Antonella ficou estática por um momento, como Ruggero estava atônito ao ver Karol ali na sua frente depois de meses. Ele não conseguiu esboçar nenhuma reação, apenas tentou lidar com o que estava acontecendo.
Antonella se levantou e foi correndo por Karol.
- O que esta acontecendo?? - questionou em tom desesperado Antonella.
Karol não respondeu, apenas lhe mostrou a mão e ao ver o sangue Antonella entendeu o que estava passando.
- Rugge filho, por favor, precisamos levá-la para para a clínica agora!
Ruggero saiu do seu "transe", se levantou meio cambaleando e quando chegou perto de Karol só teve tempo de segurá-la, pois ela estava começando a perder os sentindos.
- Vamos filho, temos ir já!! - exclamou Antonella pegando a chave do carro.
Ruggero percebeu que Karol não iria andar, a pediu para segurar nele e a ergueu em seu colo indo atrás de sua mãe, que mandava mensagens em seu celular.
Chegando ao lado do veículo ela ajudou seu filho a entrar com Karol, ele continuou com ela em seu colo, tentava conversar com ela para mantê-la consciente. Antonella entrou no carro e deu partida saindo com o veiculo, colocando o cinto com ele em movimento. A clínica era perto mas cada minuto contava. Em uma parada de sinal no meio do trajeto, Ruggero falava com Karol:
- Continua falando comigo por favor!!
Mas Karol desfaleceu.
- Não, não, não fala comigo, fala comigo!! - sente sua calça ficando molhada - Mamma ela está perdendo mais sangue... - dizia ele desesperado.
- Mais 3 minutos, 3 minutos... e esse sinaleiro que não abre!! - estravazou Antonella.
- Fala comigo, por favor... - seguia Ruggero desesperado.
Finalmente chegaram na clínica, como Antonella havia avisado a médica, já havia uma equipe esperando com uma maca no estacionamento.
Antonella saiu correndo, abriu a porta de trás ajudando seu filho a sair com Karol no colo que seguia desmaiada. Assim ele que saiu do carro a levou até a maca a deitando, ao colocá-la percebeu que seu braço, sua roupa, sua mão estavam cobertos de sangue, ao invés de dar margem a pensamentos ele ajudou a levarem a maca para dentro, com Antonella logo atrás. Ele conduziu a maca até a porta que levava para a área restrita, dali já pediram para ele esperar do lado de fora.
- Filho! - disse Antonella se pondo a frente dele.
Ele passou o peito da mão no rosto, estava ofegante, não tirava os olhos da porta, no segundo seguinte passou a chorar compulsivamente, olhando pra si e todo aquele sangue.
- Mamma... - tentava formular uma frase.
- Calma filho vai ficar tudo bem! - tentou acalmá-lo Antonella.
- Eu... eu achei que a tinha perdido, a vejo .... - tenta se expressar Ruggero mas o choro é mais forte, junto com a vontade dele de cruzar aquela porta e ir com ela.
- Filho você não vai perdê-la, ela vai ficar bem! - insistiu Antonella, mas ela mesma estava ficando desesperada, não por Karol porque elas haviam sido avisadas que poderia acontecer, mas por seu filho.
Ruggero leva a mão ao peito, em prantos, Antonella segue insistindo que ele não se preocupe, que vai ficar tudo bem, mas ele não consegue ouvir, no minuto seguinte ele passou a gritar de desespero e a repetir em seguida:
- Eu não vou aguentar perder ela de novo... não vou...
- Ruggero olha pra mim meu filho por favor, - ele a olha nos olhos - Você não vai perdê-la! - deixou claro Antonella.
Mas ele estava tão desesperado que a informação não era administrada por sua mente, ele passa a repetir ainda em prantos:
- Eu só quero a Karol, por favor, POR FAVOR...
- Filho você vai acabar passando mal desse jeito! - vê uma infermeira passando, a aborda - Por favor moça tem algum médico que possa tranquilizá-lo, ele tem problema cardíaco... nem que o deem um calmante algo assim... - disse Antonella.
Ruggero seguia fora de si, Antonella sentia o coração do filho batendo como um martelo bate em um prego, ela tentava fazê-lo se acalmar lhe repetindo que Karol estava bem e que ele tinha que se acalmar, mas ele não ouvia, ela o compreendia, mas ele poderia ter um novo problema se nada fosse feito, a margem desse pensamento um médico se aproximou deles, aplicando uma injeção sem aviso no flanco esquerdo de Ruggero, que se abraçou a mãe devido ao susto, uma enfermeira chegou logo atrás dele com uma cadeira de rodas e assim que ele começou a perder o controle do corpo o colocaram sentado na cadeira e o levaram para uma ala na enfermaria. Antonella explicou tudo ao doutor como pode, mas ele precisava do contato do médico de Buenos Aires para agir de forma mais acertiva e para isso teriam que esperar o efeito do sedativo passar para que Ruggero pudesse dize-lo.
Mais tarde, Antonella estava sentada em uma cadeira ao lado da maca de seu filho que ainda estava desacordado, derepente pela porta entra Bruno, assim que o vê se levanta e vai por ele o abraçando.
- Eu disse que estava com um pressentimento. - lembrou Bruno.
- Amore... - tentou formular alguma frase Antonella.
- Vi todas as suas mensagens Nella, como ele está? - perguntou Bruno.
- Esta estável... mas ele precisa acordar para falar o nome do médico dele pro doutor daqui, para poder trata-lo adequadamente, ele já fez uma bateria de exames... - contou Antonella.
- Eu trouxe os remédios e um dos frascos está o nome do médico, vou passar para uma enfermeira. E Karol? - seguiu Bruno.
- Eu não sei... ninguém me deu notícias dela... mas ela perdeu tanto sangue... que não sei Bruno... será que fizemos certo... será que era hora deles se verem... - respondeu e compartilhou seus medos Antonella.
- Devem dar alguma notícia dela em breve, amore, antes ou depois nada nos iria garantir que as coisas não acontececem como estão acontecendo, o importante é que ambos estão sendo cuidados e aqui tem sempre a melhor equipe e os melhores médicos. - tranquilizou Bruno.
Foi ele terminar de falar para alguém bater na porta e abri-la.
- Finalmente encontrei vocês, o Doutor Marco me avisou o que houve, ele é o melhor cardiologista da região, seu filho esta em boas mãos... - começou a falar Lúcia.
- Lúcia como esta Karol? - perguntou Bruno.
- Está bem, já esta acordada, está repondo vitaminas e o sangramento já passou, e antes que vocês me perguntem a bebê esta bem também, mas ela pediu por você Antonella. - respondeu Lúcia.
- Vai amore, deixa que eu fico com ele aqui e converso com o médico. - orientou Bruno a dando um beijinho na testa.
Antonella assentiu com a cabeça e acompanhou Lúcia.
Na ala de internamento da clínica, Lúcia levou Antonella até o quarto em que Karol estava, a deixou na porta a avisando que qualquer coisa era só apertar o botão vermelho no painel que ela iria até lá ou alguma enfermeira, Antonella a agradeceu, elas se despediram brevemente e ela entrou no quarto.
- Nella! - exclamou Karol ao vê-la.
- Carinho! - se aproximou da cama segurando uma das mãos dela - Como você esta filha? - perguntou Antonella.
- Estou bem, estamos bem, ela esta mexendo bastante... - respondeu Karol.
- Que bom... - disse Antonella sem conter o choro.
- Aconteceu algo com o Rugge não é? - questionou Karol contraindo os lábios.
- Ele esta sedado, ficou desesperado, achou que tinha te perdido de novo, e não adiantava eu falar que você estava bem... ele gritou, ficou em prantos, o coração dele batia tão forte que tive que pedir para que fizessem algo, e um dos médicos o sedou, mas ele está estável agora. - contou Antonella.
- Quero ver ele... - disse Karol começando a chorar.
- Você tem que se refazer, e ele tem que acordar, depois vemos de vocês se verem... Eu vou ficar aqui com você, Bruno vai ficar com ele e vamos revezar... Léo vai cuidar de casa e da oficina... - exteriorizou Antonella organizando tudo em sua cabeça.
- Quando ... - soluça - finalmente eu estou pronta... - começa Karol.
- Shhh tranquila, já passou, agora é vocês se recuperarem para poderem estarem juntos. - disse Antonella.
- Acha que ele percebeu? - perguntou Karol acarinhando seu ventre.
- Creio que não, a camiseta que você estava não deixava aparecer, além disso está visível, mas nem tanto... - respondeu Antonella.
- Quero eu contar a ele... - explanou Karol.
- Eu sei carinho, vou garantir isso, tranquila, agora descanse, quem sabe quando você acordar eu tenha notícias para te dar... - orientou Antonella.Um tempo mais tarde, em uma das salas da enfermaria, uma equipe entra com o médico logo atrás, Bruno os recebe e antes que pudesse fazer qualquer pergunta, o doutor lhe informa:
- Consegui contato com o médico dele, vamos transferi-lo para a ala de internamento, ele precisa se estabilizar, ficou muito abalado e seus exames ficaram alterados, por isso vai ficar aqui até estar em um estado adequado novamente. A doutora Lúcia me contou um pouco do ocorrido, então providênciei dele ficar no quarto ao lado da paciente dela, para facilitar para você e sua esposa o revezamento.
- Obrigado doutor... - conseguiu dizer Bruno.
Ele foi acompanhando seu filho sendo levado pela enfermagem, quando chegaram na porta do quarto Antonella saia do outro.
- Bruno, o que está havendo?? - questionou ela preocupada.
- Ele vai precisar ficar aqui até que os exames dele estejam bons, Lúcia e o Doutor arrumaram de deixar ele no quarto ao lado do de Karol, para facilitar o nosso revezamento... - respondeu Bruno.
- Mas ele está bem? - retornou Antonella.
- Segue estável, ainda não acordou, e ela? - perguntou Bruno.
- Está bem, fique com ela um pouco, deixa eu fico com ele agora. - pediu Antonella.
- Está bem, falou com Léo? - indagou Bruno.
- Já falei sim, ele vai cuidar da casa e da oficina... - respondeu Antonella.
- Tudo certo então, nos vemos mais tarde.- concluiu Bruno entrando no quarto de Karol.
Ele entrou, deu uma olhada , estava dormindo profundamente, o que o fez sentar no sofazinho e assistir um pouco de tv para se distrair.
No quarto ao lado, depois de terem arrumado Ruggero na cama, ele começou a querer acordar e Antonella se pôs ao seu lado, uma enfermeira a orientou sobre qualquer emergência e saiu. Segundos depois Ruggero abriu os olhos, percebeu sua mãe e a perguntou meio rouco:
- Onde estou Mamma?
- No hospital filho, você precisou ser sedado estava muito nervoso e alterou todos os seus exames, o médico preferiu internar você até se estabilizar. - explicou Antonella.
- E... - começou ele.
- Ela esta bem, já falei com ela, agora esta descansando, tomando algumas vitaminas. - se adiantou Antonella.
- E o que houve, porque ela perdeu tanto sangue? - retornou ele.
- Isso ela vai te contar em breve, agora se preocupe em ficar bem para poder vê-la, porque ela esta aquí no quarto do lado, seu pai esta la com ela. - respondeu Antonella.
Ruggero respira fundo e solta o ar sonoramente como se tirasse um peso dos ombros e exterioriza:
- Eu não a perdi...
- Não filho, eu disse pra você que ela ficaria bem... - disse Antonella.
- "um lugar que você conhece bem"... e o tempo todo ela estava com vocês em casa... - pensou alto ele.
- E nós estávamos cuidando dela com muito amor filho, chamamos ela até de filha... - contou Antonella se animando ao ver seu filho corando novamente.
- Ela foi pro melhor lugar do mundo... mas porque? - se questionava ele.
- Filho ela vai te contar tudo, o que importa agora é vocês dois melhorarem para podermos ir pra casa, eu, seu pai e meu filho e minha filha juntos finalmente. - disse Antonella o fazendo carinho.
No outro quarto, Karol acorda chamando por Antonella.
- Oi filha, Nella esta com Rugge, agora eu estou aqui com você. - contou Bruno se aproximando da cama se fazendo ver.
- Pá...diz pra mim que ele acordou... - pediu Karol.
- Ao julgar pelo falatório que estou escutando através da parede, ele deve ter acordado sim filha. - disse Bruno.
Ela suspirou e levou as mãos ao lunar.
- Essa mocinha esta agitada? - perguntou Bruno.
- Agora que tem mais espaço esta se mexendo bastante... - respondeu Karol.
- Como assim mais espaço? Afinal filha o que houve? - perguntou Bruno.
- Tinha algo que era pra ser outro bebê, mas não se desenvolveu, ficou vazio, meu corpo podia absorver ou expelir, como fiquei muito ansiosa meu corpo expeliu tudo de um vez... - explicou Karol.
- E isso ocupava espaço, por isso ela está se mexendo mais... - complementou Bruno.
- Isso... Pá ... - disse e chamou Karol.
- Diga filha... - atendeu Bruno.
- Eu quero ver o Rugge... - pediu ela.