Capítulo 24: Parte 2: The Weapons of Love

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Ouçam a música, é gostosinha. 

A música para este capítulo é: L-O-V-E - Nat King Cole

Freen

Seis meses haviam se passado desde que Becky e eu chegamos ao Brasil e que eu pedi ela em namoro. Estamos bem, nos conhecendo, aprendendo a amar de uma forma diferente, percebendo defeitos reais uma na outra e felizes. Mas ambas estão entediadas em não trabalhar, Rebecca, ou melhor, Sarah me diz todos os dias, que se cansou das férias.

Ela está estudando a língua local e já deu um grande salto, aprendeu muito. Ela tem facilidade total em conhecer novos idiomas, já eu sou um pouco mais lenta. Porém já sei falar o nome de alguns móveis e locais da casa. Sei o nome de algumas comidas e pedir uma ou duas bebidas. Levamos uma vida simples, passamos o dia na casa, ou na praia, estudando, planejando, a noite saímos, para caminhar na praia, ou vamos em algum barzinho local.

Para mim, esta vida é tão boa, há muito eu não me sentia tão em paz, tão bem comigo mesma. Tão amada. Às vezes sinto saudades de meus amigos, de minha família. Mas tenho me adaptado ao lugar. As pessoas, Helena me ajuda com algumas coisas, eu descobri que ela é estudante universitária, trabalha para se sustentar e se manter enquanto estuda. Acho que posso dizer que já somos amigas.

Porém tenho notado Becky cada vez mais distante, acho que ela é o tipo de pessoa que mesmo estando feliz precisa de um propósito profissional, ela ficou muito tempo batalhando em um propósito falho. Fico torcendo para que ela encontre algo que goste de fazer, ou sei lá, fico também com medo. Pois, se ela quiser pode voltar para sua família a qualquer momento, não há nada que a impeça.

Eu preciso falar com ela sobre isso. Se não vou enlouquecer, combinamos há alguns meses que iríamos conversar sobre qualquer medo que tivéssemos. E isso foi sugestão minha, porém agora, sinto medo de tocar no assunto e saber que é verdade. Mas respiro fundo e crio coragem, eu estava caminhando na praia com Helena, ela estava me ensinando sobre algumas coisas da cidade, na língua local, o português. Que língua complicada.

Chego a casa e procuro por Becky, ela está falando com alguém ao telefone, em nossa língua natal. Sinto inveja dela, eu não posso fazer isso. Eu não sabia que ela podia. Sinto que ela me esconde outras coisas. Assim que ela desliga o telefone ela me diz:

- Ricardo está vindo para o Brasil, vai ficar aqui uns dias.

- Você parece feliz com isso.

Apesar de saber que os dois nunca tiveram nada, além da amizade, ele ainda me incomoda, pois sei que se Rebecca quisesse ele jamais a rejeitaria, ao contrário, ele a quer. Por isso nos ajudou tanto. O que mostra que ele tem bom caráter, não posso jogar contra ele. Não faz sentido também, pois sei que Becky me ama. Decidimos nos chamar de Tulip e Sarah, apenas próximo às outras pessoas. Quando estamos sozinhas nos chamamos por nossos nomes, no início foi complicado, mas agora estamos nos dando bem com isso.

- Estou sim. Vou pedir a ele que me ajude a encontrar um trabalho.

- E você já decidiu com o quê quer trabalhar?

- Eu já sei que não posso atuar como advogada, e eu nem quero. Só de pensar tenho pavor. Não há muitas outras coisas que sei fazer. Bem, sei cantar, será que isso serviria?

- Eu acho que sim, você canta bem, apesar de nunca querer cantar para mim. Eu ouço você pela casa, ou no banho.

- Eu tenho vergonha, já disse.

- Mas não precisa ter vergonha de mim. Eu amo você, eu jamais vou te ridicularizar.

- Eu sei disso. Mas é justamente por você me amar tanto que tenho vergonha.

The laws of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora