Capítulo 18: Parte 2: Dias de cão

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Hello meninas! Feliz que continuam lendo e comentando, eu adoro. Obrigada! Eu estou triste com a situação de Freen, eu sei que eu estou escrevendo, mas é inevitável. 
Boa leitura! 

A música de hoje é: Lonely - Justin Bieber

Freen

Eu estava cansada de dar depoimentos, diferente do período em que passei indo ao tribunal com data marcada, aqui sempre havia um depoimento para dar, Ministério Público, Ministério da Educação, tribunais diversos, entre tantas coisas. Não havia um fim para isso tudo. Irin me dizia, aguente firme, falta pouco. Mas depois de um mês nesta sabatina, eu já estava inconformada e tão triste que só fazia chorar.

Eu estava em uma cadeia para mulheres, localizada mais próxima ao Centro. Na cela em que eu ficava haviam mais três outras mulheres, todas já haviam me visto na televisão, eu era uma espécie de celebridade. Eu passava o maior tempo possível na cela, mas quando era convidada para tomar sol ou para alimentar eu era obrigada a sair. Não havia escolha.

Heng e Irin haviam me aconselhado a ficar longe de confusão, isso me ajudaria nas argumentações e na sentença final. Eu fazia o que eu podia ficando na cela, mas vez ou outra, uma ou outra confusão ocorria e era difícil escapar, apesar de não ser um presídio, aquela local temporário, guardava mulheres há muitos anos, muitas sem processo de julgamento. Mulheres que entraram na prisão preventiva e estão aguardando há mais tempo para serem julgadas do que a pena que provavelmente irão receber.

Por este motivo, muitas delas não gostavam de mim, me achavam privilegiada. Mas não só por isso, é claro. Crimes de corrupção na cadeia de mulheres não eram bem vistos. Muitas me achavam uma dondoca sem o que fazer, que por tédio entrei no crime. Outras mulheres me provocavam só por gosto mesmo. Haviam algumas que queriam certas coisas, me cobravam para me proteger, seja das chamadas fanchonas de cela, as lésbicas caminhoneiras que se casavam, ou obrigavam que se casassem com elas. As realmente perigosas, que estavam ali aguardando julgamento por um crime nada aprazível. As dependentes de drogas que em qualquer instante se escravizaram ou te escravizaram para receber droga como pagamento.

Mas havia também as mulheres chamadas surtadas, que andavam sozinhas, não tinham motivos, elas simplesmente queriam ou acabar com sua vida, ou te colocar para trabalhar para elas. E foi uma dessas que eu contratei como minha segurança. Antes conversei com Irin, que me aconselhou a realizar isso. Eu estava com medo, sofria ameaças. A mulher que eu contratei era um verdadeiro armário, altíssima, quase dois metros, havia sido presa por espancamento, estava há seis anos aguardando julgamento e dentro da prisão já tinha se envolvido com diversos outros crimes. Ela era conhecida como Marreta.

Assim que a contratei, ela passou a ser da minha cela, não sei como ocorreu, conversei com ela na hora do almoço, no jantar ela me informou que estaria no meu quarto. Ela não falava nunca, mas ia por onde eu ia, estava sempre à minha espreita, inclusive na hora do banho e de outras necessidades. Eu tinha tanto medo dela. Mas Irin me garantiu que seriaa melhor. As outras duas mulheres de minha cela, eram uma viciada, Cláudia, presa com uma quantidade ínfima de drogas, aguardando julgamento há oito meses. E Janix, também conhecida como a Mãe, Dona de casa de prostuição, presa por espancar um cliente por tentar fazer o que não devia com uma de suas supostas filhas.

A vida ali não era fácil, apesar de não ser uma cadeia de segurança máxima, havia de tudo um pouco, a comida era horrível, o colchão duro, o chuveiro diferente dos filmes era separado por paredes imundas e buracos sem ralos. Os vasos sanitários ficavam dentro das celas, o que deixava tudo ainda pior. Irin me garantiu que após a próxima audiência eu iria para uma cadeia melhor, com mais privilégios. Mas até lá eu precisava aguardar e aguentar com força.

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