliza a aliança no dedo dela - com essa aliança eu selo o nosso amor, ela vai nos lembrar desse momento todos os dias e em todas as vidas, não importa o que aconteça vamos sempre estar juntos e assim enfrentaremos qualquer obstáculo, sempre enaltecendo o nosso amor forte e eterno como nós. - concluiu Ruggero a dando um beijo nas mãos.
Karol pegou a outra aliança sobre o aparador, olhou para ela um instante, ergueu seu semblante e encontrando os olhos dele começou:
