Karol ficou paralisada ao ouvir, Leonardo se levantou, esperando a orientação de sua mãe, que assim que assimilou a informação, disse baixo:
- Léo leve Karol para o meu quarto e fiquem lá, tranque a porta.
- Nella... - quis começar Karol com certo desespero.
- Vai ficar tudo bem carinho, vá com Léo. - quis tranquilizar Antonella tirando a louça o mais rápido e silenciosamente da mesa.
Karol e Léo ainda ficaram meio estáticos, até o interfone soar novamente e Bruno impor o mais sussurrado possível:
- Vão, o que estão esperando!!
Léo puxou Karol pelo pulso e os dois foram direto o quarto de Antonella, Karol atravessou o quarto feito um raio, se sentou encolhida entre a cama e a parede da janela, Léo se sentou do lado oposto e a repetiu baixinho:
- Vai ficar tudo bem, ninguém vai saber que você está aqui.
Na sala Antonella guardou tudo que pode dentro dos armários e foi se sentar no sofá controlando a agitação e simulando uma enchaqueca.
Bruno ao soar do terceiro toque abriu a porta.
- Papá, até que enfim! - disse Ruggero abraçando o pai e entrando na casa.
- Senhor Bruno. - cumprimentou Camila entrando.
- Olá...- retribuiu Bruno contendo suas emoções e fechando a porta.
- Mamma! Como está? - perguntou Ruggero contornando o sofá se sentando ao lado de sua mãe.
- Não muito bem meu filho... - respondeu Antonella.
- O que acontece? - seguiu Ruggero com Camila se sentando ao seu lado.
- Uma enchaqueca horrível. - disse objetiva Antonella, olhando para Camila com certo fuzilamento.
- Ela esta assim faz dois dias, está tomando remédio mas não está passando. - inteirou Bruno se sentando ao lado da esposa e a abraçando.
- Bom Mamma tem que pensar que vai melhorar. E Léo? - seguiu Ruggero transparecendo uma alegria notoriamente falsa, pois seu rosto estava descorado e com sutis olheiras.
- Ficou no treino e iria sair com os amigos depois, deve voltar tarde. - respondeu Bruno.
- Ah que pena, sinto muita falta dele.
Antonella leva as mãos a cabeça, deixando um silêncio na sala sepulcral. Ruggero percebe que não foi um bom momento para a visita e diz:
- Bom, vou deixar você se recuperar Mamma, volto amanhã...
- Não! - diz Bruno rispidamente.
- Amanhã não estaremos em casa filho! - contorna Antonella.
- É, é amanhã vamos para Vale Molino, buscar mais insumos para a oficina, voltamos somente na sexta. - explicou Bruno.
- Que pena, vamos pra Bélgica depois de amanhã. - Conta Camila.
- Filho você pode voltar em outro momento, espero estar melhor e ... nos AVISE para estarmos em casa. - deixou claro Antonella.
- Eu aviso Mamma, agora vem aqui! - disse Ruggero a abraçando.
Bruno percebeu que seu filho queria, tinha muito o que dizer, mas ficou calado, somente acalentando-se nos braços de sua mãe. Em seguida abraçou o pai, desejou melhoras novamente para sua mãe, Camila já estava em pé, afinal sequer haviam olhado pra ela, Ruggero se levantou em seguida mas Bruno lhe perguntou:
- E a busca por Karol, alguma coisa?
- Não... nada... - respondeu Ruggero olhando para baixo, foi possível notar um calafrio subindo por seu corpo.
- Bom nós vamos sim? - perguntou Camila.
- Vamos... aviso vocês e venho outro dia, se cuidem. - desejou Ruggero contornando o sofá atrás de Camila.
Bruno se levantou para leva-los até a porta, Camila saiu primeiro se despedindo brevemente, Ruggero estava saindo mas Bruno o segurou no ombro o fazendo se voltar para olha-lo.
- Você está bem filho?
- Uhum... - respondeu Ruggero.
Mas os olhos do rapaz estavam enormes, a contração em seu pescoço era nítida, Bruno apenas lhe disse:
- Se cuide filho e qualquer coisa me liga.
Ruggero apenas abraçou seu pai mais uma vez e antes de solta-lo lhe deu tapinhas nas costas, por fim seguiu rumo ao portão.
Bruno fechou a porta, olhou para Antonella que o disse imediatamente:
- Ele não está bem...
- Deve estar procurando a Karol, se estão indo a Bélgica, é porque estão passando por onde passaram os shows de soy luna.
- Eu espero que ele não fique doente Bruno, você viu como ele esta?
- Se ele ficar doente, vamos ter que conversar com a Karol e traze-lo para cá. - respondeu Bruno.
- Mas sem essa... Camila, essa moça não me desse... - exteriorizou Antonella.
- Nem me fale, é Candelária dois o retorno... com certeza sem ela. - concordou Bruno.
- Santo Deus, os meninos estão no quarto, vamos! - concluiu Antonella se levantando e indo com Bruno pelo corredor.
No quarto Karol estava quase se fundindo com a parede de tão encolhida, estava ofegante e deixando Léo muito alarmado que tentava fazer ela se acalmar, quando a iria dizer algo, seus pais bateram na porta pedindo para abri-la. O jovem foi correndo destrancar e abrir a porta liberando a passagem para seus pais e lhes contando a situação de Karol. Antonella foi por ela a tranquilizando, dizendo que já haviam ido e que estava tudo bem, ela seguia segura e protegida. Com muito custo Antonella conseguiu faze-la se levantar e sentar na cama, pediu a Léo que buscasse um copo de água para ajuda-lá a se acalmar.
- Nella a deixe deitar na cama. - sugeriu Bruno.
Antonella acatou a ideia e ajudou Karol a se deitar, contudo ela seguia encolhida e com a respiração muito descompassada. Léo retornou com a água, Karol conseguiu tomar um gole, mas não passou disso, estavam todos ali envolta dela, para que se sentisse amparada.
- Mamma... é uma crise de ansiedade... eu acho... - disse Léo.
Antonella saudiu a cabeça em acordo e disse:
- Filho vai dormir, você tem aula amanhã, deixe que eu e seu pai cuidamos dela agora.
- Tá bom... - olha para Karol - Boa noite Ka, fica bem. - acatou e desejou Leonardo saindo do quarto em seguida.
- Eu vou tomar banho amore... - disse Bruno baixinho saindo do quarto também.
Antonella ficou ali sentada ao lado de Karol a fazendo carinho para que se acalmasse, no entanto foi apenas a respiração ter se estabilizado que lágrimas escorreram pelo rosto dela.
Bruno retornou ao quarto revezando com Antonella que foi por sua higiene.
- Hei, vire pra mim, quero ver você. - pediu Bruno.
Karol relutou mas se virou, olhando nos olhos de Bruno que segundos depois entendeu que ela não estava assim porque poderiam a ter descoberto.
- Queria falar com ele não é? - perguntou Bruno.
Karol levou a mão a boca para abafar os soluços, foi a resposta mais direta que ela conseguiu dar.
Bruno ficou conversando com ela até Antonella voltar. Quando Antonella retornou ao quarto Karol estava um pouco mais calma, mas ainda chorosa e com sono.
- Está mais calma? - perguntou Antonella a Bruno.
- Está, mas ela não estava daquele jeito pela possibilidade de a descobrirem aqui, porque sabía que estava segura. - respondeu Bruno.
- Então porque? - indagou Antonella.
- Rugge. - respondeu Bruno.
Com olhar de estranheza, ligando os pontos da informação Antonella pediu a Karol que fosse para o meio da cama, com ela ao meio Antonella se sentou no seu lado, Karol ficou virada de barriga pra cima, revezava para quem olhava, até Antonella a perguntar:
- Porque ficou assim? Foi por Rugge não foi?
- Porque - soluça - queria contar...
- Ah carinho, vem aqui! - entendeu e puxou Karol para um abraço.
Antonella a fez carinho nas costas enquanto conversava com Bruno. Com o passar da hora Karol acabou dormindo abraçada a Antonella, como uma menina que busca consolo em sua mãe.
- Não aguento ver os dois assim Bruno... - exteriorizou sussurrando Antonella.
- Eu tão pouco amore, mas temos que respeitar ela, se ela sentir que chegou o momento, o chamaremos e eles conversarão, mas não creio que ela está pronta. - concluiu Bruno em mesmo tom.
Por fim acabaram dormindo.
Na manhã seguinte, Karol se espreguiça na cama, sente algo diferente no tátil, esfrega os olhos, os abre devagar para se acostumar com a luz e observa ao seu redor, havia dormindo no meio de Bruno e Antonella. Fazia muito tempo que ela não dormia entre seus pais, naquele momento ela se sentiu uma menininha, que os pais deixavam dormir no quarto com eles por conta de algum pesadelo.
Antonella ao percebe-lá acordada a diz:
- Bom dia carinho!
- Bom dia Nella! - retribuiu Karol.
- Vejo que está melhor, bem diferente de como estava a noite. - analisou em voz alta Antonella.
- Me sinto bem... - disse Karol seguido de um sorriso.
- Parece que nossa menina voltou Nella - constatou Bruno observando as duas.
- Sim amore! - concordou Antonella.
- Fazia muito tempo que eu não dormia assim, entre ... meus pais... - disse Karol levemente acanhada.
- E seus pais lhe faziam coceguinhas? - perguntou Bruno fazendo cócegas em Karol.
Ela riu, se esquivou e respondeu:
- Não, Hahaha na verdade não, uh preciso fazer xixi.
Karol se arrastou pra sair da cama e antes que pudesse sair, Antonella a disse:
- Vai no banheiro daqui filha!
Karol correu para o cômodo por sua necessidade.
- Não sei se nossos filhos cresceram muito rápido Nella, mas eu senti falta de brincar assim e cuidar. - contou Bruno.
- Ah sim amore, mas você não pode esquecer que tem um bebê ali e que a pressão na bexiga vem mais rápido. - lembrou Antonella o sorrindo.
- Vou me lembrar disso. Ela parece tranquila, como se nada tivesse acontecido. - disse Bruno.
- E vamos seguir como se não tivesse acontecido, vamos evitar de falar de dele perto dela por hora, as emoções já estão uma bagunça, se pudermos manter ela o mais tranquila possível melhor. - explanou Antonella.
- Nossa eu fiz tanto xixi, ushi! - disse Karol voltando do banheiro.
- Estava sem fazer xixi desde ontem a noite, acumulou carinho. - disse Antonella.
- O que? Porque esta nos olhando? - perguntou Bruno a observando.
Ela sorriu com os lábios, mas tinha os olhos brilhantes e oscilavam olhando para Bruno, depois para Antonella e vice versa.
- Venha logo mocinha! - disse Bruno entendendo.
Karol subiu na cama, se pondo entre eles outra vez, Antonella a olhou por uns segundos e pediu:
- Eu quero um abraço!
Karol a abraçou imediatamente, Bruno pediu as abraçando:
- Eu também quero!
Em um hotel perto do aeroporto de Pescara, Rugge arrumava suas coisas para ir rumo a Bruxelas, o celular toca, Camila o atende e logo em seguida passa para ele:
- É o Lucas.
- Oi Lucas - atendeu - Estamos indo a Bruxelas. O que? Como assim voltar? Reunião? Tá bom, vamos voltar então. - desliga - Viagem cancelada, Diego marcou uma reunião, parece que tem uma notícia para nos dar e pediu que eu volte imediatamente. - contou Rugge.
- Você acha que é o certo? Não quer procurar mais? - questionou Camila.
- Se ele tem uma notícia e disse para voltarmos, assim vou fazer, provavelmente deve ter um pista mais concreta assim vamos direto e não ficamos gastando dinheiro e tempo. - respondeu Ruggero.
Do hotel, foram direito ao aeroporto, cancelaram as passagens para Bruxelas e trocaram por passagens para Milão e de lá para São Paulo e por fim Buenos Aires.
Durante a viagem e as conexões Ruggero vinha muito inquieto, pensativo, quando Camila dormia ele passava a ver fotos de Karol, pensando onde ela poderia estar e porque havia sumido. Estava vivendo em estado de alerta a dias, sem dormir direito, nem mesmo comendo estava, se recriminava maior parte do tempo por ter deixado as coisas esvaindo de suas mãos, por não ter dito o que queria e por a ter deixado ir. " Porque você tem tanto medo do que sente por ela, porque??" ele se questionava, " Porque você faz sempre o oposto do que quer de verdade... de onde vem esse medo sem sentido... espero que não seja tarde..." seguiu pensativo.
Quase 18 horas depois finalmente chegaram Nuñes, Ruggero entrou em casa largando a mala no meio da entrada e indo se jogar direto no sofá, o jetlag estava massivo e sua mente estava exausta.
Assim que Lucas ouviu sons vindo da sala foi para lá, cumprimentou Ruggero e Camila, perguntou basicamente sobre a viagem e explicou:
- Diego marcou a reunião para sexta as 15:00, Caro e Mau vão estar remotamente, mas não quero ser omisso amigo, Diego não estava com um tom muito animado... creio que é só uma pista.
- Que seja uma pista, já é alguma coisa, melhor do que só saber como estava vestida e o sentido que o carro foi e nada mais. - disse Rugge.
- Agora é bom você descansar... - sugeriu Camila.
- Meu corpo descansa, mas minha mente não para, preciso encontra-lá...- deixou claro Ruggero.
- Não sei se vale a pena o esforço que você está fazendo, ela deve ter seus motivos para ter fugido. - disse Camila.
- Certamente, mas eu vou percorrer cada canto desse planeta até encontrá-la, nem que seja a última coisa que eu faça. - concluiu Ruggero se levantando e subindo as escadas rumo ao seu quarto.