Karol ainda estava absorvendo as informações que Antonella havia compartilhado, tanto que não conseguiu desenvolver uma nova frase. Antonella ao perceber lhe contou:
- Minha nonna havia aprendido com sua mãe, ela ensinou a minha mãe, que me ensinou e agora eu estou muito feliz de te ensinar sobre a Lua e sua influência sobre nós, mais tarde vou te mostrar um caderno de anotações da minha nonna, lá ela conta tudo até quando é bom plantar, colher, esperar, porque até isso a lua rege com maestria.
Karol a sorriu, o carinho que Antonella tinha por ela parecia ser antigo estranhamente, era perceptível o quanto havia ficado feliz em compartilhar algo tão ancestral e que regia muito da vida dela.
- Na verdade eu que fico muito feliz de poder te proporcionar isso Nella. - exteriorizou Karol.
- Tem sido muito bom ter você aqui, te ter como filha, te ensinar, transmitir... é uma honra, porque sei que você fará o mesmo pra essa menininha aí dentro. - disse Antonella.
Karol ficou um pouco sem jeito, mas ao sentir sua bebê mexendo, levou uma das mãos de Antonella a seu lunar para que ela também pudesse sentir e a retribuiu:
- É uma honra pra mim e pra ela ter você como Nonna.
Antonella ao ouvir e sentir a neta se mexendo, não conseguiu segurar a emoção e passou a chorar contidamente, pelo momento tão lindo que a vida estava lhe proporcionando passar.Em Buenos Aires, Ruggero estava em um intervalo de entrevistas, estirado no sofá sobre algumas almofadas, respirava fundo, olhava para o teto como se visse um filme projetado ali. Da cozinha vinha vindo Lucas com um copo de água em um mão e comprimidos na outra, se aproximou de Ruggero e o disse:
- Irmão está na hora dos remédios.
- Oi? - retornou Ruggero sem lhe dar atenção.
- Você precisa tomar seus remédios, onde está essa cabeça? - questionou Lucas.
Ruggero olha para Lucas, se senta, pega os medicamentos os coloca na boca, pega o copo de água toma a metade e engole, pousa o copo na mesinha ao lado, olha para Lucas e o pergunta:
- Em que você acha que minha cabeça está?
- Eu iria dizer que nas entrevistas, mas te vendo bem, está pensando nela de novo não é? - retorna Lucas.
- Eu sempre penso nela, mas hoje é um daqueles dias que de tanto pensar chega a doer, além disso faz dias que não encontro ela em sonho, então a saudade tá pegando de um jeito... - respondeu Ruggero.
- Pior que nem posso dizer pra você se distrair, porque com tanta entrevista já é distração suficiente. - disse Lucas.
- Eu queria tanto ter ela aqui nesse sofá comigo, pra poder abraçar ela e não soltar, ficar aqui enrolados nas cobertas até tarde e levantar só pra pegar uma tigela gigante de cereal pra gente dividir, jogar um pouco ainda enrolados e encher ela de beijinhos ... ahhh... Era tudo que eu queria, tô pedindo muito? - exteriorizou Ruggero.
- Não irmão, mas tudo no tempo certo. - disse Lucas.
Ainda que Lucas não confiasse muito nisso, tinha dúvidas, achava que era loucura da cabeça do amigo, mas o apoiava mesmo assim pois era o que o mantinha vivo e a caminho de retornar a ser saudável novamente.
- Como eu queria só ouvir a voz dela agora, sentir aquele cheiro tão dela, imerso em tantos aromas das misturas de perfumes que fazia... sinceramente acho que só eu sei o cheiro real dela e é muito bom... saudade de carregar ela pelos lugares... saudades de a constranger lhe mandando beijos... hunf... - seguiu exteriorizando Ruggero.
- Você a conhece bem. - disse Lucas.
- Olha, mais do que a mim mesmo, mas é recíproco, ela me conhece bem também. Muita gente classifica um relacionamento baseado na cumplicidade e outros no sexo, mas no nosso caso tínhamos uma intimidade eu diria até rara.- expôs Ruggero.
- E era bom? - perguntou Lucas curioso.
- Ter a intimidade? Sim, contávamos um com o outro, enalteciamos cada conquista, e quando algo não dava certo a gente se consolava. - respondeu Ruggero.
- Bacana isso, mas eu tava perguntando de outra coisa... - tentou se fazer entender Lucas meio constrangido.
- Ahhh te entendi, te entendi... era... Era muito bom, a gente se encaixa de uma maneira única, mas nunca foi só pele a pele sabe, sempre teve algo mais profundo, uma conexão diferente... - entendeu e contou Ruggero.
- Me lembro em um dos shows que você ficou digamos "feliz" em um momento que não era propício, e você tinha estado com ela segundos antes... - lembrou Lucas.
- Isso aconteceu várias vezes, não só em shows, antes de entrevistas, durante sessão de fotos onde eu não sabia onde enfiar a cara, e ela tão pouco me ajudava, ela mais ria da situação do que sei lá, distraia a atenção. Ela sempre se sentia culpada quando acontecia, eu sempre a dizia que não, que podia acontecer mesmo, mas ela tinha uma pontinha de culpa, porque normalmente acontecia quando eu me lembrava da gente... enfim... você entendeu. - contou Ruggero.
- Me lembro aquela vez no corredor do hotel, ela te pegou de jeito... eu ainda acho que você fez o roteiro de "usame" baseado naquele dia... - instigou lembranças Lucas.
- Não só o roteiro como a música foi baseada naquele dia. Poucas vezes ela ficava, como seria a correta expressão... - pensa - ... "Atacada", mas quando acontecia não tinha quem segurasse, eu só obedecia e pronto. Mas aquele dia foi intenso, se a deixasse iria ser no corredor mesmo... - disse Ruggero.
- Mas ela tinha períodos também em que ficava muito introspectiva, ficava quietinha esperando o show começar no canto dela. - seguiu lembrando Lucas.
- Nos dias que ela ficava assim, ela dormia aninhada comigo, eu a cuidava até que dormisse. Ela nunca me contou o motivo de ficar recolhida, também nunca insisti, apenas a abraçava e dizia que tudo ficaria bem. As vezes acho que era cansaço, cansaço de tudo, quer dizer ela amava fazer a Luna, era incrível, mas em alguns momentos ela só queria ser ela mesma, sem máscaras, sem interpretações. Eram nesses dias que ela mais me procurava, não para fazer algo, apenas que eu estivesse por perto... - contou Ruggero.
- E você pouco gostava vai dizer? - perguntou Lucas.
- Hehehe, eu gostava sim, me sentia salvando a donzela... mas ao mesmo tempo ficava preocupado, porque ela ficava com uma insegurança perturbadora no olhar... - respondeu Ruggero recordando.
- Aí você se transformava no "Super Ruggerito" o protetor! - exclamou Lucas rindo.
Ruggero riu, modulou a voz e disse:
- "Me encanta!" hehehe... eu era protetor mesmo, sempre senti essa necessidade com ela, de protegê-la, e isso é muito estranho pra mim porque nunca senti isso com outra pessoa, mas com ela sim, desde o princípio eu tinha esse ímpeto de protegê-la, de mantê-la segura... é como se ... se eu a mantesse segura, estaria seguro... não sei se faz sentido.
- Conhecendo a história de vocês de um ponto de vista bem externo, para mim faz sentido sim. Vocês são bem conectados, muito espelhados e eu diria até muito uníssonos. - explanou Lucas.
- Uníssonos? - questionou Ruggero querendo entender.
- É irmão, como se fossem um só, como se fossem a mesma pessoa em dois corpos diferentes, capiche? - respondeu Lucas.
- Compreendi, bem profundo isso, mas concordo... - alguém solicita chamada - Opa, próxima entrevista! Valeu pela conversa!! - concluiu Ruggero.