Capítulo 18

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Antonella se pôs alerta, foi até Karol, a virou devagar para olha-lá, ao perceber que algo não estava bem a disse a conduzindo em seguida:
- Você não parece bem, venha, vamos até o sofá.
Antonella ajudou Karol a se deitar no sofá, ela ficou com as pernas dobradas encostadas no encosto, levou suas mãos sobre o lunar, que estava gelado, ela sentia uma pressão por dentro na região desconfortável, ao perceber o que estava acontecendo Antonella a disse:
- Vou fazer um caldinho morninho pra você por mais que esteja calor, vai aquecer você por dentro e diminuir a sensação de cólica.
Karol balançou a cabeça em acordo.
Antonella voltou a cozinha colocando água para ferver, foi para o quarto que agora era de Karol pegou uma manta e voltou a sala.
- Eu sei que está calor carinho, mas mantenha essa região aquecida, vou preparar o caldo bem rápido. - orientou Antonella retornando a cozinha e agilizando tudo para preparação.
Karol sentia cólicas as vezes, mas não como aquela, era continua, incomoda, mas suportável. Ao aquecer a região com a manta foi passando aos poucos, mas não podia esticar as pernas pois o incômodo se espalhava para baixo e piorava, ela se manteve na mesma posição e bem quieta.
Cerca de 20 minutos depois Antonella voltou com uma tijelinha com um caldinho de legumes bem temperado e morno na medida. Karol se sentou devagar, se manteve mais inclinada e foi tomando o caldo aos pouquinhos, o calor foi descendo por seu corpo, promoveu certo alívio mas não por completo, ela parou de tomar um instante e perguntou:
- Nella você já comeu?
- Já sim, carinho não se preocupe. Como você esta se sentindo agora? - retornou Antonella.
- Um pouco melhor, nunca tinha sentido isso... - respondeu Karol.
- Bom porque você nunca ficou grávida, mas é bem comum esse tipo de cólica na gravidez, não se preocupe. - explicou Antonella.
Karol a olhou com carinho, era muito bom ter alguém para a deixar tranquila e sanar as duvidas que pudessem surgir, ainda que Karol não entendesse muito o que estava acontecendo. Ela terminou de tomar o caldo, Antonella levou a tigela até a cozinha e retornou logo em seguida, Karol ao vê-la lhe disse:
- Não estou te ajudando hoje...
- Não se preocupe, adiei tudo para amanhã, mas me conte como você está se sentindo agora? - perguntou Antonella.
- Ainda esta incomodo bem em baixo, mas do que estava, está melhor. - respondeu Karol.
- Hum, certo, então hoje vou ficar aqui com você. - se senta, pega uma almofada a pousando sobre as pernas - Vem, deita aqui, de lado, deixa as pernas encolhidas e se mantém aquecida com a manta. - sugeriu Antonella.
Karol a sorriu com os lábios, se deitou deixando a cabeça sobre a almofada nas pernas de Antonella, elas conversaram um pouco enquanto Karol recebia muito carinho o que a fez relaxar e pegar no sono. Quase como por osmose, Antonella caiu no sono em seguida.
Perto das cinco, Bruno chegou na casa, quando as viu no sofá, foi por sua esposa a chamando com muita calma:
- Nella... Nella...
Antonella acorda meio no susto, mas ao ver seu marido se acalma.
- Vocês tomaram café? - perguntou Bruno.
- Não... - responde Antonella olhando o relógio.
- Eu vou preparar um bem gostoso. - disse Bruno.
- Porque está tão cedo em casa? - segue Antonella.
- Porque não tinha movimento, então vim pra casa. Mas e a nossa menina, está bem? - seguiu Bruno.
- Está sim, mas voltou do exame com cólica, aquela chatinha, por isso custou a dormir. - respondeu Antonella fazendo carinho nos cabelos de Karol que seguia dormindo profundamente.
- E como foi na doutora tudo certo? - seguiu Bruno.
- Tudo sim, 10 semanas, Lúcia se emocionou disse que a eco estava igual a minha eco do Rugge. - respondeu Antonella.
- Já está bem dizer, no final do primeiro trimestre, não aparece muito, ainda bem que não fui porque ficaria emocionado também. - disse Bruno.
- A roupa engana amore, na hora do exame deu pra ver bem que tem uma barriguinha, bem sutil, mas tem. - contou Antonella olhando Karol com muita ternura.
- Bom vou fazer o café. - falou Bruno.
- Eu te ajudaria amore, mas eu não consigo deixar ela... está dormindo tão docemente, não tenho coragem de acordá-la. - disse Antonella.
- Você fazia a mesma coisa com os meninos quando dormiam no seu colo... - foi falando Bruno indo para a cozinha.
Antonella sorriu, seguiu fazendo cafunés em Karol a olhando com muito carinho, enquanto pensava, " Você é a minha menininha, lógico que vou cuidar de você como fazia com os meus meninos."
Bruno estava quase terminando de organizar tudo na mesa, quando Antonella o olhou e o perguntou:
- E Léo?
- No treino até mais tarde, vem pro jantar. - respondeu Bruno.
- Espero que tenha dado tempo de ele terminar e entregar o trabalho. - pensou alto Antonella.
Karol começou a se mexer, querendo acordar, suspirando e se esticando, Antonella a amparou nas costas para que não virasse ou caisse e Karol disse com a voz rouca e abafada:
- Mamá tenho fome...
Bruno e Antonella se olharam, Bruno balbuciou:
- Foi certo o que eu ouvi?
Antonella o sorriu e disse:
- Bruno já está montando a mesa do café carinho, já já você vai comer.
Karol esfregou os olhos, os abriu, ficou olhando para Antonella uns minutos e a sorriu.
Antonella ficou emocionada, mas não transpareceu, quando iria dizer algo, Bruno a interrompeu:
- Venham já terminei de arrumar a mesa.
Karol sentou devagar, Antonella tirou a almofada de seu colo, iria se levantar, mas Karol a abraçou e a disse baixinho:
- Sei que você não gosta que eu diga obrigado, mas ... obrigado por cuidar de mim.
- Ah carinho, vou cuidar sempre de você. - retribuiu Antonella.
As duas se soltaram se levantaram e se sentaram a mesa para tomar o café da tarde tradicional europeu.
Enquanto comiam conversavam:
- Então Karol gostou da doutora? - perguntou Bruno.
- Ela é muito calma e passa muita segurança, gostei muito dela. - respondeu Karol mordendo um pãozinho.
- Eu falei que você iria gostar, e já deu pra saber o que é? - retornou Bruno.
- Ainda é muito cedo amore, creio que só no próximo exame vá ser possível sabermos. - se interpôs Antonella.
Ao perceber Karol mais quieta, Bruno indaga:
- E como você está se sentindo agora?
- Estou bem... - respondeu Karol
- E a cólica? - perguntou Antonella.
- Passou Nella... estou mais tranquila. Só espero que não passe isso toda vez... - respondeu Karol.
- Não carinho, conforme o bebê vai crescendo esse tipo de cólica vai diminuindo, mas vão aparecendo outras sensações, mas você vai ficar bem. - contrapôs Antonella.
- E vamos estar aquí cuidando de você, pra que esteja o mais confortável possível. - inteirou Bruno.
- Você não deve ter percebido, mas já da pra ver um pouco de volume aí. - contou Antonella.
- Na verdade eu percebi isso no banho ontem, é como se estivesse inchado. - disse Karol.
- Humm - engole - agora parece só um inchaço más logo você vai chegar no segundo trimestre e as mudanças vão ser maiores. - explicou Antonella.
- Na outra semana ja vai aparecer mais ainda. - complementou Bruno.
Karol sorriu com os lábios, acabou ficando introspectiva depois disso, deixando Antonella e Bruno conversando, enquanto sua cabeça tentava não pensar que queria estar dividindo isso com o filho deles.
Depois do café, com Karol bem estabilizada, começaram a preparar o jantar, Bruno iria fazer a sobremesa, mas esperou Karol terminar de ajudar Antonella para fazê-la, porque queria ensina-la a receita.
Todos os dias Karol vinha aprendendo algo novo, desde receitas, sobre plantas, flores à conceitos e pontos de vista diferentes de muitas coisas. Na Itália as  coisas eram mais peculiares que na América Latina, ela aprendia mas também ensinava o que sabia, de ambos os lados eram aplicados os ensinamentos o que engrandecia e estreitava cada dia mais os laços entre eles, incluindo Léo.
O tempo foi passando, Karol completou 12 semanas sem nem perceber esse tempo passar, a convivência a fazia sentir que sempre esteve ali, que sempre fez parte daquela família. As vezes se recriminava por achar que eles eram mais família dela do que a sua própria, mas Antonella sempre a dizia que não se preocupasse com isso, pois naquele momento ela fazia parte daquela família.
Karol percebeu que o inchaço estava ganhando mais proporção, as vezes depois do banho se observava e reparava nas diferenças, além disso seus seios estavam começando a ganhar proporção também, ela estava assistindo seu corpo mudar enquanto uma parte de Ruggero crescia dentro dela, ainda que ela não se ligasse muito a isso, apenas se mantinha bem, pra que tudo ficasse bem.
Durante uma manhã, enquanto preparavam o café, Antonella e Bruno conversavam enquanto "seus filhos" dormiam, sim filhos, porque cada dia mais Karol era tratada como filha caçula, ainda que fosse mais velha que Léo:
- Ela ainda não está muito a par do que está acontecendo Nella, mesmo com a barriga crescendo. - comentou Bruno.
- Ela vai entrar no segundo trimestre na semana que vem e vamos a doutora, creio que a partir daí ela comece a entender. - disse Antonella.
- Eu acho que só quando ela sentir mexer e que vai se dar conta. - contrapôs Bruno.
- Vamos aguardar, não temos que ter pressa, deixa ela ir no tempo dela, é a primeira vez, é um mundo novo, ela está sem o Rugge, tem muita coisa amore. - explanou Antonella.
- Tem razão, vamos deixar ela ir no seu tempo. - concluiu Bruno.
O dia transcorreu bem, Karol passou a maior parte do tempo revezando entre ajudar Antonella e o jardim. Cuidar do jardim havia se convertido em uma paixão, se deixassem ela passava o dia todo por lá, adorava ficar sentada na grama, ou se balançando no grande
balanço, esperava o por do sol, o assistia, as vezes lembrava do Capitão, e pensava que ele poderia estar apreciando o por do sol como ela, era nostálgico em muitos momentos.
Um pouco antes do sol se pôr completamente ela entrou na casa para ajudar Antonella com o jantar, Léo já estava colocando os itens na mesa e  Bruno chegaria em breve. Karol foi ajudar Antonella com as finalizações, ela estava cada día mais craque e apreciava o momento.
Com a chegada de Bruno, todos se sentaram a mesa para comer, depois do jantar, Bruno que havia preparado algo pela manhã, foi até a geladeira pegar o que seria a sobremesa, colocou o doce sobre a mesa e removeu o papel manteiga que envolvia a torta que parecia deveras rústica e anúnciou:
- Família apresento a vocês uma torta basca! Parece peculiar eu sei, mas o sabor!!
- Do que é feita Pá... - percebeu, engoliu seco e seguiu - Bruno?
Bruno a olhou por um instante, depois olhou para sua esposa que o sorriu e ele respondeu:
- De ovos, creamcheese e baunilha, ela é assada mas só ganha ponto na geladeira, te ensino outro dia. A propósito eu sei do que você iria me chamar, e  quero que você saiba que pra mim você é uma filha, então por me chamar de Pá, ou Papá se quiser.
Karol o sorriu, dessa vez sem acanhamento, foi tão automático pra ela, Bruno havia se tornado uma referência paterna, o modo como a tratava era dotado de gentileza, mais dia menos dia certamente aconteceria, normalmente acontecia por conta de seus personagens, mas por primeira vez era real.
- Eu posso chamar você de Ka? - interrompeu os pensamentos de Karol Léo perguntando.
- Claro que pode, já deveria estar fazendo isso! - respondeu Karol lhe dando um tapinha no ombro.
- Então a partir de hoje te chamamos de Ka! - disse Léo.
Iriam continua a conversa, mas o interfone tocou, Bruno se levantou para ver quem era aquela hora, ao ver, olhou para Antonella com certo desespero no olhar e disse:
- É Ruggero e Camila.

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