Capítulo 4: Parte 1: sábado tedioso

1.5K 203 8
                                    


Para essa primeira parte recomendamos que você ouça Vigilante Shit - Taylor Swift 

Freen

Acordo no sábado com tanta preguiça que não tenho vontade nenhuma de sair da cama, mas me levanto praticamente arrastada. Tomo um banho rápido, de chuveiro mesmo. Tenho duas entrevistas para hoje, inclusive em uma delas, tenho também fotos para uma revista. Tomo café e saio, tudo muito rápido. Entro no carro, coloco uma música animada, para ver se consigo melhorar meu humor, preciso estar sorrindo quando chegar lá.

Fiquei pensando, essa noite quase toda, dormi pouco, às vezes sinto um vazio dentro de mim, como se todas as minhas realizações não fizessem sentido. Talvez não façam. A música toda e cada batida toca em meu juízo. Não sei se é tão simples entender. Mas as coisas às vezes parecem não fazer sentido. Lembro de quando eu lutava para chegar onde estou. E agora, essa noite, fiquei pensando se tudo vale a pena. Se o que estou prestes a fazer faz algum sentido? Sentido, sentido. Desde que vi ela naquela sala, parece que tudo se foi, nada mais parece ter importância. "Se concentre Freen. Se concentre".

Assim que chego ao local onde terei as duas entrevistas, estaciono meu carro, olho no espelho retrovisor e largo o meu melhor sorriso. Estas entrevistas são essenciais para o momento. Preciso parecer o melhor possível. Ou seja, eu mesma. "Sim, ok. Estou bem". É o que penso sobre mim mesma. O sorriso quase se vai em seguida. Mas uma mulher alta e magra se aproxima do carro, preciso mantê-lo.

Não tenho tempo para me concentrar de verdade. Saio do carro e a sigo. O prédio é um ponto comercial que alocam para empresas. Entramos nele, não são nem oito horas da manhã. Só consigo sair quase às dezesseis horas. Sinto meu rosto doer de tanto sorrir. Tiramos mais de duzentas fotos, quase cinco horas de entrevistas. Sessenta poses diferentes. Tanto veste e tira roupa. Nem sei. Eu não gostei da maioria, mas as revistas parecem estar contentes.

Estou com fome, passo em um restaurante que sempre vou, sei que lá ainda tem almoço. Como rápido, preciso descansar, depois vou para casa. Resolvo dormir. Fecho as cortinas do quarto, deito sobre o lençol branco, gosto de combinações monocromáticas, meus lençóis, fronhas e forros de cama são brancos, todos eles. Gosto de tulipa também, além de lindas tem um cheiro doce. Principalmente as brancas, tenho algumas desenhadas na cabeceira da cama.

Gosto de ouvir música antes de dormir. Me acalma. Fico um tempo deitada olhando para o teto. Até que adormeço. Acordo tempo depois, já são quase vinte horas. Fico ainda deitada, observando o escuro, fecho os olhos e imagino um outro lugar, um outro tempo. A escola, eu sendo Rebecca Armstrong. Agora sei o sobrenome dela. Será que é por isso que ela sempre foi assim? Metida? Arrogante? O pai dela era dono de quase toda a escola também.

Afinal, por qual motivo eu penso tanto nela? Eu não a superei? Não esqueci o que ela significa para mim? Óbvio, mas é muita coincidência. Será que ela realmente se esqueceu de mim o quanto parece? Será que fui assim tão insignificante para ela? Fico um tempo ali, pensando sobre a vida, sobre Rebecca. Até que decido que hoje vou sair. Pego o telefone e mando algumas mensagens, para amigos, decido ir a uma boate, já reservo minha entrada vip. Talvez seja isso que preciso, extravasar, dançar, suar, cantar, sair de órbita.

Fico indecisa entre me vestir mais casual, ou arrasar. Após experimentar dezenas de roupas, me olho no espelho e me sinto bem, é assim que eu vou com uma roupa toda branca. Eu gosto de me vestir para mim. Confio no meu olhar, confio em quem eu sou. Gosto de sair de casa sabendo do que sou capaz. Gosto de acreditar que meus objetivos podem ser alcançados.

A campainha do apartamento toca, hoje irei no carro com meus amigos, pois pretendo beber, atendo o interfone, e são eles Chanya e Tips. Me olho no espelho e me sinto bem. De verdade. Saio do apartamento e desço para a frente do prédio. Os dois estão do lado de fora do carro, quando me veem fazem caras e bocas, correm para me abraçar. Chanya tira do carro uma câmera e me pede uma pose, eu faço, então ela tira uma foto e diz:

- Por que você faz isso Freen?

- Faço o que?

- Questão de se arrumar para sair com a gente? Isso é covardia, você está deslumbrante.

- Eu não me arrumo para ninguém, nem para os meus amigos, eu me visto para mim mesma.

- Pois continue, pois está linda.

Responde Tips. Eu olho para ele sorrindo, caminho até o carro e sento no banco da frente. Tips reclama, balançando a cabeça, os cabelos louros balançam, ele também abre uma porta e se senta no banco de trás. Chanya entra no carro e coloca o sinto de segurança.

- Bora?

Ela pergunta.

- Bora.

Tips e eu respondemos em coro. Assim que o carro acelera, eu recebo uma mensagem de Tips, com a foto que acabou de tirar, já editada. Como ele faz isso? Faço o download e abro. Eu gostei. Então eu resolvo postar.

 Então eu resolvo postar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
The laws of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora