Cap 7: Parte 1: Patos

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Teremos duas músicas nessa primeira parte. Recomendamos para esse primeiro momento a música "Getaway car" da Taylor Swift. 

Freen

Passei o dia todo com tanto trabalho que mal consegui comer, eram mais de vinte e uma horas e eu estava morrendo de fome e de cansaço. Olhei pela vidraça da sala, estava tudo escuro, até Mirtes já foi embora. No máximo, estava Hanna aguardando o segurança informar da minha saída.

Me levantei, coloquei algumas coisas na bolsa e estava me dirigindo a saída, quando vi um envelope sobre a mesa. "Nossa quase me esqueço". Pego-o e decido que vou levar a recepção e deixá-lo com Hanna, para que busquem amanhã. Pois chegarei um pouco mais tarde.

Apago as luzes e vou até o elevador, aciono o botão, ele abre rapidamente, é ótimo ter um elevador só para mim. Desço distraída, utilizando o celular. Vejo uma mensagem do Seng, de nove horas da manhã. Ele está me avisando que a senhorita Armstrong está na empresa. Droga, essa mulher é um pé no saco.

O elevador apita indicando que cheguei ao andar correto, as portas se abrem e eu saio. Sei que tem alguém na recepção, pois estou ouvindo vozes. E lá está ela a praga do meu sapato, há anos. Como pode alguém te perseguir tanto? Será que o universo quer me ensinar uma lição? Só pode. Mas se for isso, ele poderia ser mais claro, pois pelo amor de Deus, tá complicado.

Olho para ela e depois para Hanna. Indago sobre o que está acontecendo, pois me preocupo com o motivo da senhorita Armstrong estar na empresa até uma hora daquela, porém não posso deixar transparecer isso. Me sinto imbecil. Como se eu ainda estivesse no terceiro ano do ensino médio e a visse entrando pela primeira vez no colégio. A visse sorrindo para mim, me sentindo especial, por enfim ter alguém que me sorria tão lindamente.

No entanto, como um balde de água fria, no outro dia, ela está com os amigos dela, inclusive Seng, e eu sou apenas um artefato de suas artimanhas sociais. Eu sou apenas "ratinho". Me odeio, por me lembrar daquilo, eu deveria mandar ela se ferrar. Eu deveria odiar ela. Mas eu a odeio, certo? Sim, claro que eu a odeio.

Hanna me responde e ela também não sabe o que está ocorrendo. Olho para a outra, sinto que seus olhos irão invadir os meus com raios laser. Resolvo falar diretamente com ela, tento usar um tom de voz neutro. Não quero que ela saiba que me abala de qualquer forma. Eu ainda suponho que ela se lembre de mim e está apenas fingindo que não me conhece.

Ela me conta uma história sobre um motorista que não veio, um celular que descarregou e ter passado o dia na empresa trabalhando. Perco-me um pouco no que ela fala, pois estou olhando para a sua boca mexendo. Capto a mensagem e sem mesmo saber o motivo, decido que vou dar a ela carona até a casa dela. Ela pode ser um monstro, mas eu não deixaria uma mulher ir sozinha para casa a essa hora da noite. Principalmente uma como ela, com essa cara de princesa que perdeu a carruagem.

Respondo Hanna que vou cuidar da situação e depois respondo Rebecca. Quando percebo que ela entendeu o que eu quero, caminho em direção ao estacionamento, ao meu lado vem Hanna. Rebecca não se move. Pergunto a ela se ela não vem. Ela fala umas abobrinhas, essa mulher está me tirando toda a pouca paciência que tenho.

Respiro fundo, caminhamos até o estacionamento, assim que chegamos lá, Hanna entra no carro dela. Eu sigo até o meu. Rebecca fica parada, fala mais abobrinhas. Eu torno a respirar fundo e faço uma brincadeirinha.

- Pode vir, Rebecca, eu não mordo.

É a primeira vez que falo o nome dela, achei estranho dizer em voz alta. Ambas estamos dentro do carro, saímos do estacionamento. Pergunto a ela para onde seguir, ela parece confusa. Explico que quero o endereço dela. Fico chocada em saber que moramos há poucos quarteirões de distância. Fico tentada a perguntar se ela mora com a família, ou sei lá, se ela mora com outra pessoa. Acabo dizendo que se fossemos amigas, poderíamos nos visitar. Para ver se ela diz algo, mas ela fica calada.

The laws of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora